quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Não esteja preparada!

O Impro ou Improv, Teatro de Improviso, é uma forma de arte que aos poucos se populariza no Brasil. Com isso, ela também se abre para uma pesquisa mais profunda de artistas nacionais, o intercâmbio com internacionais, e o desenvolvimento da “pegada” brasileira.

Durante minha pesquisa de Mestrado na Universidade de Uberlândia (UFU/MG), quis olhar para estes espetáculos que tem histórias e personagens criadas com e diante do público. Como treinar uma atriz para isso? Tive grande dificuldade de colher material em português específico sobre o Impro. Sobre improvisação, sim, temos livros, artigos, etc. Mas sobre o Impro mesmo... a maior contribuição foi da pesquisa acadêmica de Vera Achatkin. Bom, de 2013 para cá isso já tem mudado. Já achamos alguns TCCs e artigos. Tem o livro da Mariana Muniz, “Improvisação como Espetáculo: Processo de Criação e Metodologias de Treinamento do Ator-Improvisador”. Vídeos (em português ou legendados em português) continuam escassos e focados em massa no short form (formato curto). Por que sim, há variações. No momento me encontro curiosa quanto ao long form (formato longo), em que uma mesma improvisação se sustenta por mais que 10min a... talvez horas.

Ao descobrir o Impro entendi muitas questões minhas como atriz. Uma delas que eu observo extremamente em estudantes e artistas profissionais: não aprendemos a improvisar. Somos jogados e não jogamos. Fazemos qualquer coisa, resolvemos problemas e queremos nos livrar, ao invés de ouvir, estar presente e jogar.  O treinamento em Impro é uma porta riquíssima que avança a formação de improvisadoras e improvisadores. Permite o treinamento do que faz o teatro mais teatro: “estar presente no presente da ação”, como me lembra sempre a atriz e amiga Adriana Lodi.

Por isso continuei a pesquisar e a experimentar. Graças aos esforços de mãe e pai, pude ter acesso em inglês a material específico em Impro, bibliográfico, audiovisual e cursos. Grupos de Pesquisa foram abertos, fechados e persistidos. Persisto.

Com o fomento do FAC, Fundo de Apoio à Cultura, Secretaria de Cultura do Distrito Federal, e com recursos próprios e grande amizades, começo essa nova jornada. Contemplada pelo edital de 2016, Áreas Culturais - Teatro - Pesquisa Cultural, realizarei uma série de atividades a fim de gerar material acessível sobre Impro em português, em projeto intitulado “Visando Impro”:

1) Cursarei ao menos 5 cursos de Impro fora do Brasil... este itinerário está em aberto ainda. A divulgação da oferta ainda não se abriu toda ao ano. Mas começaremos por Los Angeles, no centro de treinamento Second City (www.secondcity.com)
2) Irei a um Festival de Impro fora do Brasil. 
3) Cursarei ao menos 1 curso de Impro no Brasil com um olhar mais avançado. 
4) Irei a um Festival de Impro no Brasil.

Essas vivências intercaladas com leituras, relatos e reflexões serão registradas neste diário de bordo virtual. Ao final, formatadas em um artigo.

Vai rolar também um documentário caseiro de entrevistas colhidas por estas andanças (a ser disponibilizado na internet com legenda em português).

E por que “sim, e...”, realizarei duas palestras a serem transmitidas ao vivo pela internet sobre Impro (disponibilizadas posteriormente na internet com legenda em português).

Para quem já quiser me conhecer um pouquinho e sobre o Impro também, minha dissertação de mestrado “IMPRO Visa AÇÃO: Uma Porposta de Treinamento para Teatro de Improviso” está disponível on-line pelo link: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/12320/1/Luana%20Maftoum.pdf
Dá uma olhada na bibliografia!

Então, vamos, não é? Esperando o que nos espera! 
Está preparada?
Eu não!

“Don’t be prepared.” (“Não esteja preparada/o”) 
Keith Johnstone (um dos maiores nomes e autores do Impro)