Vamos ao último dia de um curso muito proveitoso e devo dizer que 70% tem haver com o grupo. A disposição e abertura de todas(os) foi muito bela e incentivou-me integralmente. Eu devo dizer que a dificuldade com a língua me deixou envergonhada muitas vezes, mas como um exercício para mim tanto quanto um carinho que veio de todas(os), eu conhecia deixar este julgamento de lado rapidamente. Eu não fui julgada ou ridicularizada em absolutamente nenhum momento, assim como eu também não fui corrigida, ou tiveram pena de mim ou qualquer indulgência que me tiraria a oportunidade de aprender. Me ajudaram sim é muito, mas na sinceridade de generosidade de fazer os exercícios plenamente na confiança de que eu iria acompanhar. E isso foi incentivado, alimentado também pela postura do professor. Então, cansada e animada, estou refletia de gratidão por uma galera que me desafiou com carinho. A Generosidade de se Entregar.
IMPROV 1 - 3 Days Intensive (Intensivo de 3 Dias)
DIA 3
11/03/2018 (domingo), The Second City Hollywood, Lounge, 11h da manhã daqui (17h no Brasil). Professor Rich Baker.
11h em ponto do terceiro e último dia. Os exercícios sem descrição, são aqueles que são repetidos do primeiro dia, para quem quer saber a descrição destes jogos, olhe a postagem do dia 12/03/2018: “Básico é Básico - IMPROV 1 - Dia 1 de 3.
Exercício #1: RUSH (Sala C)
Clique de início. Acrescentamos mais quatro ações:
Explosão Atômica: quem está com a bola fala: “Explosão Atômica” faz um gesto de dividir a bola ao meio, indo uma parte para cada lado. Agora existem duas bolas correndo.
Fusão: quando alguém está com as duas bolas em seu poder, pode então fazer um gesto de juntá-las falando: “Fusão”. Voltamos a ter apenas uma bola. E a pessoa em posse dela começa as ações, lembrando que ela está sem rotação.
Para Fora: quando alguém em posse da bola a segura, parando sua rotação, e fala: “Para fora!”, todas(os) viram para fora da roda, fincando de costas umas/uns para as/os outras/os. O jogo continua normalmente, a partir da pessoa que está com a bola na mão comece alguma ação.
Para Dentro: mesma coisa do “Para Fora”, só que agora se virando para dentro e dizendo: “Para dentro!”
Exercício #2: DR. KNOW IT ALL - DR.(A). SABE TUDO
Exercício #3: HISTÓRIA CONDUZIDA
Exercício #4: INSTAGRAM
Exercício #5: 185
Atenção a quem já quase foi, mas não teve chance.
Exercício #6: OLIMPÍADA EM CÂMERA LENTA
Comentários:
- Dar presentes: dar uma informação sobre alguém para que ela(e) possa usar. Por exemplo: “Desde aquele acidente no Himalaia, ela manca do pé direito.”
- Os jogos são diferentes conchas ou camadas encima do princípio do “Sim, e”.
- Jogos tem estruturas que apoiam o desenvolvimento. Cenas tem que se sustentar pelo desenvolvido das(os) improvisadoras(es). Estudar por jogos é estudar estruturas.
- Filme “Don’t think twice” crítica o comportamento exibicionista na indústria do entretenimento pela perspectiva de grupo de Impro.
- Algumas vezes o maior apoio à cena e não fazer nada
Exercício #7: TRABALHO DE CENA
Comentários:
- Foco nas reações
- Desacelere, tome seu tempo
- Como você se sentiu a partir do que foi dito?
- Seja afetado! -Para toda e qualquer arte. “Não adianta fingir que não sente. Gente sente tudo, gente tem que se envolver. A gente é emoção, corremos com as pernas e vamos devagar com o coração.” (Letra de “Cadê meu Jardim” de Alexandre Nero baseada no belíssimo texto “Por Elise” de Grace Passô)
- Improv não é seleção de tipo (casting)
- Trazer a cena para a relação das pessoas em cena e não de coisas de fora, pessoas, futuro, etc. Estas coisas podem existir, mas faça ser sobre quem está lá, no presente.
Exercício #8: CONTROLE DE EMOÇÕES
Uma fila ao fundo com umas 4 pessoas, estão o mesmo exercício mas não na mesma cena, uma do lado da outra (para que parte do grupo assista). São 5 estágios de emoção, gradativos do mínimo ao máximo, cada passo dado a frente é um aumento de estágio. O(A) condutor(a) fala a emoção e sinaliza com uma palma a mudança de estágio. Pode-se imaginar alguém imaginário a frente como referência à emoção.
Variação: colocar um grupo de frente para o outro, estão no mesmo mesmo exercício mas não na mesma cena.
Comentários:
- o exercício tira a emoção do binário: estar ou não estar bravo. Há níveis.
- Assim como um alcance de escala vocal, se tem neste exercício um alcance de escala de emoções.
- Se um(a) cantor(a) treina isso todo dia, porque não a/o atriz/ator?
- Imagem de dimers de emoções numa mesa de som ou luz
Exercício #9: SINFONIA DE EMOÇÕES
Quase como a História Conduzida, as pessoas se posicionam na frente do(a) maestro(ina), em um nível mais baixo para que a plateia veja bem as(os) demais, que irá conduzir a sinfonia. Cada pessoa recebe uma emoção. Ao sinal do(a) maestro(ina) “colocam” as emoções como quem coloca um máscara e devem emitir um som no momento e intensidade das indicações de quem conduz. Os sons devem ser com bocas abertas, sem palavras e sem serem grunhidos.
Comentários:
- A máscara ajuda a achar o som
- Pode-se pensar pela ideia de um instrumento para achar o som, por exemplo: como seria um saxofone triste.
Lembrei das expressões faciais de um livro de desenho que eu uso para falar de máscara facial expressiva. Repassei a turma por e-mail. O livro identifica 6 emoções básicas e suas variações por combinação com outras. Quem me apresentou este livro foi a comadre improvisadoras, atriz, palhaça Julieta Zarza.
Exercício #10: DISCURSOS COM MUDANÇAS DE EMOÇÕES
A partir de discursos escritos, como os de presidentes, a pessoa vai lendo o texto e o(a) condutor(a) vai indicando emoções ou personalidades que dão cor à maneira de ler o texto.
Comentários:
- Perceber e não inibir quando se faz um personagem ao invés de uma emoção. Exemplo: Triste. E ao invés de ler com tristeza, se faz o Bizonho da turma do Ursinho Poof. Não é errado, mas são sutilezas boas de se perder e ter o controle. (Minha observação)
- Impro não é sobre o que eu digo. 33% e sobre o que é dito, o resto é visto e sentido por movimento, interação, etc.
- Boas piadas, sacadas se esvaziam com o tempo, emoções nunca. Vide filmes que são datados em piadas e conteúdo e outros que se baseiam em emoções das personagens.
- Analogia: A personagem é uma parede. Paredes variam, podem ser de tijolo, concreto, gesso, madeira, etc. O que é dito/feito (fala/ação) é uma bola que é lançada contra a parede. Como a cola rebate na parede é a emoção. O choque/reação.
- Personagem é o filtro da reação
Exercício #11: FRASES PRONTAS
Rich escreveu num quadro um texto simples de 6 falas:
1. Oi.
2. Olá.
1. Como vai?
2. Ótima(o). E você?
1. Eu estou bem. Obrigada(o) por perguntar.
2. Por nada.
Fizemos duas filas. De um lado vinha quem fala as falas de 1 e do outro, 2.
Comentários:
- Trazer emoções previamente, ótimo! Mas se deixe afetar pelo que acontece.
- Trabalhe o espaço, trabalho de objetos (fisicalização)
- EMC (lembrando da fórmula de Einstein E = MC2). E= emotion (emoção); M= moviment (movimento); C = Character (Personagem). As três coisas que conseguimos controlar
Exercício #12: GLAM, GLAM
Fome!
INTERVALO PARA UM ALMOÇO
Hambúrguer com queijo brie e cogumelos. Comida é importante, cara!
Exercício #13: RUSH
Último turno... Última vez...
Duas novas ações acrescidas.
Câmera Lenta: quando alguém está com abola pode falar “Câmera lenta” e o jogo ganha essa velocidade. Quem falou “câmera lenta” parou a bola e deve dar continuidade ao jogo.
Velocidade Normal: quem estiver com a bola pode fazer o jogo voltar a velocidade normal parando a bola e dizendo: “Velocidade Normal”. E então dar continuidade de ações a bola.
Com as últimas ações adicionadas, aumentamos a velocidade de jogo, para que a velocidade normal fosse mais rápida.
Exercício #14: É ASSIM QUE EU FAÇO
Em roda, uma pessoa inicia uma fala de no máximo duas palavras com um gesto. Quase como um telefone sem fio, a(o) próxima(o) repete tudo que viu e ouvido a(o) seguinte é assim por diante.
Comentários:
- Tentar ser o mais precisa(o) possível
- Não corrigir, por exemplo, se alguém falou errado e você entendeu o que quis dizer, não corrija, faça como ouviu
- Preste atenção em quem transmitiu as informações a você e não às pessoas anteriores
Exercício #15: ESCOLHA DE JOGOS
Rich colocou no quadro os jogos e exercícios que fizemos até então. Cada um(a) escolheu um e nós os refizemos mais uma última vez, como uma despedida.
O trabalho de cena realmente é mais difícil que os jogos, mas me é mais interessante. E como sentia saudade de trocar com alguém em Impro em cena!!!
Exercício #16: O QUE NÓS GOSTAMOS EM VOCÊ
Momento de feedback. Cada um(a) se senta à frente e as(os) demais falam o que gostaram da pessoa naquele curso. Por último, Rich dava sua perspectiva de como a pessoa foi e do que deveria ter atenção para uma continuidade do trabalho.
Primeiro: é extremamente difícil estar ali e ouvir coisas boas ao seu respeito. Me surpreendi com que ouvi. Faz bem e como é difícil. Deusas? Por que?
O olhar do grupo de um(a) para o(a) outro(a) foi bem preciso, de forma que Rich não falou nada muito diferente do que o grupo ressaltava.
Básico, gente, básico é básico. Vá sem vergonha de treiná-lo que você vai se surpreender.
Emocionante, generoso e forte.
Exercício #17: PIOR IMPRO DA VIDA
Levantamos para fazer uma série de pequenas cenas que fossem as piores cenas de Impro possíveis. Jogando todas as coisas que aprendemos a “não” fazer.
O Comentário: Por que as cenas deram certo mesmo usando tudo que era para dar errado? Por que nós usamos o “Sim, e”. Essa é a maior premissa, vocês se escutaram e jogaram com isso, e aí, não tem como dar errado.
Exercício #18: GLAM, GLAM
Gratidão.
Em exercício #19: Um barzinho ali na esquina, um outro mundo, conversas, drinks e despedida...
Finalizada a aula, nos dirigimos todos para uma breve confraternização e despedida. Sempre bom e fundamental, o encontro, né? Hehehe
***
No dia seguinte, Rich nos enviou um e-mail com os apontamentos da última aula e do curso. Compartilho aqui, em minha tradução, com a permissão dele:
Excelente final de semana, todas(os) vocês!
Das 50 turmas que dei aula vocês são os primeiros que me colocaram para sentar na cadeira. Etodas suas palavras generosas significaram muito. Obrigado!
Eu sei que disse múltiplas vezes que vocês são particularmente um grupo especial. Eu falei sério todas as vezes. Um grupo esperto, talentoso, que se apoiam, Atencioso, inquisidor é extremamente divertido.
(...)
REcapitulando:
-Se dispa de qualquer julgamento e desejo de fazer diferente, só reaja
-Não há necessidade de dirigir a cena/jogo para o que você quer, deixe evoluir por conta própria
-No final do dia “sim, e” é a coisa mais importante
Emoções
-Trabalhe seu alcance emocional. Tente alonga-lo e ganhar controle das emoções.
-O público vai ama-la(o) se você entrar grande e confiante
-As palavras não são tão importantes quanto às pessoas pensam que são
-Não use apenas seu tom de voz, mas também seu corpo
-Quando em dúvida, faça uma escolha e se comprometa com ela
-Não tente ser engraçado, só faça o som e com uma reação emocional honesta
-Emoção! - Está é a razão pela qual experienciamos arte, então como artistas nós precisamos ser bem versados em apresentá-las
-Simples palavras mundanas podem ser muito interessantes quando fundidas com emoção
-Emoção, Movimento, Personagem - três coisas que nós controlamos
Sinfonia de Emoções
-Olhe para o(a) condutor(a)
-sinta-se livre para variar os sons
-Fique longe de palavras reias
-Use seu corpo e rosto
-Se ajudar, pense na imitação de um instrumento ou voz de personagem
-Seja uma emoção real ou caricatural, de qualquer forma se comprometa 100% com ela
-Se você quiser, case sua emoção com um instrumento (ex. Um trompete bravo)
-Se vocês estiver entediado do seu som, a plateia também estará
-Ninguem teve ter o mesmo o de som (ex. Todas(os) fazendo um barulho no mesmo compasso como bumbo de bateria)
***
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