quinta-feira, 26 de abril de 2018

Despedidas amorosas - I LOVE IMPROV - Dia 4 de 4

A diretora estadunidense Anne Bogart, em seu artigo "Seis coisas que sei sobre treinamento de atores" (traduzido na revista Urdimento, clique aqui para acessar) e no capítulo "Erotismo" do seu livro "A preparação do Diretor", faz uma anologia do processo de criação e da apresentação de um espetáculo como o processo de se apaixonar. A qualidade de relação que se cria com quem está com você, no palco (fazendo o palco acontecer) e na plateia. Chegamos ao último dia e à despedida desse curso de amor a Impro e o sentimento é de muito afeto, de se sentir muito calorizada (escrevi "errado", aceitei e adorei), valorizada e fortalicida para as novas caminhadas. 

E hoje, uma quinta-feira, 26/04, estamos entre o último dia do curso de ontem e o último dia para contribuir com a Vakinha do documentário, amanhã 27/04. Aqueles R$10,00 seus vão fazer a diferença no todas/os juntas/os: "somos fecha e somos arco, todos nós no mesmo barco não há nada para temer. E no mundo dizem que são tantos Saltimbancos como somos nós!" (música da minha playlist desta manhã com sobrinha e sobrinho). Para colaborar nessa junção de forças, acesse o link: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/visando-impro-rumo-a-colombia




"O amor não existe, o amor faz as coisas existirem" - algo dito em sala de aula de algo que se ouviu num podcast para algo que se fez sentido em nós: o mesmo e aplica em Impro: 
"Estamos fazendo amor!"


I LOVO IMPROV WITH HOLLY LAURENT 
(EU AMO IMPRO COM HOLLY LAURENT)

Dia 4
25/04/2018 (quarta-feira), The Second City Hollywood, Sala F, 19h daqui (23h no Brasil).
Professora: Holly Laurent

Não é sobre o que aconteceu, mas como aconteceu. Sei que pareço entusiasta, iludida e... apaixonada. E, de certa forma estou, pelo fazer, pelo praticar, por estar entre gente que quer fazer isso também. Isso sempre me puxou para perto, vontade de estar à vontade com vontade. Eu me apaixono fácil por vontade de me apaixonar. Segundo Bogart, apaixonar-se é interesse. E isso está relacionado com escuta, atitude, vontade. A terra virginiana grita em mim por razões descobrindo que as raízes dos afetos são razões: queremos estar aqui e faremos isso com afeto, no meu caso, afeto analítico. 


A maioria dos exercícios de hoje, último dia, são basicamente repetições dos dias anteriores de aula, estão sinalizados com *. Para acompanhar descriç!ões e análises evolutivas, busque as outras publicações do blog referentes a esta Master Class:
05/04/2018: "I LOVE IMPROV WITH HOLLY LAURENT - Dia 1 de 4"
12/04/2018: "Construindo as Tensões - I LOVE IMPROV - Dia 2 de 4"
19/04/2018: "Em equilíbrio, as coisas que amamos vão para a cena - I LOVE IMPROV - Dia 3 de 4"

Exercício #1: BOLA DE FITA*

Meta: superar nosso número 29 da úlima aula. Mais ou menos 4 tentativas e chegamos em 31.

Comentários
- Jogos com bola tendem as nos colocar em estado de prontidão. Eu escrevi na minha dissertação de mestrado (acesse aqui) um pouco disso e desenvolvi alguns treinamentos de elenco (como o premiado espetáculo "A Falecida" dos Novos candangos) a partir dessa ideia (que eu robei da minha experiência com esporte, dos ensaios do espetáculo "O Duelo" de Edson Duavy e Willian Lopes, assim como algunas aquecimentos que fazíamos com o Duavy no grupo "Anônimos da Silva").

Exercício #2: POEMA

Holly leu um poema (eu vou pedir para ela por e-mail os poemas, pode deixar!) sobre se permitir surpresas e coisas inimiagináveis, como abrir a porta e encontrar um urso.

Exercício #3: ACORDAR O CORPO*

Esticar, girar, mexer, cuidar. "Seu corpo é ótimo, cuide dele!"

Exercício #4: DE OLHOS FECHADOS: RESPIRAR E OUVIR*

De olhos fechados, escutar a respiração e o ambiente.

Comentários:
- Esse exercício simples de tudo é tão forte para nos trazer ao aqui e agora. eu estava muito dispersa e tensa (fui diringindo pela primeira vez para o curso e fiquei quase uma hora nas vias expressas daqui). Comecei realmente a pousar na sala aqui, quando comeceio a reparar que não conseguia prestara atenção nos sons a minha volta, somente aos da minha cabeça. Aí fui me forçando, respirando e chegando... É, galera, é meditação também.

Exercício #5: ASSOCIAÇÃO DE PLAVARAS ÀS CEGAS*

De olhos fechados e sem ordem, dizer quando vier a você, uma palavra associada à última palavra dita.

Comentários:
 Momento mágico do dia: duas pessoas de olhos fechados disseram juntas a  mesma palavra.

Exercício #6: MUSIQUINHA DE DUAS PALAVRAS*

Exercício #7: SIM, EU TAMBÉM*

Fizemos uma rodada apenas com a frase: "Eu amo..."

Exercício #8: STOP ÀS CEGAS

Também chamado de "Freeze" ("Congela"). Duas pessoas começam uma cena, as outras estão na linha de trás ou nas laterais de costas para a cena (por isso às cegas). Quando percebe o momento de edição, alguém das linhas de fora diz "Stop", ou "Freeze", ou "Congela". A cena pára, imrpovisadoras/es da cena ficam congeladas/os exatamente na posição do momento do comando. Quem falou entra e faz uma "TAG OUT" (dá um tapinha no ombro) de uma das pessoas que sai e a pessoa que entrou toma a exata posição da que saiu, inicialndo uma nova cena a partir das posições em que ambas/os as/os jogadoras/es estão.

Comentários:
- Para fazer render nosso tempo, Holly nos colocou para fazer a TAG OUT das duas pessoas sempre, então sempre que alguém pedia o "Freeze", duas pessoas novas entravam e tomavam o lugar e posições das duas que saiam.
- Os objetivos de fazer às cegas são os de ampliar a escuta; tirar a possibilidade de se pensar antes o que fazer com os gestos (que não é um problema em si, é só um exercício), e assim se colocar "sem ideia" alguma para o jogo: só entrar e jogar.
- Confesso que rolou um "delay" para mim. O visual me ajuda muito a entender o que é dito em inglês. O que ao mesmo tempo, foi ótimo, porque parei mais rápido de "traduzir" e virei a chavinha do "pensar em inglês".

Exercício #9: HISTÓRIA DE UMA PALAVRA

Ou "Uma palavra de cada vez" (lembrando que os exercícios tem muitos nomes mesmo, é um telefone sem fio de passar adiante). Metade da turma em grupo, meio círculo, contamos uma história cada pessoa falando uma palavra de cada vez. O título da história vem da plateia. 

Comentários
- Básico é básico. Conectamos raoidamente emoções, olhares e o desapego das nossas ideias.

Exercício #10: HISTÓRIA CONDUZIDA

Como um coral, a outra metade da turma se posicionou em meio círculo olhando para a professora. Contaram um história (título sugerido pela plateia) em que cada pessoa falava enquanto a professora apontava para ela. Quando trocava de pessoa, esta deveria continuar a história exatamente de onde se parou, mesmo que fosse na mestade de uma palavra.

Comentários
- Extrema conexão e escuta. 

Exercício #11: COMBINANDO ENERGIAS*

A edição ficou nas nossas mãos, procurando como exercício, o primeiro ponto para editar.

Comentários:
- Procurar entrar sem um plano: editar e jogar.
- Por que você se sentre atraído pela Impro? Talvez poruqe você esteja tentando não controlar. Talvez porque você esteja tentando acreditar. Talvez porque você esteja tentando confiar.
- Me lembrei várias vezes na aula do livro "A Arte Cavalheresca do Arqueiro Zen" de Eugen Herrigel (um livro bem pequenininho e fininho). Este foi um dos momentos, tenho este livro para mim como uma analogia do trabalho em arte. Uma das ideias que transponho para o teatro: permitir-se ser canal, como a/o arqueira/o para a flecha: algo atira, não é a vontade da/o arqueira/o em si, o seu estado de presença permite que algo atire. E atenção, uma das questões que mais gosto: atirar não quer dizer acertar o alvo, mesmo que se mire nele. Isso também me remete aos livros do ator Yoshi Oida, tanto em "O Ator Invísivel" e "Um ator Errante" há o argumento de se apntar para a lua: a/o atriz/ator faz um movimento em cena para que o publico veja a lua e não o movimento. Por meio do visível, possa ver o invisível.

Exercício #12: CÚMPLICES

Em dupla, contam uma história à plateia ou vivem um momento de cumplicidade que é relatado à plateia. Personagens que se conhecem bem e que sabem perfeitamente o que aconteceu ou que está acontecendo.

Comentários:
- Quase como se um/a completasse a frase da/o outra/o.
- Uma dica é a de completar uma informação que a/o outra/o acaba de dizer. Ex.: A - Nós fomos para o aeroporto primeiro. B - Por que era o lugar mais afastado que tinhamos que ir do nosso roteiro do dia.
- Acaba acontecendo naturalmente, se houver conexão e escuta, das pessoas dizerem a mesma coisa juntas.

Exercício #13: SALA DE ESPERA

(The Living Room). Tradiconalmente se joga assim: o grupo se senta em um lado do palco e conversa sobre assuntos diversos naturalemnte, smefazer personagens. São as opiniões próprias e jeitos próprios de falar das pessoas ali presentes. Alguém percebe que ha material suficiente para as improvisações e faz o sinal sonoro de uma sineta (DIN).  Todas/os levantam-se e se poscionam para começar uma série de cenas inspiradas na conversa, até que alguém faz o som da sineta (DIN) e todas/os voltam aos seus lugares e conversam dando continuidade ao assunto anterior, ou começando algo novo a partir do que surgiu nas improvisações. E assim se segue até o fechamento do formato por decisão do grupo ou da condução externa. 
Variação com a qual jogamos: Um grupo conversa na sala de espera e o outro faz o DIN! e executa as cenas, até que o grupo da sala de espera faz o SIN! e puxa de volta a conversa.

Comentários:
- É possível ver, principalmente no fromato tradicional: a/o atriz/ator e sua desconstrução ou construção em personagem.
- É uma estrutura, principalmente na variação que fizemos, que abarca elencos grandes. Éramos 15.

Exercício #14: MISTURANDO COM VOCÊ*

Comentários:
- Pessoas que se conhecem bem
- Responder a pergunta com as suas verdades pela voz da personagem
- Surgiram momentos emocionantes, trocas belíssimas e cativantes. Eu me emocionei profundamente e me descobri um pouquinho em "resuma a sua vida em 4 frases".
- Quando você pergunta para uma criança que está dançando se ela é uma dançarina, ela responde que sim. Em algum momento da vida comoeçamos a ter vergonha de ser mais de uma coisa. Como se fosse permitido se boa/m e ser apenas uma coisa. - Eu estoue screvendo exatamente sobre isso na minha aplicação de doutorado...Lembrei-me também de uma conversa com o diretor escosês Mathew Lanton durante a festa do Festival Cena contemporânea de Brasília. Alguém chegou e fez um tipo de comentário: "A Luana é uma diretora aqui da cidade" e eu na hora "corrigi": "Não, eu não sou diretora.", e então ele me perguntou: "Você já dirigiu?", eu respondi que sim, mas apenas uma ou duas coisas profissionais. Ele respondeu: "Então você é uma diretora". Issso me remete tanto a Augusto boal e conceito de não-atores: o trabalho era com "não-atores" por não serem pessoas que tinham a atuação como profissão, porém naquele momento em que faziam teatro, eram atores. Não falo em desvalorizar profissões e sim em valorizar ações. Simples e digno.

Holly indicou alguns artigos do New York Times em que são possíveis achar perguntas para criar intimidade (foi e onde ela tirou as do exercício). Seguem os links em inglês, se quiserem, só pedir aqui nos comentários do blog que eu tiro um dia para traduzir! AVou traduzir aqui só os nomes dos artigos para que se preste atenção:

PARA SE APAIXONAR POR QUALQUER PESSOA, FAÇA ISSO

36 PERGUNTAS NO CAMINHO PARA AMAR

Parece que pessoas que fizeram isso, se apaixonaram e até casaram... segundo os artigos. Então entendo, algumas/ns de nós terão/emos medo...

Fechamos a aula com mais um poema. 
Fecharemos a Vakinha amanhã, 27/04!

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