Queria ver um show na noite de sexta, mas eu estou morando há 2h (as 2h30) de ônibus do Centro de Treinamento, o que significa que pela manhã também são 2h para ir ao Centro de Treinamento... Então, vamos deixar os espetáculos para os dias que eu não tenho que acordar cedo no dia seguinte! E mesmo pensando assim, o dia 2 do curso intensivo veio com várias boas surpresinhas. Como no e-mail do professor Rich Baker da noite anterior em que ele já adiantava que iríamos ver um show durante a aula.
IMPROV 1 - 3 Days Intensive (Intensivo de 3 Dias)
DIA 2
10/03/2018 (sábado), The Second City Hollywood, salas C, E e F, 11h da manhã daqui (17h no Brasil). Professor Rich Baker.
Começamos pontualmente para alegria da virginiana! Os exercícios sem descrição, são aqueles que são repetidos do primeiro dia, para quem quer saber a descrição destes jogos, olhe a postagem do dia 12/03/2018: “Básico é Básico - IMPROV 1 - Dia 1 de 3.
Exercício #1: RUSH (Sala C)
Nosso ritual, nossa chave! Quem chega um pouquinho atrasado, já chega chegando porque sabe do que se trata.
Acrescentamos mais duas ações:
James Brown: quando alguém está com a bola pode falar “James Brown” e então todo o círculo faz conjuntamente: “Jump!” (Pulando para trás), “Kiss your self!” (Beijando um dos braços), “Uh!” (Pulando de volta para o lugar à frente). E quem puxou o “James Brown” deve dar continuada ao jogo com alguma ação. A bola parou de girar, então atenção às ações que requerem ela em movimento. (Por ser “James Brown” a referência, eu manteria o inglês. Ou então pegaria um/a artista brasileira/o, como, sei lá, Elis Regina com seus marcantes braços de helicóptero enquanto cantava “Arrastão”)
Saquei!/Peguei!: Quem está com a bola a joga para cima dizendo: “Saquei!l”. Qualquer pessoa do círculo diz: “Peguei!” fazendo o movimento de pegar do alto, sem sair do lugar. Decisões precisam ser tomadas. Quem pegou dá continuidade ao jogo, lembrando que a bola está sem giro.
Exercício #2: DR. KNOW IT ALL - DR.(A). SABE TUDO
Somente algumas pessoas e uma única vez. Só para aquecer e rememorar rapidamente o que aprendemos no dia anterior. Muito eficaz. Emoções e foco foram as questões mais pontuais.
Exercício #3: HISTÓRIA CONDUZIDA
Quem não fez o Exercício #2, fez o #3. Uma vez apenas o exercício, aparentemente o mesmo propósito.
Exercício #4: GALERIA DE ARTE
Só refrescando e aquecendo. Cabeças e corpos alertas de ontem para hoje.
Exercício #5: INSTAGRAM
Comentários: Ousem brincar com outras funções do aplicativo instagram. Atualizem o jogo.
Exercício #6: FILME ESTRANGEIRO
Comentários:
- Ensinem a plateia a assistir o jogo, não adianta começar rasgando as regras e quebrando convenções que nem foram estabelecidas
Aqui já me desperta o entender de repetir jogos mais do que fazer novos jogos. Às vezes nosso tédio, vontade de novidade, nos faz perder a vantagem é alegria do reencontro com o fazer de NOVO.
Exercício #7: A REALLY AWESOME IMPROV SHOW (UM SHOW DE IMPROV REALMENTE MASSA) - A tradução ao pé da letra seria mais como “Um show de Improv realmente Impressionante”, mas achei “Massa!” Mais adequado ao contexto)
É um exercício assistir espetáculos! Por isso: exercício #7.
Vamos começar por dizer que tem um espetáculo de Impro ao meio dia no sábado. Já daí vemos uma outra realidade. Eu não vou dizer melhor ou pior, não gosto destes comparativos em relação a “mercado” porque são, como eu disse, outras realidades.
Segundo: estava razoavelmente cheio. O palco principal do The Second City é um teatro de bolso, não contei os lugares, mas devem ser no máximo uns 100. Tinha meia casa. E estava chovendo e isso é MEGA estranho em Los Angeles.
Terceiro: O público do show: crianças!!! Falemos sobre formação de plateia? Falemos sobre investimento a longo prazo?
E pensando no público para criança: pensamos também em limites da espontaneidade... como palavrões, questões sexuais, etc.
Em cena: 4 cadeiras no palco principal que possuiu 3 portas (duas laterais viradas de frente para o público e uma no centro). As laterais também possuem uma espécie de balcão de cada lado, que servem como mesas e também duas ideia de janelas. (Foto). Um músico à direita da plateia, colado, mas fora do palco. No fundo da plateia a esquerda dela, a cabine de luz e som.
Entram 7 as(os) improvisadoras(es): 2 mulheres e 5 homens. Música do som eletrônico alta e animada.
Dão as boas vindas e as “instruções” do espetáculo, inclusive quando algo “inapropriado” for dito já que é improviso, e, isso pode acontecer.
É um espetáculo Short Form (formato curto) de jogos, em que, o espetáculo pode ter o tempo que for, mas as cenas tem menos de 10min e não tem uma ligação narrativa entre si.
Primeiro jogo é HISTÓRIA CONDUZIDA que eles fizeram como um manual de uso de criança (sugestão da plateia). Adicionaram ao jogo um caráter competitivo por habilidades. Como ter um sotaque francês, não poder falar certas palavras ou letras, etc. quem “perdia” saia até ter um(a) vencedor(a). A competição é a brincadeira, a diversão está em ver no que vai dar e não em quem vai ganhar. Nitidamente um jogo de aquecimento para elas(es) e o público. Até um pouco mais para o elenco, porque para a idade da plateia, algumas regras de eliminação eram de universo bem distante (comentamos isso em sala depois). Bem bacana ver o exercício de sala formatado com número de espetáculo.
Música do som eletrônico animada e alta na transição.
Segundo jogo foi um tipo de BISCOITO DA SORTE (nome pelo qual eu conheci primeiro na vida junto ao espetáculo “Qual o seu pedido?” em Brasília, hoje, parte do repertório da Cia De Comédia Setebelos). Algumas pessoas do elenco saíram do Teatro e as que ficaram pegaram frases com a plateia e escrevera em papéis e depois os distribuíram dobrados pelo palco. (Eu só conhecia o jogo pegando as frases previamente com a plateia antes da peça começar. Desta forma como eles fazem, o público conhece todas as frases antes da cena). O pessoal que estava do lado de fora volta e começa uma cena em que precisam usar as frases e encaixa-lãs na cena no momento em que as lêem (não pode ler e depois de um tempo falar, é imediato). Quando o(a) condutor(a) dava um sinal, virava um musical com a participação do músico ao vivo no teclado. Bem divertido, mas muita coisa também. És as frases se perdiam no contexto de muita coisa. Melhor frase dita por uma criança: “Eu não conheço nenhum comunista!”
Música do som eletrônico animada e alta na transição.
Terceiro jogo: DR.A. SABE TUDO. Mais uma vez muito bacana ver um exercício virando cena. Aqui elas(es) usaram muito bem a estrutura com o público. Acrescentaram ao elenco duas crianças da plateia e haviam dois/duas doutores/doutoras. As crianças foram geniais e o elenco soube muito bem conduzida a bola para elas se divertirem e brilharem.
Música do som eletrônico animada e alta na transição.
Quarto jogo: RUN, RUN, RUN. A partir de uma musica popular dos Estados Unidos, que tem um refrão melódico e específico, elas e eles competiam para ver quem conseguia ficar mais tempo cantando e rimando a partir de nomes de uma sílaba dados pela plateia e selecionados pela condutora. O bacana desta música era que depois da rima improvisada de alguém, o elenco todo cantava o refrão junto e a plateia também. Isso dava uma unidade e deixava a improvisação mais mágica, um tom de estamos juntas(os) fazendo juntas(os). Quando restaram só duas pessoas a velocidade aumentou. Foi um jogo também de saber perder sem sair do jogo.
Aprendi sobre isso a primeira vezes com o jogo “Só perguntas” (também com o espetáculo “Qual o seu pedido?”) que como essa sugestão de nome já diz, só se pode falar a partir de perguntas. É difícil, mas não é impossível, e tem uma hora que fica chato, então “perder” respondendo uma cariciosa, ou até mesmo simples, faz o jogo, a cena, ganhar.
Música do som eletrônico animada e alta na transição.
Quinto jogo: KARAOKÊ SILENCIOSO. Duas pessoas do elenco saíram, o restante se divide em dois times e pegam com a plateia três nomes de música. As duas pessoas voltam e como num jogo mímica, pelos gestos do seu time tem que adivinhar que música é. Mas...esse adivinhar já é cantando ao som que o músico a vivo toca. Foi bem divertido, a explicação inicial foi confusa, mas depois que o jogo realmente começou, entramos como público na brincadeira.
Sexto jogo foi o 185, numa estrutura parecida com a do jogo que já conhecia pelo nome de CHUTANDO O BALDE (também via “Qual o seu pedido?”). Todas(os) as(os) jogadoras(és) participam estão alinhadas(os) em cena. O(A) condutor(a) pega uma sugestão do público para completar as frases iniciais, que são:
“185 (_______) entram num restaurante. O garçom diz: Desculpe, mas nós não servimos (_______) aqui!. Então (________) diz:”
Então, as(os) improvisadoras(es) têm que criar punchlinces, ganchos finais para fechar a piada. A maior quantidade que puderem.
Ex: 185 Balões entram num restaurante. O garçom diz: Desculpe, mas nós não servimos Balões aqui. Então o Balão responde: Nossa, não precisa estourar comigo!
Por essa pegada de piada, ficam parecendo minis “stand up”. Eles até faziam em mímica o microfone, às vezes.
Música do som eletrônico animada e alta na transição.
Sétimo e último jogo: STOP ou FREEZE ou CONGELA (os nomes não importam) MUSICAL. Começam duas pessoas só falam cantando. Alguém de fora pede para congelar a cena e faz o “Tag out” (o sinal para tirar alguém) e toma o lugar de quem foi tirado começando uma cena completamente diferente a partir da posição que estavam. O jogo vai ganhando vida própria e número de pessoas vai variando. É muito mágico quando cantam juntas(os) um refrão em improviso. As vezes neste jogo, elas(es) se atropelavam um pouco porque duas pessoas recomeçavam a nova cena ao mesmo tempo. Por convenções que podem ajudar, a nova pessoa que entra pode sempre começar. Não é uma regra, é um guia.
Música do som eletrônico animada e alta na transição.
Agradecimentos. E... Por fim, segurando uma placa com o nome do espetáculo, tiram uma foto com a plateia que é publicada nas redes sociais. Prolongamento do espetáculo que, segundo flyer, já está a 7 anos em cartaz. Vale dizer como estrutura que a todo momento de trocava de condutor(a), ou anfitriã(o), o “Host”.
Voltamos para a sala de aula e lá conversamos sobre o espetáculo. Alguns comentários:
- O que você faz nas cenas? Eu vou descobrindo e o público vai descobrindo comigo também.
- Uso do bordão para sinalizar a plateia o momento de “calar e assistir”. Elas(es) falam em uníssono do palco: “Really”, a plateia respondia “Awesome”, do palco “Improv”, e por fim a plateia de novo: “Show”, e a cena começava.
- Estrutura: vai esquentando e complicando
- Desafio das atrizes e atores só funciona como cena e se a plateia compra isso. Por exemplo, algo pode ser difícil para o elenco porque elas(es) já fazem o jogo a muito tempo. Mas é para o público? E já começar complicando no inicio do show?
- 185 é um jogo que exemplifica bem que não precisa ser engraçado, só satisfazer, porque a estrutura já é divertida
- Foi simples e bom porque elas(es) jogaram como se se importassem: “Played as if they care”.
- No 185: só uma pessoa fazia personagens cada vez que ia completar a frase/piada. O que soou estranho porque descolava. As/os demais não compraram a ideia e a pessoa não desapegou também. Apoio.
Exercício #8: TRABALHO DE OBJETO E ESPAÇO
Trabalho com o conceito de formação de figura, formar a imagem. Que é diferente de indicar. Por exemplo, fazer o telefone com a mão é indicar o telefone, segurar um telefone imaginário na mão, lhe dar espaço, peso e textura, e formar a figura do telefone. É um pouco o trabalho de mímica.
Indicações para o exercício:
-Quase sempre não se têm dinheiro para adereços e objetos cênicos e mímica supre isso, além das mudanças rápidas de cenário.
- Ajuda muito tratar os objetos como se fossem reais.
- Devagar. (Tempo de leitura. É mais devagar mesmo, um centésimo mais devagar do que o real)
- Não improvise cadeiras. Se não tem cadeiras, escolha não sentar. O incomodo da/o atriz/ator vai incomodar a plateia e desviar a atenção
- Atenção aos detalhes, espaços.
- É dada uma atividade e se pode falar de qualquer coisa, menos da atividade que se está fazendo. 2 pessoas em cena fazendo a mesma atividade.
Comentários sobre o exercício;
- Dica da mímica: fazer o percurso do movimento, exemplo: se vai pegar alguma coisa, vai dedo por dedo, começando pelo dedinho.
- Terminar uma ação antes de começar a outra, ajuda na definição do gesto. Desmontar o corpo de uma ação antes de começar outra para os objetos não “seguirem”com você mesmo que já os tenha deixado em algum lugar
- Dever de casa para fazer a vida toda: sempre repetir algo real sem o objeto.
- Um vídeo engraçado, que eu gosto muito, brincando com convenções e desleixo com o trabalho de objetos na improvisação: https://m.youtube.com/watch?v=tkxFbz1a3As
Eu sou especialmente muito boa nisso e especialmente muito tempo sem fazer, o que tirar o especial rapidinho. O senhor básico da senhora base: praticar.
Exercício #9: LABORATÓRIO (Sala E)
Mais surpresinhas! Fomos convidadas(os) para fazer um laboratório com a turma de Improv 2 para veteranas(os), no sentido dos cabelos brancos, mas também no mais estadunidense da palavra que sim, tem tudo haver com exército. Era o primeiro dia de aula delas(es), um grupo que já esteve um tempo junto fazendo o Improv 1.
Laboratório e quando se juntam duas turmas para treinarem juntas: assistir uma a outra é jogar juntas. Ter um outro público e mudar a cara do grupo um pouco, sacudir. Nem sempre os intensivos conseguem fazer o Laboratório porque isso depende de ter uma outra turma disponível para tal, e num nível próximo, como foi o caso.
Esse tipo de troca foi uma das lacunas que percebi ao final da minha pesquisa de mestrado em relação às minhas propostas de treinamento. Nos fechamos todo o tempo só nos abrindo para apresentações. Crus em troca. Desde então, valorizo isso em qualquer teatro que faço. Abri mais os processos, mais ensaios abertos, convidas(os), encontros.
Nós começamos com fazendo para a turma veterana o exercício DR.A. SABE TUDO.
Elas(es) fizeram HISTÓRIA CONDUZIDA. Fizeram um aquecimento vocal antes, com a mesma estrutura de condução. Também tinham o comendo de sair se fossem imprecisos no complemento ou demorassem. Falavam juntas(os) o número do capitulo da história (e seguiam a ordem numérica, a gente com o Rich normalmente pulava, o que também dá um nó bacana na cabeça). Quando restaram só dois veteranos, foram colocados um de frente para outro e em alguns momentos o condutor fazia com que eles falassem juntos, e aí tinham que ser as mesmas palavras. E por fim, viraram novamente de frente para a plateia e deram a moral da história uma palavra de cada vez.
Nós então fizemos o FILME ESTRANGEIRO.
E as duas turmas juntas, fizemos:
- uma espécie de CHUTANDO O BALDE, mas com a ideia de A/O PIOR PROFISSIONAL QUE EXISTE. Ex.: O/A pior professora que existe. E fizemos várias micro cenas que apresentavam esta ideia.
- 185 (que só havíamos assistido no espetáculo)
- THUNDERDOME: que parecia ser o jogo preferido das(os) veteranas(os). O grupo monta uma espécie de arena, duas pessoas no centro. É dada uma categoria e cada um(a) fala uma coisa dessa categoria. Ex.: Sabores de sorvete. O(A) Juíz(a) é o(a) condutor(a).
INTERVALO PARA UM ALMOÇO INDIANO.
Entre Vídeo clipes indianos.
Exercício #10: RUSH (Sala F)
Começando um outro dia do nosso dia. Outra sala, mais quentinha. Boa mudança de ares.
Duas novas ações acrescidas.
Festa: Quem está com a bola fala “Festa!” E olha para uma outra pessoa na roda. Elas se encontram no meio dançando e a bola é passada de uma para outra, e elas trocam de lugar, enquanto o restante da roda faz a música da festa. Agora a nova pessoa que está com a bola, mas no lugar da primeira deve retomar o jogo, lembrando que a bola está parada, sem giro.
Cobra: Quem está com a bola fala: “Cobra!” e escolhe um lado (pode ser qualquer um) serpenteando um braço e o som de “sssss”. Este movimento e som de serpente vai sendo passado de braço a braços, como uma onda, por todas(os) do círculo até chegar novamente em que os começou e ali se finaliza. A bola está parada com a pessoa que começou a cobra, ela retoma as ações.
Exercício #11: 185
Das perguntas que foram feitas e comentários entre alunas(os), tivéssemos uma pequena alteração de exercício. Rich escutou a turma e adaptou seu planejamento. Fomos para o jogo 185 (que literalmente é só um número ridiculamente grande). O jogo foi explicado no relato do espetáculo assistido hoje “A Really Awesome Improv Show”, só há mudança de ambiente de restaurante para bar e de garçom para bartender.
Ex: 185 Harry Potter entram em um bar e o(a) bartender diz: “Desculpe, nós não servimos Harry Potters aqui”, então Harry Potter se vira e diz: “Como você é trouxa!”.
Comentários:
- Faça com convicção e na crença que será engraçado, acredite.
Eu tenho que lembrar àquelas(es) que estão lendo esses relatos com algum pensamento do tipo: “Ai, só fala de ser engraçado, de comédia...” que: 1) tá rolando um preconceito com comédia aí, quanto mais cedo assumir mais livre você vai ser; 2) o curso é voltado à comédia, então, não espere mais que isso no foco dos comentários; 3) Espere muito mais que isso nos comentários (paradoxal sim, hehehe) porque comédia é um gênero teatral, então tudo que é dito aqui serve para teatro, é só ampliar a cabeça (porque o preconceito faz você ter restrições e bloqueios) e ler como forma geral e não específica do cômico. Exemplo: “Faça com convocação e na cresça que será bom, acredite.”
- Confiança, você tem que vender a ideia, entregar: personalidade, emoção, energia e convicção
Quando fizemos o exercício no Laboratório, o professor da outra turma mencionou que estas eram piadas do tipo que pai faz... E é bem verdade, aqueles trocadilhos infames que só teriam graça se houver confiança. Segue h9menagem ao meu pai, e tios... Mulheres, eu já fui contaminada por este humor faz tempo, então não é uma questão de gênero, cuidado!
- Espere um sólido segundo antes de retornar ao seu lugar. Segure a tensão! Firme os pés.
- Este é um bom jogo para também se treinar quando se está sozinha(o).
Exercício #12: 185 COM PERSONAGEM
Mesmo jogo, mas agora é uma personagem criada que vai fazer a cena. Três rodadas c9m a mesma personagem. Isso cria os chamados call backs (retomada de coisas ditas ou feitas anteriormente).
Comentários:
- convicção na personagem além do que se diz
- Quando a personagem entra pela segunda vez, já há uma empatia: “Oh, lá vem ela!”
Exercício #13: TRABALHO DE CENA: LUGAR
Nesta seção saímos um pouco dos jogos para o trabalho de cena. E aqui o Rich dava uma atenções mais fortes às questões básicas de teatro que até então eram dicas como: “fale mais alto” ou “vire de frente para o público”. Como é Improv 1, podem haver alunas(os) sem experiência alguma com teatro, o que não era nosso caso, mas: básico é básico. Eu, por exemplo, posiciono mau para o público algumas cenas. É algo que devoto atenção há anos, mas que se eu esquecer, eu faço de novo (sempre NOVO).
Indicações para o exercício:
- Nós não falamos sobre o que estamos fazendo, nós fazemos e falamos sobre outras coisas
- Estado de presença: ser vista(o), ser ouvida(o) e compreendida(o) - Olha o inglês arranhado batendo à porta... mas pensem sempre em articular, pronunciar
- É nos dado um lugar e nós construimos uma relação entra as personagens neste lugar
Exercício #14: TRABALHO DE CENA: FAÇA AFIRMAÇÕES E NÃO PERGUNTAS
Indicações:
- A(O) sua(eu) parceira(o) de cena sabe tanto quanto você, então não adianta perguntar, isso é se esquivar de decidir.
Decisão para mim é um dos princípios da Impro. Tem um texto sobre isso na minha dissertação de mestrado para quem quiser ver mais.
- Atreva-se a saber
- Emoção à nova informação, reação emotiva ajuda
- Quando uma pergunta vier à mente, como exercício: pare e pense: Qual e a resposta? Como eu me sinto à respeito?
Ex.: “Qual a cor do seu carro?” Ao virar uma afirmação pensa na resposta: O carro é vermelho. Como me sinto a respeito: Admirado, acho irado. A afirmação então, ao invés da pergunta, fica assim: “Uau, é um vermelho tornado!”
- A cena parte da sugestão de lugar
É muito poderoso de fazer afirmações, é um ato de coragem, você percebe que tinha “todas” as respostas para as perguntas que lhe apavoram no improviso, mas que você não se atreve a definir porque “pode ser idiota” (julgamento), “pode atrapalhar a criação da(o) outra(o)” (procrastinação...), etc. Me lembra o que a diretora estadunidense Anne Bogart fale me seu livro “A Preparação do Diretor” em que fala da violência necessária da direção. Escolher onde se coloca uma cadeira no palco pode ser encarado como um ato de violência porque nesta decisão eliminamos todas as outras possibilidades. Pode pareceram exagero, mas quando olhamos na perspectiva destas pequenas decisões na Impro, fica evidente o quanto é difícil e sim, violento. Por isso fugimos com perguntas na esperança que a(o) responda e nós não sejamos responsáveis. Olha as nossas atitudes da vida batendo na nossa cara pelo teatro!
Exercício #15: TRABALHO DE CENA: PERSONAGENS FELIZES, AMIGÁVEIS E QUE SE CONHECEM
Indicações:
- A cena e sobre as relações, relacionamentos.
O que, onde e como acontece são importantes sim, mas só nos importam quando sabemos entre quem, mesmo que sejam pessoas ordinárias e comuns, aí nos identificamos no: poderia ser eu.
- Não são pessoas estranhas umas às outras
- Não tem problemas uma com a outra
- Você pode ser infeliz e ter um problema? Sim, mas não com sua(eu) parceira(o) de cena. Cenas assim tem mais chance de andar porque é mais fácil cair no conflito com que está do seu lado e tudo sempre vai acabar em briga e aí se perde. A cena se torna sobre a briga e não sobre as relações.
- A cena parte da sugestão de lugar
Eu só que ainda não aceito plenamente esta indicação. Já a ouvi varias vezes e li sobre ela em muitos livros. Desta vez escolhi não perguntar a respeito, acredito que preciso vivenciar mais isso, essa proposta, para entender em mim seu efeito e está tal potência. Me parece as vezes 7ma tentativa de escapar do conflito, e outras vezes em abordá-lo por outras maneiras. De fato, acredito nessa premissa tanto quando duvido.
Exercício #16: TRABALHO DE CENA: COMEÇANDO PELO MEIO
Indicações:
- Fazer a plateia brincar de “Me companha!” (“catchup!”)
- Descobrir a cena de dentro para fora
- As cenas não terem que ser toda hora com as personagens se encontrando, estabelecendo contato para então entrar em alguma situação
- Ex: - Mamãe não tem ideia de que estamos a meia hora escondidas aqui!
- Ela está furiosa mas nunca vai nos procurar na casa da árvore.
Neste exemplo de duas frases já sabemos muita coisa: são duas irmãs escondidas a meia hora da mãe porque fizeram provavelmente alguma coisa de errado. E a cena não começou com as duas se encontrando, fazendo algo errado e depois indo se esconder e passa-se meia hora...
- A cena é sobre o relacionamento de quem está em cena e não sobre assuntos e outras pessoas. Essa outras questões existem para afetar a relação. Neste exemplo das irmãs na casa da árvore, não é a mãe estar furiosa que importa, e sim, como isso as afeta e afeta a relação entre elas.
Em 2016 pude trabalhar essa perspectiva óbvia, mas que acaba se perdendo naquele medo de fazer decisões, treinando coma Rhena de Faria no grupo de Brasília Saída Sul e no curso de Long Form intensivo que fiz no Second City de Los Angeles. É realmente, um óbvio que nos escapa na tentativa de não querer que as coisas se definam rápido demais, mas são as definições que dão base à plataforma da criação. Viola Spolin propunha me muito de seus jogos que se definisse de imediato o WWWH - Where, Who, When and How (Onde, Quem, Quando e Como). O contexto: onde estamos, quem somos na relação, em que época e momento da narrativa estamos e como estamos).
Exercício #17: TRABALHO DE CENA: UMA FALA DO DIÁLOGO POR VEZ
Indicações:
- Cada personagem só fala uma fala até a outra falar.
- Precisão no que se diz e não precisa ser brilhante. - Isso mata a procrastinação na fala
- Nós só transformamos algo em ouro despolis que esse algo aparece. O mesmo para o “texto”
- Reações são o caminho. Como um fala por vez, abre mais espaço para reações.
Neste exercício dá para diagnosticar o verdadeiro ouvir ou o ouvir para ter a chance de falar o que queria. E isso está no não reagir ao que ouviu da(o) outra(o).
- Praticar até virar instintivo
Vamos falar de Bogart novamente e com o trabalho dela junto a Tina Landau sobre os Viewpoints. Uma proposta de treinamento (entre outras coisas) que vai pensar a resposta sinestésica. Treinar até o corpo todo, você inteira, responder ao que acontece.
Exercício #18: OLIMPÍADAS EM CÂMERA LENTA ou COMENTARISTAS ESPORTIVOS.
Jogo Teatral, 4 pessoas. 2 são atletas e 2 comentaristas. As atletas começam se aquecendo enquanto as comentaristas começam recepcionando o público e apresentando: Quem são, onde estão e quem são as atletas. O “esporte” é uma competição individual e energética de algo inventado, ex.: campeonato de decoração de árvores de natal. Quando se dá o sinal de largada (vindo da pessoa de fora que conduz), as atletas começam a se movimentar em câmera lenta.
Comentários:
- a referência para a qualidade corporal de câmera lenta foi se mover como se a sala estivesse submersa em mel. - Eu faço a referência a leite condensado, herança imagética da Oficina dos Menestréis com Diego Montenegro (1998...)
- Normalmente, não uma regra: um(a) comentarista foca na questão de jogada por jogada enquanto a(o) outra(o) traz informações de fora (campeonatos anteriores, famílias, etc.)
- Identificar bem as(os) atletas
- Atenção à energia durante todo o jogo
Exercício #19: GLAM, GLAM
Ritual de fechamento (vide postagem do dia 12/03/2018).
***
Com no dia anterior, Rich nos enviou por e-mail alguns apontamentos da aula e também nos chama para um drink pós aula no dia seguinte, o que, como já apontei em relação ao almoço com os colegas, para mim, ideologicamente, são estes tipos de encontros e saída fora da sala de ensaio, que fazem toda a diferença. Compartilho aqui, em minha tradução, com a permissão dele:
Outro fantástico dia! Só falta mais um.
(...)
Se você quer me ver em cena, mas prefere fazer de casa, aqui vai um link de um show da minha trupe de dois homens: Rollin' In Riches: https://www.youtube.com/playlist?list=PLvGvpbnS1y9HteZPug_eCJRe0ZIw0mmTI
Vejo todas(os) amanhã!
Rich
REcapitulando:
Trabalho com objetos
-Você não tem que ter pressa. Ralente.
-Se você não tem certeza se está indo devagar o suficiente, erre em ir ainda mais devagar
-Faça os objetos invisíveis e intangíveis tão específicos e reais quanto possível
-Pratique em casa
-Quanto mais real algo é para você, melhor você pode reagir a isso
-Se você não consegue improvisar os adereços, improvise superfícies para colocá-los
-Use uma arma como uma arma e não como um dedo (👈 - sinal por conta da Luana aqui)
-Não beba do seu dedão, segure o copo onde realmente você o segura
-Não crie apenas objetos invisíveis, crie cenários também (como uma mesa para se colocar coisas)
-evite as armadilhas comuns: telefone de dedo, tesouras de dedo, quebrar constantemente a linha de objetos de bastão como vassouras e esfregões.
-Não esqueça de dá-los peso
-Nunca improvise uma cadeira. Use uma cadeira real ou não sente.
Trabalho de Cena:
-Faça afirmações mais do que perguntas
-Responda as perguntas na sua cabeça e diga em voz alta sua próxima fala como uma inspiração por saber a resposta
-Responda à última coisa dita
-Comece no meio da cena (história)
-Diga “sim”
-Não tente ser engraçada(o)
-Jogue usando emoções e personagens
-Não traga pessoas imaginárias à cena com você
-ralente e tenha paciência com trabalho de objeto
-roube para frente para vejamos seu rosto
-Toda cena e sobre um relacionamento entre duas pessoas
-Pessoas felizes e amigas que se conhecem tendem a fazer as cenas melhores
-Você não está tentando chegar à cena, você está na cena
-Evite monólogos. Só diga diga uma fala e deixe sua(eu) parceiro reagir.
-Desacelere, não é uma corrida
-interaja com o seu ambiente
-Se você está focada(o) no futuro ou no passado, do olhe para sua(eu) parceira(o) de cena e tente estar no presente
-“Como estou me sentindo neste momento sobre tudo?” - sempre lhe responderá a pergunta desnecessária “Qual a próxima coisa que eu faço?”
-Não planeje seus movimentos (ex. Como se eu fosse ser maior no final da cena e então eu vou esperar)
-Não se julgue
-Faça cenas merda na aula onde você está salva(o) e fique bem com isso. Cenas merda vão lhe cenas muito.
-Vá assistir outras(os) performance e analise o que estão fazem
-Se você está sentindo uma emoção, não a esconda do público, experiencie-a para o público
-Se você falar/fizer algo que não é uma reação à última coisa dita/feita, então você não está improvisando, você está escrevendo a cena na sua cabeça. Não faça isso.
-Não coloque pressão em você para ser engraçado. Só faça o trabalho é confie no processo.
- Silêncio não é seu inimigo, mas faça dele uma escolha e não uma tática de acobertar algo.
185
-Jogue o jogo “5 coisas” a sua cabeça com toda sugestão. Exemplo: A sugestão e boliche. 1. 1. spare, 2. strike, 3. Canaleta, 4. pino, 5. 300
-Reverta a engenharia da piada a partir de uma das palavras associadas, exemplo: “E as bolas de boliche dizem, ‘Eu sei que você não pode servir todas as 185 de nos, mas você pode servir só 300 de nos? Porque somos perfeitas.’” (Acho que tem que entender de boliche para entender essa piadinha, mas dá para entender a reversão da engenharia...)
-Não se retire. Segure-se em seu lugar no palco por um momento depois que entregou a piada
-Escaneie o público - não olhe para uma pessoa toda hora, mas não evite olhar para ninguém também
-Estás piadas sempre serão uma merda. Saiba disso. Viva isso. Não hesite em contar uma piada “ruim”. Elas são todas ruins. Essa é a graça
-Nos mostre sua personalidade
-Sinta-se livre para marcar sua piada
-Venda-a! Seja confiante
-Se alguém está tentando ir, mas fica sempre para trás na linha, permita que está pessoa siga antes de você se você já foi
-Tudo bem acelerar a fala inicial, mas fique a vontade para entregar o punchline (gancho) devagar o suficiente de maneira que possamos lhe entender
-Quando jogar a versão da personagem lembre de nos dar uma introdução da sua personagem na primeira vez
-Você não precisa ter trocadilhos explosivos (mas certamente você pode tê-los), porque muito da diversão virá das personagens
-É legal dar a você um ritmo que se repete antes ou depois da piada que se encaixa na sua personagem
OLIMPÍADAS EM CÂMERA LENTA
-Se você acha que está indo devagar o suficiente, provavelmente vá um pouco mais devagar
-Não é existe essa de comentaristas terem energia demais
-Antes da partida, mov8mente-se em tempo real
-Mantenha o que está fazendo entre você e o público
-Não nos roube seu rosto
-Pratique bons dar e receber com a(o) outra(o) âncora
-Indique qual atleta é qual para a plateia que não conhece vocês
-Atletas, nos morem em seus rostos o quão isso é importante/intenso
-Comentaristas, sintam-se a vontade para usar um telestrator (implementação de um sistema de desenhos) ou replay instantâneo
-Antes da partida você precisa sabe o que nós estamos vendo, quem vocês são e quem são as(os) atletas
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