Em Brasília faço parte do grupo de teatro Novos Candangos. Não é um grupo de Impro, mas temos a improvisação como ferramenta e aliada em nossa montagens. "A Falecida" de Nelson Rodrigues, direção de Diego de León, foi nosso primeiro espetáculo e, na brincadeira com o futebol e as indicações de rubrica, temos um jogo vivo em cena em que objetos são ressignificados (ex.: a bola de cristal de Madame Crisálida pode ser um rolo de papel higiênico, um espelho, etc. Cada dia um objeto em que o ator que interpreta a personagem interage e "lê" a sorte de Zulmira com o objeto da vez, sem figura-lo como bola de cristal), o diretor dirige o espetáculo ao vivo interferindo com o megafone, etc. Este processo em especial teve na preparação de elenco a minha pesquisa de treinamento em viewpoints e Impro. O segundo espetáculo "Os Beatniks em 'A Gaivota'" com dramaturgia do nosso diretor Diego de León baseada na obra "A Gaivota" de Anton Tchekhov. Um grupo de teatro fictício, Os Beatniks, ensaia "A Gaviota", e o limiar entre ficção e realidade se confunde com o apoio da improvisação na interação com o publico e aberturas do roteiro. Em "Perdoa-me por me traíres" também de Nelson Rodrigues a improvisação teve espaço nos ensaios, nas descobertas de movimentação e cenas. Há a personagem do diretor Diego de León, que vaga sem parar pelo cenário em movimentações inconstantes e atentas, o que mantém em todo o resto do elenco a mesma viva presença. E nosso quarto espetáculo "Os Beatniks em 'Psicose'", dramaturgia do diretor baseada no filme "Psicose", no livro e nos bastidores do filme (livro e filme sobre), temos também a improvisação brincando de borrar a realidade e a ficção. Em cena "Os Beatniks", grupo de teatro que não existe, desiste do teatro e envereda pelo cinema no clássico de suspense de Hitchcock. O publico acompanha, normalmente em espaço alternativo (até o momento só relaizamos o espetáculo em Hostels) o fazer do filme, que é projetado em tempo real no mesmo espaço em que é feito. As relações das personagens de equipe (atrizes/atores e técnicas/os do filme) se intensificam com as personagens da história, e a improvisação conduz entre as falas decoradas essas relações que se estabelecem em intensidades diferentes à cada dia. Assim também como a interação com o publico. Nossas próximas apresentações desse espetaçulo se darão no Festival Internacional de Teatro de Brasília Cena Contemporânea em agosto de 2018. #ficaadica
Foto Arte retirada da Página do Novos Candangos no Facebook
Conto esse caminhar dos Novos Candangos com a improvisação para, além da propaganda das próximas apresentações, explorar um pouco uma ideia, um pensamento, ou provocação que apareceu nas experimentações em grupo no início deste ano.
Começamos a explorar por improvisações conduzidas entre nós mesmos, temas e estruturas que nos interessam pesquisar para a feitura de um novo trabalho. Entre os "jogos" propostos a estilo RPG, criação de avatares, etc., encontramos entre as nossas dificuldades de alguns dias o deixar a his'toria ou o jogo (quando não se tinah exatamente uma história) fluir e avançar. Por vezes permanecíamos em círculos sem conseguir sair do lugar. E sim, há muitas ferramentas na Impro para nos ajudar a exercitar isso e nos socorrer nessas horas. Ao mesmo tempo, que um dos nossos encontros finais, antes de eu ingressar nesta jornada ao menos, eu levei alguns jogos de tabuleiros ao ensaio para jogarmos e, além de nos divertimos em grupo, também analisarmos essa estruturas e regras que são pensadas para deixar o jogo fluir, com lberdades de estratégias, ao mesmo tempo que o faz avançar.
Em especial, levei o jogo "Explendor" de Marc André (emprestado pela amiga Larissa Rosa). Que é um jogo simples e divertido que permite o desenvolver de ideias entre jogadas e ao mesmo tempo força as/os jogadoras/es a agir depois de um tempo. Particulamente, esse é um dos meus pontos fracos. Pela estrutura do jogo você pode acumular peças sem agir diretmente no jogo, pode traçar a sua estratégia, mas em mais ou menos 3 ou 4 rodadas, as regras lhe obrigam a tomar uma atitude, a ser parte agente e desencadeadora de novos lances dentro do jogo das/os outras/os. Asssim, cada um/a no seu próprio jogo se vê dentro de um jogo único e conjunto.
Nessas estratégias de criar jogos vejo novamente as regras como apoios e não limitações. E tudo depende do conhecimento delas, do porquê de suas existências, porque o entendimento as flexibilizam.
Talvez por saudade ou pela promoção na loja, eu acabei de comprar o jogo. To aqui jogando sozinha tentando traçar esse paralelo para Impro. As conexões começam a fazer sentido e são apensas ferramentas. Porque no final das contas é estar atenta/o ao que se passa em você e entre vocês em cena. Aquela escuta, ou presença ativa. Aquele conceito que é do teatro em si. Quele ouvido interno e externo qeu Peter Brook fala em um de seus livros (ou talvez seja Yoshi Oida... ou talvez Eugênio Barba... as referências estão a ser misturar aqui dentro) em que o contador de histórias escuta a si e ao mundo ao mesmo tempo.
Ás vezes, sair da caixinha da categoria (Teatro, Impro, Arte, que seja) nos faz enxergar o óbvio que não não víamos antes. Ou nos traz perspectivas diferentes. Aquele negócio lá de ouvir nosso universo, mas interagir com os outros, o ouvido interno e externo.
E entendo, este post não avançou muito, deu meio que voltas no mesmo lugar... Algo a trabalhar, né?
Estou de volta ao Brasil em uma semana, quem quiser jogar comigo, só ligar!
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