Entre as burocracias, correrias e início das aulas num novo país, eis que uma alma brasileira e improvisadora vem ao meu socorro (via alma colombiana abrasileirada de Gustavo Miranda). Zeca Carvalho, do Rio de Janeiro, está por cá a fazer o Pós-Doc., e em Impro também. Dessas pessoas que parece que a gente conhece há um tempo por conta de acompanhar o trabalho virtualmente, a gente realmente só se viu pela primeira vez nesta última quarta-feira, 26 de setembro, em Lisboa.
Aqui sou só gratidão porque, enquanto que no meu check list eu faria contato com grupos de Impro em Portugal só mais para frente, depois d me organizar e studar qum são e tudo mais, e a partir daí voltar a treinar, eis que o Zeca já articulou contatos para mim com alguns grupos para o meu documentário e ainda uma porta aberta ao treinar com o Improv FX, formado por André Sobral, Hugo rosa e João Cruz. (Conheça um pouco pela página do facebook: https://www.facebook.com/improvfx/)
Improv FX. Da esquerda para a direita: João Cruz, Hugo Rosa e André Sobral.
Então, por cá já trago minhas anotações da descrição do treino ocorrido no dia 26/09/2018 e algumas impressões do show desta segunda-feira 01/10/2018.
Treino. DIA: 26/09/2018. Das 20h às 22h. Moscavide, Lisboa - Portugal.
O Google Maps a me deixar mais perdida que o normal... Sem estar extaamente. Cheguei ao lado do local do ensaio sem saber que lá estava. Fui socorrida pela Zeca. Que enfim nos conhecemos pessoalmente também. Eram quase 19h, começamos a trocar uma ideia no bar ali do lado. Uma cervejinha. Não sou de beber muito, mas esse calor daqui está a combinar com uma cerveja de uma maneira especial. Assim como essa conversa primeira com o Zeca.
Exercício #1: Cerveja
Ali perto das 20h, o grupo começa a chegar no bar também. O treino começa ali, na mesa, no encontro "prévio" que já é encontro. Vou aproveitar aqui para falar algo que eu demorei para aceitar no fazer teatral (e aceitação é um princípio da Impro) e que com essa minha demora, eu deixei de perceber algo muito básico e necessário em criação e grupo: o estar juntas/os. Eu era uma pessoa que condenaria o fato do treino começar no bar tomando uma cerveja. Nossa, isso seria imperdoável. Mas, as experiências forma me ensinando o lugar do ritual e do respiro diante da minha disciplina e praticidade (que são exelentes qualidades, ok? Mas tudo em excesso... se excede). Continuo não compactuando com atrasos por descuidos (imprevistos são imprevistos). Acredito que chegar no horário é cumprir com a sua palavra, é sentar todo mundo no mesmo lugar, é respeitar a outra pessoa, e é uma união de esforços: todas/os vamos nos organizar para estar lá naquele horário. Uma vez que isso acontece, um enlace do ecnontro, da presença já se estabelece. Se vamos alongar ou começar um aquecimento, se vamos conversar, fumar um cigarro, tomar uma cerveja, jogar video-game, dançar, ouvir uma música... a aprtir do momento que estamos juntas/os: já começou e há valor.
Com 15 anos, quando comecei a fazer teatro co a Oficina dos Menestréis, havia a valorização dos encontros pré e pós aula. Ficar juntas/os e partilharmos de momentos "off work". E isso ainda é parte do trabalho, mesmo não se sentindo ou parecendo num primeiro olhar, até que aparece na cena, numa troca de olhares, na cumplicidade.
Outro ponto é o ritual: ao chegar proceder com uma mesma atividade ou um conjunto de ações. Isso devo ao mestre João Antônio na disciplina de Interpretação III na Universidade de Brasília. O ritual, a repetição em nível de significado e importância, é uma chave mágica: abrem as energias, conectam à todas/os nós e a possibilidade do trabalho fluir gostoso já se é bem mais potente.
Tudo isso dito, por conta de uma cervejas... Não, por conta da condenação moral que eu tinah e que sei que muita gente tem. Só posso dizer: olhem a metodologia da coisa e aproveitem. Sim, não tenho certeza alguma que grupos e grupos façam isso de forma consciente. Mas não rpecisa ser, precisa? A atenção: tenha um Hugo Rosa entre vocês para não se perder o fio do treino e dispersar esse início de encontro e dizer: "Vamos?" Ou melhor, sejamos todas/os responsáveis pelo canalizar do início, certo? E assim, vamos!
Era um palco, um pequeno teatro/auditório. Um espaço usado mais pela comunidade dali do que para apresentações artísticas necessariamente. Na perspectiva da realidade do Brasil: "Véi, eles tem espaço de ensaio!!!"e ainda "Véi!!! Tem até palco!"... e para as/os entendedores: "Não vai rolar vizinha/o reclamando!!!!!"
Por conta do show da próxima segunda-feira, o treino desse dia foi focado em jogos, especificamente os quais iriam apresentar no bar em alguns dias. Vale apontar que o grupo tem aberto os treinos para algumas outras pessoas como o próprio Zeca, então eles conseguem treinar com pessoas diferentes. Neste dia éramos ao todo 07 pessoas, sendo que o Improv FX é formado por 3.
Exercício #2: Contando Palmas (os nomes não importam)
Em duplas. Como uma brincadeira da infância (como sao tods as naturezas de jogos) de bater palmas em conjunto, o objetivo de execução é aumentar o número de palmas na sequência crescente e decrescente. Para explicar, chamareid e "palma individual"(PI) aquela em que a pessoa bate palma usando somente as suas próprias mãos e "palam conjunta" (PC) quando a palma se dá quando as suas palmas batem nas palmas da outra pessoa.
- 01 PI (ao mesmo tempo)
- 01 PC
- 01 PI
- 02 PC
- 01 PI
Aqui se pensaria que a próxima ação seriam 03 PC, três palmas conjuntas, já que foram 1, 2 e agora seriam 3. Porém o jogo cresce de depois decresce. E aí cresce novamente avançando. Voltemos em 02 PC:
- 02 PC
- 01 PI
- 01 PC
- 01 PI
- 03 PC
- 01 PI
- 02 PC
- 01 PI
- 01 PC
- 01 PI
- 04 PC
- 01 PI
- 03 PC
- 01 PI
- 02 PC
- 01 PI
- 01 PC
- 01 PI
- 05 PC...
Quando se erra, começa novamente do início.
Comentários e Observações:
- Olho no olho é mais fácil apra umas/uns e mais difícil para outras/os.
Exercício #3: Multipla-atenção numérica
O grupo anda pelo espaço e a partir de um comado externo executa ações correspondente a números que são ditos. Exemplo: quando se diz o número 01, todas/os pulam; 02 todas/os ficam em estátua; 03 todas/os espirram.
Variação: Começa a se ter um comando de palavra equivalente a um número. Exemplo: 01 é também "Abacaxi". Então se quando se escuta 01 você pula, o mesmo deve acontecer quando escutar "Abacaxi".
Comentários e Observações:
- Este é um exercício básico de teatro para mim. Faço constantemente e o comando constantemente há pelo menos 20 anos. E nunca tinha jogado esse tipo de variação. Ah! Brilhantes dedos na nossa cara que essa vida nos dá! Há!
Exercício #4: Vídeo Controle Remoto
A cena começa a partir de uma sugestão. Uma pessoa comanda de fora a cena como um controle remoto de TV, dizendo comandos como: Pause, Passar a frente, Ascelerar, Voltar, etc.
Comentários e Observações:
- No comando de voltar, as ações são feitas de trás para frente, assim como as falas que são ditas, porém não preciso falar as frases ou palavras de trás para frente.
Ex.: A cena começa com:
A: Eu quero sorvete!
B: Só tem chocolate!
(Volta)
B: Só tem chocolate!
A: Eu quero sorvete!
Exercício #5: Dublê (ou como se diz cá: "Duplo")
A cena começa a partir de uma sugestão. Semrpe que alguém em cena vê uma oportunidade ou se vê em uma situação "perigosa", chama por um/a dublê. Desta forma a cena pára, quem estava e pediu por dublê sai justamente para a/o dublê substitua até o momento que o "perigo" passou, dando espaço para que quem saiu volte e continue a cena.
Comentários e Observações:
- Quem pede a/o dublê é quem vai ser substituída/o
- A/o Dublê procura não falar, para que viva a ação e deixe a "interpretação" para a/o atriz/ator.
- Todas as pessoas da cena podem pedir dublê
- Um/a dublê pode pedir dublê, se favorecer a cena, obviamente.
Exercício #6: Crise Heróica (Jogo de Adivinhação)
Jogo de 4 pessoas, sendo uma do publico. 3 participantes saem para não ouvir as definições que serão realziadas com o publico, uma ds pessoas que sai é a/o convidada/o do publico. A pessoa (A) que ficou define a partir de sugestões da plateia: qual é a crise, onde se passa a crise e quem precisa ser salva/o. Chama-se a/o primeira/o heroína/herói (B - que é um/a das/os improvisadoras/es). Em mímica A trasmite para B as informações. A pessoa do publico (C) é chamada e recebe em mímica as informações trasmitidas por B. A última pessoa (D) é chamada e recebe de C as infromações em mímica. Por fim, cada um/a se apresenta como Super-Heroína ou Super-Herói e narra seu feito a partir do que compreendeu das informações.
Ex: - Eu, a Super Ruiva, vou salvar Coco Chanel do desaparecimentos de desodorantes em Paris!
Comentários e Obervações:
- Eles não sabem sambar
Exercício #7: Free Form/Long Form
A partir de uma sugestão, se improvisa livremente em grupo uma história.
Comentários e Observações:
- É bem bacana depeois de alguns cursos experimetnados com intensidade neste ano, ver como um free form vai criando seu próprio universo. Com diriz o Gael Perry (improvisador francês): é ir descobrindo as regras enquanto se faz. E isso é um puta poder de observação, escuta e presença.
- Também foi bem gostoso poder explorar as diferentes edições que andei por aí a aprender, que não tenho tanta oportunidade de praticar.
Ao final do treino, e por que não, uma cervejinha para fechar e conversar.
Vale compartilhar que o André Sobral conduziu o treino deste dia e usou um aplicativo chamado "What to draw" para trazer sugestões de inspiração de cenas.
Quanto a mim... Eu estava com bastante sede neste dia. Não só da cevada, mas de treinar, de começar algo em Impro cá. Me senti extremamente bem acolhida, pelo Zeca que abriu várias portas e pelo grupo. De repente até demais, acionando a minha personalidade tratorzinho... Equilíbrios que vamos achando todo dia, enfim! Senitmento de gratidão! Portugal... menos de duas semanas e me acolhendo com o que pedi ao universo. Eita!
***
Show de Segunda-feira. Joker Loung, Laranjeiras, Lisboa, Portugal.
Improv FX com convidados no Joker Lounge
Bar super charmoso e Geek. O Improv FX traz essa característica Geek também, principalmente vinculada em filmes. E as sugestões que pedem a plateia permeiam esse universo também. Pense na minha felicidade?! Um espaço limitado de palco, mas bem possível, organizado. Improv FX com seu figurino pensado para a apresentação ali, camisetas do grupo, todos de preto e comecemos.
Fizeram os jogos que treinamos na quarta anterior: Vídeo controle Remoto, Dublê e Crise Heróica. Ao final fizeram também o que chamaram de "Cenas Improváveis" e que eu conheço por "Chutando o Balde". Mais uma vez, os nomes não importam. Para este último chamaram outros improvisadores que estavam na plateia. E a partir de sugestões do publico, fizeram breves cenas improváveis de filmes sugeridos.
Não, eu não fui, Sim, eu fui convidada com muito carinho. Mas confesso que não queria entrar naquela altura do show e ser a única mulher ali. Carregar o peso que viria do publico por ser a única mulher ali. Às vezes dá apra comprar essa, às vezes a gente não quer. Vale ressaltar que, se eu fosse do grupo, estivesse como convidada desde o início, seria uma situação diferente, tempo de palco com o publico quebra as barreiras. Mas em um jogo só, no final, com um bocado de gente nova que também subiu, muita expectativa. Fiquei ali a assistir e aproveitar de outra maneira. E no pós-show, muitas conversas interessantíssimas a respeito e sobre respeito, nào apenas na questão da mulher na Impro, mas da preença negra, das/os gordas/os e dos driblês e enfrentamentos. Política com certeza, e mais uma cerveja. Conheci mais improvisadores, grupos outros, conversas a mais, novos abraços.
***
Fechei duas semanas em Portugal. Fui acolhida com muito carinho pelas/os minhas/meus colegas na Universidade de Lisboa, pelo Improv FX, pelo Zeca e pela família da amiga e atriz Lanna Guedes. O querido Gustavo Miranda também estava por aqui e graças a ele, tenho mais entrevistas para o documentário, encontrei o Zeca, outras pessoas e novidades e assisti ao meu primeiro espetáculo de Impro por aqui, o "Pior Espetáculo do Mundo" do grupo Commedia a la Carte com improvisadores fodas (incluindo o Gustavo)! Presentinho de aniversário! Novos ciclos mesmo!
Acolhida pela mulherada. Sábado foi dia de manifestação das mulheres #elenão que aocnteceu no Brasil e várias partes do mundo, aqui em Lisboa também, eu estava lá. Aos poucos a gente se equilibra, principalemnte quando as portas lhe são abertas com sorrisos. Muita gratidão.
Acolhida pela mulherada. Sábado foi dia de manifestação das mulheres #elenão que aocnteceu no Brasil e várias partes do mundo, aqui em Lisboa também, eu estava lá. Aos poucos a gente se equilibra, principalemnte quando as portas lhe são abertas com sorrisos. Muita gratidão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário