sexta-feira, 1 de junho de 2018

Um Trem Chamado Impro - escutando umas aulinhas na Colômbia

Viajando de avião, metrô, e... Trem! Chegamos eu e Alexandre Heládio na Colômbia para colher entrevistas para o Documentário... ou série de documentários... ou... sei lá... o negócio está crescendo. No caminho para cá, eu passei no México e fui recebida na Casa do Humor para algumas entrevistas, tacos e cerveja na conexão de 9 horas na Cidade do México.

E aqui em Bogotá, assisti um pedacinho de uma das aulas da Maestra japonesa Yuri Kinugawa no IX Diplomado de Improvisação Teatral (Ênfase Long Form). E no observar (e vontade imensa de estar em cena) "apreendi" um formato exercitado pela turma (que por sua vez foi "apreendido" de outro alguém, talvez do Canadá, talvez da Bélgica... a gente se perde nas traduções... e assim se segue este passa-passa de conhecimentos).

O TREM (nomes não importam porque não são os "verdadeiros")



Este é um formato por associações. Como vagões de trem, um momento é ligado ao outro por alguma associações de algo do momento anterior. Pode-se associar com qualquer coisa de qualquer ponto do momento anterior, seja um som, gesto, fala, palavra do início, meio ou final. Os "momentos" podem ser:

MONÓLOGO: 1 pessoa fala diretamente ao publico. É pessoal. Para este formato: sem personagem. 
CENA: desenvolvimento de personagem, lugar, situação, etc.
MOVIMENTO: movimentações abstratas. Não importa a quantidade de pessoas.


Não há uma ordem e nem uma duração estipulada para cenas, monólogos ou movimentações. O "tamanho" do vagão, ou seja, de cada momento, é diferente. Só precisam ser bem definidas para não se confunidrem umas com as outras. 


Pega-se com o publico um título para a improvisação. Assim o primeiro momento será inspirado no título (e pode ser monólogo, movimento ou cena, tanto faz, não há ordem). O segundo momento (que pode ser cena, movimento ou monólogo, tanto faz...) vem inspirado no momento anterior e não no título. é sempre uma associação, uma inspiração do que veio antes.


Quem fez parte do momento anterior não participa do próximo momento. Isso cria uma divisão evidente dos vagões/momentos e permite a participação de todas/os. Por exemplo: Se (A) fez um monólogo, e (B) e (C) entram fazendo uma movimentação inspirada no monólogo de (A), (A) pode até usar a movimentação para fluir sua saída, mas sai, pois não stá no próximo momento. E (B) e (C) não estarão no próximo momento que é um monólogo de (D) inspirado na movimentação de (B) e (C). (D) não estará na cena seguinte inspirada em seu monólogo e realizada por (A) e (B)...


Buscar com os momentos a variedade: gêneros, espaços, quantidade de pessoas, duração, etc. (lembrei aqui do exercício de  YING YANG com Holly Laurent no curso I LOVE IMPROV no Second City. Vide publicação do dia 12/04/2018: Construindo as tensões - I LOVE IMPROV - Dia 2 de 4)

Como a caminhar pelo trem, os momentos são sempre novos vagões, nunca voltam. Por exemplo, uma cena é completa em si, não iremos ter uma aprte dela, depois um monólogo, e a continuação da cena depois. Ela não voltará. Assim como o monólogo ou uma movimentação.

Porém. quando o trem pára, quando as criações de novas cenas páram, todas as portas dos vagões se abrem e todas/os descem do trem. Então, neste formato, quando se chega ao final, tudo que foi feito volta. E aí sim, cenas podem ter continuidade, ou também só serem lembradas ou referênciadas. Um monólogo pode ter um fechamento ou um gancho com o título da improvisação. Esta volta de tudo, pode ser uma coisa de cada vez, como uma descidatranquila do trem, ou ter/ser caótica com mistura de momentos.

Defini-se anteriormente a duracão da improvisação para se definir quando o final começará. Exemplo: 1 hora de improvisação, começando às 19h. Então às 19h50 começará a ser criado o final.


O Diplomado de Improvisação Teatral realmente é um projeto riquíssimo para o estudo e investigação teatral em si. Em improvisação, obviamente, mas no questionar-se sobre o que e como estamos fazendo e percebendo o que fazemos em teatro. Com o intercâmbio do que se está percebendo e fazendo por aí, esse trem Mundo. Que o documentário traga essa vibração "intercambiar" do Diplomado.

Vontade bem grande de estar no próximo... Para quem tem interesse é sempre entre o período de abril e junho com professoras/es daqui e de fora, cada ano com ênfase em algum tema. E aqui estou, na vontade de participar algumas vezes, vibrando que se expande, contamine outros países e nos aprofundemos em pesquisa e Impro.

Este trem está me levando para lugares e questionamentos que me parecem naturais, amigos antigos, mas que se conectam e se mostram à luz pela primeira vez. Amanhã já deixo Bogotá na madrugada. Alexandre Heládio fca aqui para colher mais entrevistas. Eu volto a Los Angeles para trocar de malas e partir para o festival Mount Olymprov na Grécia! Tentarei relatar o mais constante possível sobre os workshops, as questões estéticas e de estrutura dos espetáculos e demais experiências improváveis do Festival. Mas paciência... respire e suba no trem aproveitando os meus minutos de silênio também!

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