terça-feira, 29 de maio de 2018

5 x Second City e O que será que se destina

Sobre a minha experiência nos cinco cursos realizados no Second City de Hollywood. 
Finalizei o programa básico de Impro no Centro de Treinamento: Improv 1, 2 e 3. E também fiz duas Master Classes em Long Form. Aulas pagas com o financiamento do FAC, Fundo de Apoio à Cultura do DF. Os realtos dos exercícios e observações de cada um estão entre as postagens de março e maio do blog.



Sobre O Programa de Impro

Se eu pudesse resumir o caminho do programa seria algo como: Das bases/regras/leis/princípios (como queira chamar) da Impro em Improv 1, passando pelo desenvolvimento de personagens em Improv 2, chegando a uma imersão maior no trabalho de cena em Improv 3.

Os cursos "regulares" duram 7 semanas, com uma aula por semana de 3h30min cada, tendo uma carga horária aproximada de 24 horas,. Eu realizei o Improv 1 e 2 no formato intensivo: 3 dias seguidos (sexta, sábado e domingo) com 8 horas de aula, mantendo a perspectiva da carga horária. E fiz o Improv 3 no formato Express: 7 encontros de 3h30min cada, porém 2 vezes na semana, totalizando assim 3 semanas e meia de curso. 

Tive "sorte" (se é que isso existe) em ter turmas muito comprometidas e interessadas, além de professores (Rich Baker e Tim Stoltemberg) também muito empenhados em desenvolver ao máximo o nosso potencial em sala de aula.

Foi uma jornada intensa e acredito que o programa desperte e dê base de treinamento a quem quer entender a técnica, forma teatral e começar a traçar caminhos criativos por meio do improviso. Não, não é suficiente, porquê na verdade, nenhum curso é suficiente sozinho, requer a prática constante do que se aprende. Mas vejo eprfeitamente que saimos "equipados".

Não, o Brasil não deixa nada a desejar em conhecimento. Não posso dizer que aprendi ferramentas "novas". Mas sim, outras formas de usa-las ou de abordá-las. E por estar aqui dedicada à prática e estudo de Impro, tive o proveito da constância, da frequência. 

Para o Centro de Treinamento Second City, o Programa Básico de Impro é o passo inicial. A próxima etapa é o Conservatório que em 5 módulos, vincula a Impro com a escrita e criação de esquetes cômicas. Tudo sempre muito aliado com a apresentação diante de plateia e troca em laboratórios com outras turmas. 

Aliás, vamos falar rapidamente sobre a apresentação de Improv 3 que ocorreu no sábado dia 26/05/2018! Íamos dividir 1 hora de palco com COM 5, mas elas/es cancelaram. O que para nós foi ótimo porque nossa turma era grande. Fizemos o roteiro de jogos conforme definimos na última aula. Nosso aqueicmento foi bom, conectamos bem umas/ns com as/os outras/os. E a apresentação foi boa. De coração, foi boa mesmo, mas não tão boa quanto atingimos em sala de aula ou no próprio aqueicmento. O fator apresentaçao/publico de certa forma (ou forma certa/certeira) afetou nossa conexão e escuta em cena. Não foi ruim, longe disso, mas não foi tão forte como somos juntas/os. Daí a improtância da prática de apresentação também.

Há também uma obrigatoriedade de se assistir a ao menos 3 espetáculos de Impro do Second City durante cada curso (os intensivos não tem essa obrigatoriedade pelo entendimento da realidade de alunos que viajam até lá só para realizar os cursos num final de semana). O incentivo ao aprendizado por apreciação e conhecimento da/o aluna/o do estilo do Second City.


Sobre As Master Classes: Long Form


As Master Classes que frenquentei foram: La Ronde & The Party: Character &Relationship in Longform; e I Love Improv.


Enquanto o programa básico de Improv tem uma metodologia passo a passo, de entendimento do micro para o macro da cena improvisada: princípios, personagens e cena, as Master Classes trabalham especificidades para quem já entendeu na prática (ou está descobrindo) que regras são mais guias que nos nivelam em entendimento, do que formas absolutas de jogar. Que elas vão mudando, se adaptando de acordo com a força e verdade da conexão entre quem joga.

As aulas das Master Classes foram exelentes espaços para trocar improvisadoras e improvisadores. Gente que já questiona as regras como limites e as desenvolve, ou procura desenvolver, como trampolins. Professoras/es que tem espaço para discussões sobre Impro além dos exercícios. Não quero dizer que os professores que tive em Improv 1, 2 e 3 não tenham aberto discussões interessantes, porém nas Master Classes, as questões estão além de conceitos, tem haver com a experiências, boas e ruins de cada estudante com a Impro.

Estas Master Classes foram igualmente de 4 encontros, uma vez por semana, 3 horas cada, num total de 12 horas por cada curso. Conheci o improvisador Craig Cackowski, professor de La Rounde & The Party, alguém que tem uma estrada longa e forte, principalmente no quesito personagem. É um nome daqueles monstros por aqui, e avantagem de eu não saber disso antes foi a vantagem de não saber disso e não ligar para isso. As aulas tinham por base os formatos de Longform La Ronde e A Festa no propósito de desenvolvermos personagens. 4 aulas e o que fica para mim com intensidade é formar a figura, o colorir a imagem: person-im-agem ou "persona in imagem". Elocubrando também este conceito na Impro, a possibilidade ou impossibilidade disso, de haver personagem. Esse conceito. Que conceito?
Trazer uma especificidade que aprofunda e me conheço. Ela vem de mim e a partir de mim, a partir: parte de mim. Eu vou levar à cena algo meu mesmo que não pareça meu.
Com Holly Laurent em I Love Improv, encontrei um olhar parceiro, uma vontade em comum de fazer a Impro abraçar  a vida, poesia, me tornar uma pessoa melhor sendo mais feliz ao respeitar o outro pelo respeito a mim. Camadas e celebrações. Por que fazer Impro? Por que desse jeito? Como se ouvir? Ouvir o você esquisito interior. Palavras de poder: vunerabilidade e escuta.

Gostaria imensamente que os cronogramas e calendários se conicidissem para novas Master Classes. Acredito que passar pelo programa básico foi empoderador para mim, me trouxe firmeza e gerou uma boa devolução de relatos e treino. Básico é básico. As Master Classes, por sua vez, me instigaram no lugar da investigação além do treino: Que Impro fazemos hoje? Por que? Como me sinto e me encontro nela?


Sobre O Que Assisti

Entre espetáculos no Second City, UCB e Groundling em Hollywood, vejo estilos diferentes, talvez um enfoque mais na estrutura, outro nas relações, outro no ritmo. 
Ver um publico cativo, teatro/palcos pensados para Impro, um vocabulário de códigos de jogos bem estruturado, foi realmente impressionante. Os caminhos da arte serão sempre de resistência, trazendo aqui um pouco de Anne Bogart e Augusto Boal (e talvez outros autores que ecoam por aí). Mas ver que há um espaço já cavado para Impro por aqui é acalentador.
Ao mesmo tempo que este espaço cavado talvez traga uma comodidade, uma fórmula exata que, por mais que seja Impro (ou seja, sempre improvisado), é um tanto mais do mesmo.
Questiono as escolhas estéticas como os figurinos. Aqui fica-se muito a cargo de cada um/a por si e isso transparece no palco onde todas/os estão juntas/os. Digo isso não porque acredite que seja necessário de desenhar um figurino para cada espetáculo, pode ser algo escolhido no dia no sue guarda-roupa, e, ok, pode não ter nenhum acordo prévio sobre isso (como cores ou estilos), porque é Impro até nisso. Mas que seja Impro e não se ignore em cena as infromações que o seu figurino e das/os outras/os trazem. Se todo o elenco está de roupa escura e temos uma única pessoa de roupa clara, convenhamos: isso traz significado: use-o, expanda-o, diga "SIM, E...". O mesmo eu digo para luz, "cenário", som, enfim. Parece que há um formato padrão, uma convenção e está pronto.
Que haja exeções, eu não vi tudo por aqui, hein? Mas vi muita coisa, então há um modelo engessado em pelo menos parte da Impro.

Por aqui também, e volto a dizer que não vi tudo, há o grande comprometimento com a comédia. Impro é comédia. Fica difícil dissociar. Se eu trouxer meu espetáculo para cá ele não for cômico no dia, vai rolar frustação da plateia talvez (porque pode não frustar e porque pode ser que seja cômico naquele dia). A divulgação seria difícil se fosse desvincular de comédia. O que é engraçado (não usando a palavra à toa) porque todas/os as/os professoas/es que tive aqui falavam de comédia como consequência e não finalidade.

Sobre A Improvisadora Aqui

Eu não sou uma idiota. Na minha trajetória de poucos cursos de Impro e tentativas vindas das leituras, vídeos, e experimentações, eu "captei" as questões principais da Impro da literatura e que se faz por aqui antes de vir. Ao mesmo tempo que não me encaixo muito no que se faz aqui, ou me sinta assim. 
Nunca me achei a engraçada... Minhas/Meus alunas/os sabem muito bem disso. Mas aqui estou sendo chamada de "funny". Mas me encontro mais na "fun", na diversão.
Fecho este ciclo de cursos que ainda reverbera sem saber o que virá, construindo tijolo por tijolo essa narrativa, bem Impro mesmo. Mas encontrando em mim muita curiosidade de saber mais daqui e ir além daqui. Quem sabe estas viagens que começam hoje, 29 de maio de 2018, já me apontem novas direções.
Percebo que o trabalho que desenvolvo como improvisadora não é novo, é outro. E talvez não se encaixe ou tenha espaço nessa Impro daqui. Talvez tenha. Talvez. A gente se encontra num desses talez no futuro e conversa mais.


Sobre O Que Há Por Vir

Documentário já sendo realizado. Qualidade de luz e som meio duvidosos nas primeiras entrevistas, ngócio de pegar no tranco para aprender. E aí, uma super ajuda da amiga atriz brasileira Anna Salles! Mas o conteúdo está bacana demais! Talvez até gere uma série de documentários e não apenas um. Será? Haja tempo nesse não financiamento.
Estou hoje embarcando rumo à Bogotá, Colômbia, com uma conexão de 9 horas na Cidade do México. Então agendei umas três entrevistas mexicanas nesse meio tempo. Em Bogotá vou encontrar com o parceiro e amigo ator Alexandre Heládio apra as entrevistas no IX DIPLOMADO DE IMPROVISACIÓN TEATRAL, ênfase em LongForm, que acontece em Bogotá desde abril. Entre professoras/es tem gente do Japão, Israel, França, Colômbia e mais uma galera boa latina fazendo aula. A ida do Alexandre é fundamental porque ele vai conseguir pegar depoimentos de pessoas disponíveis depois do dia 02 de junho, quando eu deixo Bogotá para voltar a Los Angeles, trocar de mala e seguir para Grécia. Essa viagem para Bogotá, minha e do Alexandre, só está acontecendo por conta daquela Vakinha que abrimos pela internet que pagou quase metade dos nossos gastos.
Dia 05 de junho começa o festival Internacional de Impro Mount Olymprov. Passagens pagas com o financiamento do FAC, Fundo de Apoio à Cultura do DF. Além da programação de espetáculos, filmagem de entrevistas para o documentário, também vou fazer alguns workshops (Aí saiu do meu bolso mesmo).

Continuarei o compartilhamento das experiências aqui. Mas o trabalho agora é intenso, por isso é be  provável que reduza as publicações a uma vez por semana. Mas, pode deixar, vou compartilhar tudo que for possível.

E qualquer pergunta, dúvida ou dica, manda nos comentários.

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