Uma mesma pessoa não
entra num mesmo rio duas vezes (“feministisando” a ideia de Heráclito),
porque não se é a mesma pessoa após ser atravessada pela experiência, e
não se é o mesmo rio aquele que lhe recebe. Assim como não se transmite a
própria experiência, somente a ideia ou relato dela, não se repete a
experiência. Não somos as mesmas de antes. Por isso gosto muito da
expressão “de novo”. A pesar de ser tida como sinônimo de repetição, há
nela o “novo”, sempre é novo. Talvez daí também venha a questão da
presença no teatro: quando vamos ensaiar ou apresentar a mesma peça por
185 vezes: nunca é a mesma peça, pois nunca somos as mesmas, o público
nunca é o mesmo e, estar consciente disso devolve o sagrado à cada ação,
fala, gesto, entrada e saída de coxia: é sempre a primeira vez mesmo
sem ser... sendo!
IMPROV 1 - 3 Days Intensive (Intensivo de 3 Dias)
Eu fiz este “mesmo”
curso em dezembro de 2011, como já mencionei em outro post. Foi uma
experiência pontual para a escrita da minha dissertação de mestrado e o
meu pensar sobre Impro. Daquela vez foi no The Second City de Chicago
com o professor Micah Philbrook e mais uns... talvez 14 outros colegas.
Este ato de lembrar nos escapa e nos abraça.
Aqui estou de NOVO. Mas
já 7 anos passados, muitas salas de aulas como professora e aluna,
tentativas de treinos e grupos, espetáculos... experiências diversas. Em
Hollywood tendo como professor Rich Baker e mais 6 colegas.
Um grupo bem afiado e
pequeno que, com uma condução gentil e atenciosa de Rich Baker,
possibilitou-nos a aproveitar bem o tempo e fazer de NOVO vários
exercícios. A Improv prova muito esta questão do “novo”, porque, por
mais que seja o mesmo exercício, com as mesma indicação, com as mesmas
pessoas, na mesma sala, nunca é a mesma coisa.
A partir de agora seguem
os relatos e reflexões do primeiro dia do intensivo. E nos próximos
dois dias, os relatos dos outros dois. Diferencio meus comentários
pessoais com a grafia em itálico do que foi dito em geral pelo
professor. Atenção: essas são as minhas percepções e traduções do que se
ouviu e aconteceu em sala de aula, então, por favor, lembre-se do
filtro da citação, porque não foi exatamente o que Rich disse, não é
mesmo?
DIA 1
09/03/2018 (sexta-feira), The Second City Hollywood, sala C, 11h da manhã daqui (17h no Brasil)
11h em ponto (olha eu sorrindo!),
Rich já chama para uma roda e inicia o primeiro exercício, alguém lhe
pergunta o nome, ele diz algo como saberemos mais tarde. A aula começou,
e um intensivo.
Exercício #1: RUSH (como
chamarei o primeiro exercício, mas nomes realmente não importam porque
cada um vai chamar de um jeito. Rich lembrou isso vários vezes na aula)
Um exercício de aquecimento com várias
ações de passar a bola imaginária entre as pessoas do círculo.
Importante é o que ajuda muito: “ver” a bola. Me repete ao meu velho
conhecido jogo de ZIP-ZAP, mas com gestos diferenciador e de forma mais
imagética.
Rush:
lançar a bola para as pessoas imediatamente ao seu lado. Sempre na
mesma direção da que a bola já vem (se a bola vem da direita, você só
pode usar “Rush” para mandar para a pessoa da sua direita, o mesmo para a
esquerda). Gesto de empurrar a bola para manter sua trajetória e giro,
com a mão da mesma direção (se vem da direita, mão direita, fazendo
gesto da direita para a esquerda), enquanto se fala: “Rush”.
Bonnn:
rebatida na bala que reverte sua direção. Faz-se o som de uma bola
batendo num taco de metal “Bonnn” enquanto, com a mão oposta à da
direção da bola (se a bola vem da direita, a mão esquerda faz a ação), o
gesto com o punho fechado bate na bola imaginária e muda sua direção.
Ah!!!!:
Quando alguém se perde ou erra no jogo, todos colocam os braços para o
alto e fazem o som de “Ah!!!!”. A bola volta imediatamente a quem conduz
o jogo. Não é punitivo, é um incentivo à se assumir o que aconteceu.
(Tipo como a vida... deveria ser na maioria das vezes).
Ramp
(rampa): A bola pula uma pessoa na mesma direção que a bola vem, ao
passar pela rampa. Usando o cotovelo se desenha com o braço uma
inclinação (rampa). Se a bola vem da direita, deve ser o braço direito, e
se vier da esquerda, o braço esquerdo. Do contrário a rampa na verdade
bloqueará a bola ao invés de lançá-la (é importante “ver” a bola).
Loop:
A bola muda de direção pulando uma pessoa. Com uma curvatura de braço
acima da cabeça, como uma letra “c”, se desenha um loop para a bola
correr e mudar de direção, e como o loop tende aumentar a velocidade,
pula uma pessoa. Se a bola vem da direita, o braço esquerdo fará o
gesto. Fala-se “loop” enquanto se faz o gesto.
Subway/Eat fresh!
(Subway/Coma fresco!): se lança a bola para qualquer pessoa do círculo,
menos para aquelas que estão diretamente do seu lado. Usa-se as duas
mãos para fazer o lançamento, desenhando no ar o trilho do trem que,
pelo contato visual, determinam para quem se lançou a bola. Quem recebe a
bola, a recebe com a duas mãos e deve dizer: “Eat fresh!” (“Com
fresco!”), num trocadilho com um slogan da franquia de sanduíches Subway
(que também significa “Metrô” em inglês). Com essa ação, a bola perde o
giro, então, ou se lança outro Subway ou algum Rush (Ramp, Bonnn,
Loop... esses movimentos, por exemplo, precisam da bola correndo para
acontecerem. “Ver” a bola e acreditar nas leis da física no imaginário).
Exercício #2: EU SOU MARAVILHOSA SE (UMA VERDADE)
Em roda, sentadas(os) em cadeiras, uma
pessoa no centro em pé (que não tem cadeira) completa a frase: “Eu sou
maravilhosa se...” com uma verdade sobre si mesma. Se o que foi dito for
verdade para mais alguém da roda que esteja sentada(o), a pessoa deve
se levantar. O objetivo do jogo é sempre estar sentada(o), logo, a
pessoa que estava em pé no centro e disse a frase, a disse para fazer
as(os) outras(os) levantarem, de modo a pegar um lugar. Ninguém pode
sentar na cadeira da qual imediatamente se levantou.
A ideia de dizer verdades traz cumplicidade, compartilhamento e integração ao grupo.
Exercício #3: GESTO DO NOME
Em roda (e no caso aproveitando a roda com
cadeiras), cada um(a), de cada vez, faz um gesto enquanto fala seu
próprio nome. Todas(os) repetem o gesto e nome da(o) outra(o).
Depois de memorizamos todos. Um jogo de
“lançar” os nomes, dizendo o seu próprio com gesto e na sequência o nome
e gesto da pessoa para quem se “lança” a vez.
Em seguida, continua-se o mesmo jogo, mas retirando o procedimento de dizer/gesticular o próprio nome.
Nunca havia feito este
jogo sentada. Inibe um pouco movimentos que exigem maior resistência ou
equilíbrio (como giros e saltos), o que também, de certa forma, ajuda a
focar na precisão do gesto tirando um pouco a preocupação de se ter ou
não habilidade para fazer algo mais exigente. Um ponto interessante na
perspectiva de um início de aula e integração.
*** Neste momento, Rich conversou conosco. Se apresentou e também apresentou a forma como conduziria a aula (para aqueles que me conhecem em sala de aula, verão algumas correspondências que me fizeram sorrir por dentro, hehehe):
- A metodologia de se aprender fazendo.
- Falar sobre o que se fez após ter feito e saber escutar
- Os feedbacks são para nós (alunas/os) e não sobre nós
- “Don’t try to be funny”. “Não tente ser engraçada(o)”. 98% das vezes não vai funcionar e ainda vai lhe impedir de aprender o que precisa
- Não vou fazer você se tornar uma pessoa engraçada.
- Não conseguir risadas não é um fracasso e conseguir risadas não é um sucesso.
- Telefones guardados e no silencioso, se forem tomar notas no celular, avisar.
- Ele fala palavrão. (Olha eu sorrindo! Eu tenho para mim que o palavrão, como expressão e não ofensa à alguém, é libertador e incentiva a cumplicidade e liberdade em sala de aula. Estar num ambiente em que você pode deixar “escapar” o que você socialmente e inibido o tempo inteiro, é reconfortante. Não é um incentivo à ser mau educada/o, simplesmente a liberdade de não ser julgada/o assim por ter dito um palavrão. É real, alia muito a dor dizer dizer um “Caralho!!!!!” depois de bater o dedinho na quina do rodapé!)
- Sempre perguntar se não entender
- “Dare to fail”. “Ouse falhar”. O único jeito que eu (Rich) sei aprender qualquer coisa, aqui não há consequências do seu erro, um ambiente de segurança. (E professoras/es, diretoras/es, atrizes, atores, colegas: isso depende de todas/os nós). Falhe como louca(o). Eu (Rich) façou umas 5 improvs ruins antes de uma boa. Então quando fizer 1 Improv ruim, pense que é menos 1 de distância da sua boa.
- Tomem nota.
- Então fechou este momento com um breve histórico do The Second City. (Quem quer saber um pouco tem o post do dia 19 de fevereiro de 2018 que traz um pouquinho desse assunto).
Exercício #4: CAMINHAR D EOLHOS FECHADOS
Básico é básico. Sei que
tenho e posso confiar, já fiz este exercício 500 vezes com 500 grupos
diferentes. E no entanto, confiança se adquire, não se sabe. Façamos de
NOVO para NOVAS confianças.
Uma pessoa do grupo caminha de olhos
fechados e o restante cuida para que ela não bata em nada. Um toque com
as duas mãos nas costas faz com que a pessoa pare e dois toques é o
código para que ela ande. Pôde-se aumentar o número de pessoas de olhos
fechados, assim como a atenção e cuidado.
Comentários pós-exercício:
- “Eu sei isso, vou arrasar!” Faz você ser arrasado. Este tipo de atitude não funciona para qualquer teatro, não deveria funcionar para nenhum, mas no teatro “convencional” com textos e falas marcadas, da para se “safar”. É questão da presença, do novo, do de NOVO.
- Quando eu (Rich) não conheço as(os) outras(os) improvisadoras(es), eu começo fazendo a coisa mais ousada para testar com quem estou lidando. Um mapeamento rápido de confiança.
Exercício #5: ROCK STAR
Roda em pé. Alguém no centro canta uma
música com a convicção, projeção e confiança de um(a) rock star. A(O)
próxima(o) entra com um “Tag out” (tapinha/gesto para tirar a/o outra/o)
e começa uma outra música, a associação pode óbvia ou não.
Comentários pós-exercício:
- Na maioria das vezes (o que não aconteceu com nosso grupo), duas concisas acontecem: alguém não vai na primeira vez que se faz o exercício, e alguém é abandonado no meio: “Supporting”: Apoiar/Sustentar tem haver com o que é melhor para a(o) outra(o). Você tira alguém quando ela(ele) está pronta(o) para sair, não quando você está pronta(o) para entrar.
- O suporte também tem haver com a torcida da roda
- A tendência a se cantar a música mais rápido para tentar sair dali mais rápido
- É normal esquecer a letra
- Encantei várias vezes em português , o que não fazia muita diferença para o exercício em si, mas fiquei tão preocupada com o fato de esquecer a letra, que, mesmo eu podendo cantar em blablação, eu engasguei. Eita nervosismo. Eita básico que tem que praticar sempre para sempre!
Exercício #6: DR. KNOW IT ALL - DR.(A). SABE TUDO
Primeiro, uma confissão:
eu já conhecia este jogo e foi um dos jogos da experiência em
Chicago... e eu jurava e repassei assim para muitas(os), o nome do jogo
como DR. NUTTLE, tipo macarrão... mas como os nomes dos jogos não fazem
diferença, foda-se! Só queria compartilhar a iluminação que aconteceu
nesse dia aula.
De braços dados em uma mesma linha, um
grupo de pessoas agora será uma só: DR.(A). SABE TUDO. Um(a)
especialista em tudo e que sempre está certa(o). As pessoas que formam
está personagem só podem falar uma palavra de cada vez, seguindo a
ordem. A plateia faz perguntas, DR.(A). Sabe Tudo as responde, quando
finaliza, todas as pessoas que a formam fazem juntas uma reverência, e
o(a) condutor(a) faz os links da resposta, as justificativas.
Provocação: resposta de duas sentenças e cada sentença ser uma emoção diferente.
Comentários e Dicas:
- O foco do olhar das pessoas componentes da personagem sempre se direcionar para quem fez a pergunta. Isso reforça a ideia de serem uma pessoa só.
- Repetir a pergunta como início de resposta pode ajudar a criar o ritmo inicial da fala de grupo
- Confiança no falar
- É mais fácil definir o final da resposta pela próxima pessoa na sequência que falaria. Ela puxa a reverência.
- Como se manter no momento presente e não antecipar? Escutar, escutar e reagir.
ESCUTAR, ESCUTAR, REAGIR. Julgamento não faz parte desta equação binária. (Olha a nerd sorrindo de novo!) Pensar X ESCUTAR.
- A estrutura do jogo é engraçada, então não precisa fazer algo engraçado. A graça vai simplesmente acontecer. Rich disse algo como: uma das razões do Improv não ser tão respeitado na área artística é porque as pessoas não fazem de verdade, querem ser espertas. (E não é sempre assim? Eu aproveito para acrescentar que o abraço do Improv com a comédia em si já o marginaliza. Nos discursos sempre se vê o lado bom do gênero cômico, porém é este mesmo gênero que é atacado numa generalização moralista de não serem produções “sérias”. Acho interessante trazer esta fala do Rich porque é verdade, ma senão só para a Impro. Muita gente faz comédia de qualquer jeito, sem se de verdade, só por fazer. Mas muito gente faz para valer, e somos todas(os) jogados no mesmo balaio e aí é a comédia quem sofre o preconceito. Isso não acontece com o drama, por exemplo. Tem uma galera também fazendo drama ruim, mas aí e a galera que é ruim e não “esse tipo de espetáculo”... a clássica grega da tragédia maior de deuses e hérois versus a popular e menor comédia, mundana... jogando aqui!)
- Os braços livres das pontas podem se mover
- Buscar emoções e mudança de emoções nas respostas. Escutar a emoção proposta pela(o) parceira(o) anterior e dar continuidade ou progressão.
Exercício #7: HISTÓRIA CONDUZIDA
Como uma orquestra, 3 ou 4 (ou mais)
pessoas se enfileiram na frente de um(a) condutor(a), de preferência em
um nível mais baixo par uma melhor visualização da plateia. O público dá
a proposta do título de uma história e as(os) participantes começam a
contar uma história seguindo a condução externa de duração e ordem de
fala.
Comentários e dicas do exercício:
- Foco no(a) condutor(a)
- Confiança no falar: não há pressa
- Definir vozes diferenciadas entre personagens e narradores
- Continuar sem repetir a última coisa dita pela(o) outra(o), inclusive, quando necessário e possível, terminar a palavra que a(o) outra(o) começou e não terminou.
Exercício #8: GLAM, GLAM
Finalizando a aula...
opa, espera! O período, porque um intensivo e isso é só a pausa para o
almoço. Mas Rich finaliza como finalizaria qualquer aula e nos dá a
experiência da reflexão de fechamento:
Em roda, no mesmo ritmo, todas(os) entoam o
som “Glam, glam” sincronizado com as mãos de um lado para o outro como
que “tocando um piano”. Quando alguém quiser ou sentir vontade de
compartilhar algo, seja uma lembrança, uma fala, um sentimento, sobre o
que se fez até então na aula, esta pessoa bate palma e todas(os) param
para escuta-la. Voltamos ao “Glam, Glam” na sequência. O(A) condutor(a)
acelera o ritmo quando percebe que já começam a se esgotar ou se
repetir os comentários até que bate uma palma e pergunta se há mais
algum. Se não houver, pede uma palavra engraçada/divertida daquele
período e todas(os) se juntam no centro com as mãos, e no 3, falam
juntas(os) a palavra em uníssono.
UMAS DAS VANTAGENS DO INTENSIVO
O almoço! Sair da aula juntas(os) e ir almoçar. Confraternizar e comer. Continuidade e integração.
Outro ponto é que é
quase impossível alguém, nem você mesma(o), faltar, porque, já que é por
pouco tempo, todo mundo se programou para estar ali.
Comemos uma comida mexicana e nos descobrimos um tanto.
Exercício #9: RUSH
Voltamos do almoço e como um outro dia de aula, mas com tudo ainda muito fresco entre nós, começamos com o aquecimento.
Acresceram-se duas novas ações:
Evel Knievel: (em
referência ao dublê motociclista nos Estados Unidos que saltava longas
distâncias e obstáculos), o mesmo gesto e mesmos fundamentos da rampa,
mas pulando duas pessoas. Faz o gesto da rampa, mantendo a direção da
bola e dizendo: “Evel Knievel” para um salto maior da bola imaginária.
Catapulta: como
o loop, a catapulta joga a bola no sentido oposto do qual ela vem,
porém agora pulando duas pessoas. O gesto é de uma catapulta, pegando a
bola com a mão oposta ao lado do qual ela vem e a arremessando pela
flexão do cotovelo ao se dizer ao mesmo tempo “catapulta”.
Gosto muito do fato de reformamos a aula com o mesmo exercício e acrescer nele. Cria-se um ritual e uma cumplicidade.
Exercício #10: ALFABETO COM O CORPO
Em duplas, depois trios, grupos maior e por
fim, o grupo todo, formam-se apron o corpo ou partes do corpo, as
letras do alfabeto solicitadas pelo(a) condutor(a).
A iniciação teatral
caminhando com Impro. Ninguém lidera, ninguém está no comando, mas
alguém precisa começar. Dirigindo o momento conjuntamente.
Talvez aí esteja o cerne do papel da Direção e que muitas vezes é esquecido. O trabalho é decisão de todas(os).
*** Rich se dirigiu a nós para falar sobre o conceito, princípio, ou para ele, o DNA da Improv:
SIM, E...
SIM: eu vejo, eu escuto, eu estou com você.
E...: acrescento algo que tem haver, que pactua, eu reajo.
Exemplito da cabeça: “A” sugere estar na
praia e “B” sugere uma bola de fogo. A bola de fogo não nega exatamente e
sim, a cena pode funcionar, mas para que funcione, os pactos vão ter
que ser criados de qualquer maneira mais a frente.
Exercício #11: JOGO DA ADIÇÃO (ADD GAME)
É preciso salvar a empresa. O(A)
condutor(a) vai determinar qual produto não está tendo saída e cada
um(a) dos(as) jogadores(as) vai dar uma ideia do que acrescentar ao
produto para salvar a empresa. Depois que a pessoa der a ideia,
todas(os) vão ao delírio, a melhor ideia de todas. E após esta vibração,
juntas(os) dizem: “Sim, e...”, para que então a(o) próxima(o) dê a sua
ideia é todas(os) enlouqueçam com a nova ideia, e assim por diante. Numa
segunda rodada, a ideia de um(a) tem que completar a da(o) anterior.
Comentários pós-exercício:
- É exaustivo. Você deveria mesmo estar exausta(o). Comentário de Rich: Por isso os espetáculos de Impro Long Form duram entre 20-25min, porque é exaustivo. (Daqui eu vou puxar uma sardinha para cá, e, bem, posso estar completamente equivocada na minha inexperiência no assunto, mas acredito no treinamento, por isso que proponho um treinamento físico a(o) improvisador(a) na minha dissertação. Acredito que, para alguém atriz e ator, esse trabalho tem que ser continuo e não apenas quando um trabalho lhe toma a agenda. Mas o que Rich fala faz sentido demais. Mesmo com todo preparo, deve ser pesado demais segurar mais tempo que isso com vivacidade e qualidade de energia.)
- Se você der tempo/espaço (a binária da presença) para o julgamento, ele não vem.
Exercício #12: A MELHOR HISTÓRIA DAS NOSSAS VIDAS
Duas personagens que se conhecem há 10
anos. Algo aconteceu com elas juntas há uns 5 anos e virou uma história
que elas repetem sempre, sempre contaram juntas. Sabem todos os detalhes
e sabem muito bem. A condução é como uma “entrevista” para ajudar a
contarem está história.
Comentários pós-exercício:
- Equilíbrio de criação: 50-50%
- “Give and Take”: “Dar e Receber”
- “Jump in”: “Se jogar”
- Rich comentou: No Improv você não pode “break”, quebrar, sua personagem só está fechada quando a cena/peça acaba, a todo momento você está descobrindo-a, então tudo se encaixa. Você realmente só “quebra” quando mostra que você errou. QE o mesmo para qualquer forma de teatro, mas é mais difícil, por exemplo, incorporar o riso numa cena de morte em que a personagem tem porquê ter rido e o futuro já está desenhado.
Exercício #13: SLIDE SHOW ou atualizando INSTAGRAM
Duas pessoas serão as fotos e duas as(os)
narradoras(es) que contaram a história da viagem, congresso,
conferência, em que se envolveram nas “fotos”. O uso da luz, apagar e
ascender, ajuda na passagem das fotos.
Comentários e dicas:
- Pensar quem é o público? Contexto. Onde estão. “Set it up!” (Orientações que sempre passo em cursos de direção...)
- Equilíbrio de criação entre narradoras(es) e as fotos: 50-50%
- Para as fotos: é o tempo do escuro que se tem para mexer, não precisa fazer o que está pensando. Tudo que ficar é certo. Narradoras(es) irão justificar o que aparecer.
- As pessoas na foto podem mudar de personagens e também serem objetos e cenário.
- Definir bem o sinal de mudança das fotos
Exercício #14: GALERIA DE ARTE
4 pessoas no fundo. Não se decide a ordem
antes. A primeira entra e faz uma pose. A segunda adiciona uma pose. A
terceira também. A quarta então se torna a(o) artista que criou a obra e
diz: “Senhoras e Senhores eu lhes apresento: (Nome da Obra)!”, nomeando
a estátua de três.
Comentários e dicas:
- Só faça! Não pense! É arte, não tem como estar errado, qualquer coisa vai servir.
- O artista te que trazer emoção quando fala ao público, e se for sem emoção, é por escolha
- Quem justifica é a plateia, é arte
Exercício #15: FILME ESTRANGEIRO
2 pessoas são personagens do filme que
falará em gibberish/gramelô/blablação, uma língua que não existe. 2
outras pessoas são as dubladoras, cada uma sempre correspondente de
somente uma personagem do filme. O(A) dublador(a) da direita dubla a
personagem da esquerda e vice versa, para que assim vejam melhor as
expressões da(o) sua(eu) parceira(o) correspondente. Uma personagem fala
e a cena congela. O(A) dublador(a) correspondente vai ao centro e
traduz, tentando manter musicalidade, pausas, nuanças, tonalidades e
extensão das falas e gestos, mas sempre adaptando os movimentos para uma
melhor visualização da plateia.
Comentários e dicas:
- Ser forte na estátua para que o sinal de pausa seja evidente para todas(os)
- Gibberish: palavras não importam e som as intonações, gestos e fisicalizacao.
- Dubladoras(es): “Not just talking heads”: “Não apenas cabeças falantes”.
Peripécias de se fazer
improviso em outra língua: teve um momento que eu achei que falava em
inglês, mas falei em gibrish... e em gibrish falei em inglês... quando
fizemos este jogo em Chicago, o João Victor (Djesus) estava comigo e
fizemos a cena do filme em português enquanto “traduziam” para o inglês.
Lembro do nó na minha cabeça também, porque tentei fazer sentido nas
duas línguas.
Exercício #16: GLAM, GLAM
Ritual de fechamento também.
***
Mais tarde, Rich nos enviou por e-mail alguns apontamentos da aula. Compartilho aqui, em minha tradução, com a permissão dele:
Ótima aula hoje, pessoal!
Nós iremos assistir a um espetáculo amanhã ao meio dia. Vocês não precisam fazer nada diferente. Só estou avisando.
Quando eu digo “dare to fail”, “Ouse falhar”, esse vídeo me ajuda a lembrar porque é ok:
Esperando por um outro dia de Aula de Improv. Vejo vocês às 11h da manhã!
Recapitulando:
- Ouse falhar
- Não vá para a risada, faça o trabalho
- Não pense, só reaja
- Esteja 100% no momento presente
- Direcione toda a sua atenção à escuta
- Confiança é necessária para uma boa Improv
- Não julgue seu progresso/falta dele pela risada
- Assista espetáculos (assistir espetáculos irá ajudar você a aprender a arte mais rápido)
- Divirta-se
- Agarre as oportunidades
- “Sim, e” significa concordar com o que acontece e reagir a isso sem planejar antes
- Não há “erros”
- Se você acha que você sabe para onde a cena está indo e ela vai para lá, então você não estava improvisando
- REaja à última coisa
- O que você faz/diz deve necessariamente acontecer por causa do que a(o) sua(eu) parceiro de cena acabou de fazer/dizer
- Ninguém é está no comando e ninguém lidera
- Só faça uma escolha e reja
- Diga “sim”
- Tudo que acontece é a coisa correta se nós a tratamos desse jeito
Dr.a. Sabe Tudo
- Você é a pessoa mais inteligente que existe
- Fale alto e claro
- Fale com confiança
- Reafirme parte da pergunta na resposta
- Olhe para a pessoa que originou a pergunta
- A referência vem da próxima pessoa da fila (depois da última palavra)
- Não tente ser engraçada(o)
- Soem como uma única pessoa
- Não pense sobre a palavra “certa”, só reaja honestamente a última palavra
- O(A) Doutor(a) tem emoções
- Escute e não planeje antes
História Conduzida:
- Não pense antes, sobre o que vem à frente
- Olhe para o(a) condutor(a)
- Não tente ser engracada(o), só mantenha a história em curso
- Use a terceira pessoa
- Energia
- A história tenderá a ser mais divertida quando você se surpreender, mais do que quando você direcionar a história para o jeito que você quer
- Pegue exatamente a partir de onde a última pessoa parou (evite repetir as últimas palavras)
- Se posicione de uma maneira que reflita entusiasmo e energia
Galeria de Arte
- Não há poses erradas, então pare de julgar/pensar sobre isso
- Ir rápido, isso lhe dá menos tempo de pensar e à plateia mais tempo de lhe ver
- Quando apresentará sobra, olhe para a plateia (alinhe seus ombros para frente)
- Não importa o que sai da sua boca, este é o nome da obra de arte
Slide show ou Instagram
- Monte algumas fotos & não monte outras
- Introduza a apresentação à plateia
- Tenham um relacionamento (as/os narradoras/és)
- Diga “passe” e faça a mímica de deslizar para que a pessoa da luz saiba quando mudar a luz (Nós não falamos disso, mas iremos)
- Seja excessivamente clara(o) sobre o que está descrevendo para que o público não fique confuso
- Fotos - só faça escolhas de como posar
- Nem todas(os) tem que estar em todas as fotos
- Você pode falar sobre a próxima foto ou só esperar e falar sobre a foto presente. Alterne isso.
- A relação da plateia com quem você está como personagem pode informar como você apresenta (ex. Se você está mostrando fotos das férias para sua família será diferente do que mostrar fotos missionárias pra sua igreja)
- Mantenha seu rosto para a plateia (como uma pessoa que fala do tempo na TV)
Filme Estrangeiro
- Ambas(os): mesmo sendo gibberish, acredite que há significado
- Atrizes/Atores: Interajam com sua(seu) parceira(o) de cena
- Ambas(os): Mostrem emoção e movimento
- Tradutoras(es): não escondam seus rostos da plateia
- Tradutoras(es): Se posicionem rapidamente e afiadamente
- Tradutoras(es): Copiem suas intonações, durações & fisicalidade
- Atrizes/Atores: Congelem durante as traduções
- Tradutoras(es): Virem seus corpos de forma a manter seus rostos para a plateia
- Truques: traduzir fala curta como longa, longa como curta (uma sílaba), nomes próprios
Obrigado!
Rich
***
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