quinta-feira, 5 de abril de 2018

I LOVE IMPROV WITH HOLLY LAURENT - Dia 1 de 4


I LOVE IMPROV WITH HOLLY LAURENT 
(EU AMO IMPROV COM HOLLY LAURENT)



(Imagem retirada do site do Second City)


Começo observando que a Master Class em longform I LOVE IMPROV é um nome providencial para a aula. HOLLY LAURENT traz paixão para o que faz, sem ser aquela intensidade que assusta, mas que convida a se juntar a ela, e tem o objetivo de restaurar ou fortalecer o amor por se jogar e por fazer Improv naquelas/es que já o fazem.


DIA 1
04/04/2018 (quarta-feira), The Second City Hollywood, Sala F, 19h daqui (23h no Brasil). Professora Holly Laurent

Não deu para anotar tudo, nunca dá, mas aqui não deu mesmo, por mais que eu quisesse e até tivesse o "tempo", não ueria perder "tempo" anotando. Registrar para depois fica difícil quando se está tão afim de curtir o agora. E no final das contas, o que foi dito, por mais bonito e importante que se tenha sido, só ganha real significado na experi6encia de se estar. Mas na melhor tentativa de resgatar a memória para mim, compartilho aqui o que foi feito pela minha perspectiva.

Exercício #1: Roda

Para mim é exercício e faz parte da aula, porque ali já se começou a exercitar a ESCUTA. Holly se apresentou e perguntou se, por ser uma turma avançada, havia alguma questão específica que queríamos trabalhar, porque ela faria questão de nos dar feedbacks diretos sobre tais pontos. Entre as/os alunas/os, acredito que éramos 15, duas pessoas que fizeram a Master Class anterior comigo, outras duas pessoas que vi nas apresentações dos times de longform no último sábado e uma porção de gente que não fazia ideia. 

Questão levantadas pela turma: 
- Reações mais verdadeiras
- Estar mais presente, não pensar tanto no que tenho que fazer 
- Dar maior suporte a/o outra/o
- Me arriscar mais

Comentários:
- Demora uns 5 anos fazendo para você começar a ouvir a sua própria voz como improvisador/a. O publico é o melhor professor. Quando você pára de ouvir as/os outras/os na sua cabeça e descobrir a sua voz e o quem ela é, você é, o seu jeuto de improvisar. Aí tudo fica mais fácil.
- Tudo isso está na ESCUTA, em realmente escutar e não pensar no que fazer, escutar e responder
- Não se chama "play" à toa. Play: peça, jogar, brincar.
- Sejam livres para não serem espertas/os, engraçadas/os ou rápidas/os.
- Esqueçam aquelas regrinhas, o que eu tenho que definir de início, etc.

Exercício #2: Matching Energy (Combinando Energias - Mesma Energia)

Duas filas, uma de cada lado. Entra uma pessoa da fila da direita com uma energia e a da esquerda entra com a mesma energia. Desenvolvem a cena até a/o condutor/a definir (editar).

Comentários:
- Holly nos convidou a fazer isso sempre, porque é um acordo, uma aceitação instantânea entre as partes. Dá suporte. Não é preguiçoso, não é "trair" ou "roubar" no jogo, é concordar. E além disso, aumenta sua variedade de opções ("range") porque você faz algo que não veio de você, do que você conhece.
- Ao combinar na mesma energia, muitos dos problemas saem do caminho, você se joga sem saber das "coisas da cena" porque você está começando por dar suporte a uma energia, a/o outra/o.
- Pensar a Impro como um relacionamento, você com ela. Os "conselhos" que não lhe ajudam, lhe trazem problemas para a relação, não use, e invista no que lhe ajuda. Assim, acha a sua voz.
- Acredito que Holly esteja colocando isso tudo justamente porque a turma já vem com treinamento, com muitas regras do que fazer e não fazer na cabeça. Já se pode peneirar e se ouvir e aí, muitas dessas "regras" não vão fazer sentido (como o último comentário que anotei). O que não quer dizer que não sejam bons apontamentos, ou que sejam maus "conselhos", mas os pesos mudam. Eu adoro combinar energias, mas acredito que também é preciso ESCUTAR o momento, cena. Se usar este convite da Holly de usar sempre a mesma energia da/o outra/o, como a chave, a saída, etc., isso vai virar uma regra obsoleta como as outras. Que elas estejam vivas também.

Exercício #3: Ritmo e Respiro 

Duas filas, uma de cada lado. Uma pessoa entra, a outra percebe o ritmo e respiro da primeira e entra. Só falam depois que, ouvindo o seu ritmo e respiração, já se entenderam/perceberam na cena. (não no sentido de "definir", mas de se compreender, escutar e ver)

Comentários:
- Tome o seu tempo
- Vocês enchergam o que primeiro? O espaço, a/o outra/o? Percebam como o cérebro de vocês funciona.
- Paciência é curiosidade ativa
- Usamos a combinação de energias para "entender" a/o outra/o
- Tempo, respiração, jo-ha-kyu... vida

Exercício #4: Edição Afiada

Oito pessoas (metade da turma, no caso), duas pessoas começam em cena e as/os demais nas filas laterais. O objetivo é perceber os pontos em que a cena pode ser editada e editar. Como exercício: editar no primeiro ponto que perceber. Quem editou não precisa ficar para começar uma nova cena. São sempre cenas de 2 pessoas como princípio e não como regra, se uma terceira se fizer necessária, ok.

Comentários:
- Holly começou a "explicação" do exercício com as perguntas: "Quando editamos uma cena?" As respostas (todas certas, percebe?) vieram como: quando a cena chega no ápice, quando tiver um punch line, quando você pensar "nada pode ser mais engraçado", quando a cena precisar como um resgate, quando a cena pedir. Holly acentuou que tudo isso exige: escuta. Outra pergunta foi: "Como editamos?". Respostas: TAGs, SWEEP, PROP (quando se pega um objeto imaginário da cena para começar outra, ex.: duas pessoas estão bebendo e eu entro editando pegando o copo de alguém e iniciando nova cena), NARRAÇÃO, e SELF EDITING (editação por quem está em cena), etc.
- Edição é confiança
- Escuta
- Se se viu em cena sem saber o que fazer, editou sem ter pensado antes no que fazer, ótimo: é impro
- Perceber o ritmo e respiro tira aquela coisa de ficar sinalizando quem entra com você (isso é escrita, papel de escritor/a)
- Postura nas filas de esporte, escuta, prontidão: a edição pode acontecer a qualquer momento
- Não sejam "educadas/os", não se preocupem se a cena ainda não se desenvolvem ou sequer se suas/eus colegas já falaram ou não, como exercício: percebam o ponto de edição da cena, o primeiro que aparece: onde ela pode acabar. Por que em longform você pode voltar à cena quando quiser.
- Boas edições levantam o ritmo, a dinâmica. Quando a coisa está ruim, tendemos a recuar. Tem que ser o contrário, as edições tem que estar mais afiadas.
- Quando a edição acontecer, não precisa cortar a fala, pode fazer um "fade out", por exemplo, finalizar uma ação. Faça o/a editor/a ter razão. Dê suporte.
- Existem os bullys, valentões/onas, que vão sacanear, mas o espiríto é o de jogo: joga com isso, receba a edição como qualquer outra proposta, dê suporte a/o colega que editou e... adicione. Não dá para controlar a parceria, o publico, só sua reação a isso: viemos jogar! - Eu nem ia escrever este último comentário do exercício porque eu acho óbvio. Mas não é, né? Este espírito de jogo (esperança é uma palavra que vem de "espiírito"?) nasce na confiança, na certeza que todas/os estamos aqui para fazer bem e o bem. Arriscado... e necessário, principalmente quando alguém não está neste espírito.

Exercício #5: Sonhos

Uma pessoa pensa em algo que gosta muito, que lhe faz bem e entra em cena e traz essa "vida" (isso já traz uma energia). A/o parceira/o entra (podendo corresponder a energia para encontrar este "ambiente") e a cena começa, e então a primeira pessoa expõe este "sonho", essa ideia que teve inciamente, e que ambas/os estão vivendo.

Comentários:
- O que faz você estar vivo? Traga para o palco o que ama, o que gosta.
- Sonhos são imagens vívidas, por isso ajudam como exercício a visualizar a cena no invisível e se colocar nela. Há emoção. Isso me lembra o próprio exercício de Keith Johsntone induzindo essa ambiência de sonhos pelos mesmos motivos
- Positividade: as cenas não precisam ter conflitos/problemas para se desenvolverem e envolverem. Tudo é possibilidade. Ex.: A porta da geladeira está aberta. Ao invés de brigar "você deixou a porta da geladeira aberta de novo, vai estragar tudo!", você pode aproveitar a oportunidade e começar uma aventura: "a porta da geladeira está aberta: o que será que tem para comer?"

Exercício #6: Working the Game (Trabalhando o Jogo)

Duas filas nas laterais com a turma toda. Cenas de 2 pessoas pensando em: combinando energia (que tira o trabalho da cena), pegar o ritmo e respiração, "take each other in" ("trazer a/o outra/o para si", algo assim), trazer algo que ama, sonho. Laterias prontas para entrar e editar.

Comentários:
- O exercício é mais para o "side game" ("jogo lateral") do que para "muscles game" ("músculos de jogo")
- Gosto de inverter a lógica do esporte para o jogo em Improv. No basquete: você fica extremamente atenta/o na quadra e com uma prontidão total, no banco de reservas você relaxa. Invertemos para a Improv: nas laterais você está pronta/o para entrar, editar, com atenção total aos detalhes, memorizando e catalogando informações, e na cena você relaxa e joga, se diverte. 

Exercício #7: Roda de Conversa: O que mais gostaram que viram hoje?

Em roda conversamos sobre coisas que aconteceram que gostamos. Não do que foi "aprendido", mas do que vimos. E Holly pontuou porquês e trouxe algumas das suas perspectivas sobre a Improv... com muito amor.

- Apredemos que dizer SIM, E é a base, o fundamento da Improv. Eu descobri que há algo muito mais profundo. (Cita David Pasquesi) A ESCUTA, você só pode dizer "SIM" a algo que você escutou.
- ESCUTAR é diferente de ESPERAR, que seria procurar por uma brecha para falar o que pensou antes. Exercício de um curso de Escuta que aplica: sem que as pessoas na vida real percebam, repitam o que elas falam para você na sua cabeça, as palavras.
- Mais profunda que a ESCUTA é ainda a CONFIANÇA. Confiar em si própria/o para escutar a si mesma/o também. Indicou duas TED TALKS de Brené Brown para a vida e para a Impro: O PODER DA VUNERABILIDADEESCUTANDO A VERGONHA
- Pensa então IMPROV como um planeta e, se lembro direito, o núcleo é a CONFIANÇA, a superfície é a ESCUTA, o que vem por cima que vive na escuta é o SIM, a aceitação e o E, a adição, é o que envolve o planeta, a atmosfera.
- Em "SIM, E" o "E" traz algo seu, te mostra, coloca um pouco de você à mostra. Vunerabilidade. (E tudo haver com o que Keith Johnstone exaustivamente fala em "Impro: Improvisation and the Theatre")

Assim foi uma aula bem intensa. escrevi hoje quase tudo que foi dito de memória, no meu caderno tem uma página e meia escrita. São realmente "impressões", algo que ficou impresso em mim. Não vou tentar fazer com que entendeo como foi reconfortante a aula, porque sentir mesmo, só estando lá. Mas espero que as indicações aqui, quando experimentadas, possam reconfortar também.

Que venham mais três aulas! 

E não esqueçam, a Vakinha para o documentário ainda está rolando, clique aqui para colaborar!

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