segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Muito Prazer, Subiremos ao Palco em 5 Minutos!

"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora, eu queria ser trapezista. Minha paixão era o trapézio, me atirar lá do alto na certeza de quem alguém segurava minhas mãos, não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo. Tinha medo de tudo quase, cinema, parque de diversões, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo, do que não ficava para sempre." (trecho de "A Trapezista do Circo" de Antônio Bivar)

Quanto mais intimidade se tem, melhor se joga, pois não improvisa-se do nada, não é mesmo? Numa perspectiva de sujeitos como comunidade (Vicent Colapietro) em que somos seres históricos, culturalmente inseridos nas relações, não nos é possível nos tornar uma página em branco e criar "do nada". Criamos de nós mesmas/os, das nossas vivências, referências, do que temos à nossa disposição no momento. O treinamento em Impro é o que nos permite perceber (ouvir/preseça plena) e aceitar o que está em nós e a nossa volta como ofertas à cena. Também nos oferece, a partir desse princípio, ferramentas para desenvolver narrativas, personagens, movimentos, efeitos cênicos e relações.  Neste ponto, a intimidade de um grupo que improvisa, se conhece, se decifra em olhares e referências comuns do tempo que compartilham juntas/os, abre não somente ofertas, mas um universo paralelo de possibilidades. A intimidade permite o toque, a aproximação, o entrar em casa e tirar os sapatos sem o medo do desrespeito.

E ao mesmo tempo que é extremamente fecundo se jogar (atirar-se a, ou brincar) com quem se em intimidade, num lugar de conhecimento e pertencimento de relações, a Impro permite entre pessoas desconhecidas, que nunca se viram antes, encontrar uma conexão rápida, por vezes profunda, para o desenvolvimento de cenas.

Eu comento na minha dissertação de mestrado sobre a diferença entre intimidade e cumplicidade (e como considero ambas como princípios de treinamento em Impro). Também narro um momento que foi especial em relação a Impro quando fiz, em 2011, um curso intensivo de Impro no centro de Treinamento The Second City de Chicago (EUA). No último dia nosso professor Micah Philbrook nos informou que nos juntaríamos a outra turma para jogar. E que, apesar de cada qual ter tido experiências diversas, exercícios diferentes, háviamos sido treinadas/os nos mesmos princípios e agora falávamos a mesma língua (o que para mim, improvisando em inglês e fundindo meus neurônios com isso, fez sentido em dobro). Falar a mesma língua é conhecimento, é cumplicidade, é um grau de intimidade, conexão e comunicação.

Eis que estou em Portugal, a falar um português, e que me convido sendo convidada a participar do Festival NIM - NOITE IMPREVISTAS promovido pelo grupo Improvisto. 

Dia 19/10/2018, noite de Abertura do Festival. Até então só conhecia pessoalmente o técnico/improvisador de luz Pedro Caseiro e o improvisador Paulo Cintrão do grupo Sem Rede (com o qual eu me apresento no dia 31/10/2018 no espetáculo "A Origem do Medo"). As demais pessoas, só por conversa de whatssap com informações pontuais (à uma brasileira perdida) e o telefonema de primeiro contato com o Mário Abel via celular (telemóvel) do André Sobral. O Festival se organiz num novo fomrato em sua quarta edição, ao invés de espetáculos de diferentes grupos, o Improvisto apresenta seus diversos formatos de espetáculos tendo o elenco formado por improvisadoras/es de diferentes grupos (e comigo e o Zeca Carvalho, agora também diferentes países, hehehe). 

Às 20h do dia da apresentação nos encontramos e então conheço o pessoal do Improvisto: Lúcia Magalhães, o André Pedro, o Mário Abel; e também a Sarah Afonso do grupo Cardume, e o músico André Mesquita. Esta noite foi a noite de jogos formato curto do festival. Passamos os jogos rapidamente e assim tiramos as dúvidas de regras e nos conhecemos em cena um pouquinho/bocadinho.

Da esquerda para a direita de baixo para cima: Eu, Lúcia Magalhães, Paulo Cintrão, 
Sarah Afonso, Mário Abel, André Mesquita (na horizontal) e André Pedro.

E ali falando nossos portugueses e nossas Impros desenvolvemos cenas conectadas, divertidas e com seu algum sentido, hehehe. Digo isso porque na estrutura de jogos, as narrativas/histórias não são necessariamente o foco principal, por vezes nem sequer importam. Nesta noite, além dos desafios a cumprir em cena em cumplicidade com o publico, contamos histórias curtas, que mesmo dentro da sua loucura, faziam... seu sentido próprio. E quando isso acontece, para mim ao menos, é um êxtase no trabalho com jogos. Outra curiosidade é que eu não me apresento oficialmente e em "português" (fora as finalizações de cursos nos Estados Unidos) no formato curto de jogos desde... desde... 2005 ou 2006. 

Jogos da Noite:

1) Dublagem/Dobragem
Duas pessoas em cena ficam com a ação e fala em gramelot (que soa uma outra língua) enquanto outras duas fazem a tradução/dublagem instantânea da cena.

Eu e Mário como "atrizes/atores" da cena, Cintrão na voz/tradução do Mário e Lúcia na minha. Duas pessoas falando gramelô hebraico (e depois gramelô checo por mudança do Mestre de Cerimônias André Pedro) no zoológico na frente da máquina de lanches. Até perceberem que os lanches eram diferentes e não eram para humanos, era para sulicates. O que, por conta disso e da provocação de atirar comida nos animais ("Nunca atire comida aos animais") insitou-os ao ataque. Checocaecacheaca!

Observação: reescrever a história improvisada, além de um puta exercício para a memória, é um ótimo exercício de escrita, pirncipalemnte se for em estrutura de cena.

A história fluiu bem, tateando seu lugar no início e desenvolvendo um plot simples e que trazia simpatia das perosnagens ao publico: duas figuras inocentes, bobas até, em apuros selvagens. Não definimos qual a relação das personagens (pensando no triângulo defendido de definir Quem, O que e Onde)... e tudo bem. Sim, talvez isso acrescentasse mais informações na qual pudéssemos desenvolver mais a história, isso e qualquer outra informação. Essas indicações ou ferramentas ajudam, mas não são imprecindíveis. Posso me maquiar usando pincéis ou meu próprio dedo, o importante é usar bem o que se tem. Foi um bom auqeicmento de interação com o publico, a plataforma de espetáculo.

2) Objetivos
Duas/ois improvisadoras/es recebem objetivos de cena sugeridos pela plateia, um/a não sabe o objetivo da/o outra/o. A meta é cumprir o objetivo sem falar o que é. Os objetivos são direcionados à outra pessoa, fazer com ela faca algo específico.

Eu e Sarah como um casal divorciado. Eu tinha o objetivo de fazê-la beber direto da caixa de leite e ela teria que me fazer escovar os dentes com hashi (este é o nome dado aos "pauzinhos" para se comer comida japoneza, diga-se de passagem, hehehe. Quando eu finalmente descobri o objetivo da Sarah, usei o termo "hashi" e rolou uma dúvida cúmplice com a plateia se era mesmo aquilo). As duas se encotnram depois de muito tempo para um chá. - A ideia do chá me ocorreu por conta de uma conversa com a Sarah antes da apresentação, o que evidencia aqueles momentos de intimidade, mesmo que instantâneos, se matrializarem em cena e cumplicidade -  E entre pequenas alfinetadas de "como está sua vida sem mim" e "você sempre fez ou faz isso", a Sarah rapidamente tomou o leite da caixa, porque tradicionalmente era assim que os chineses faziam (obviamente não). A tradição chinesa da cena veio pela minha inciiativa do chá, cerimônia do chá chinês, e da observação da Sarah às novas fotos da casa e todas as viagens que eu havia feito pelo oriente. Ela também observou que eu tinha algo no dente, mas antes que eu pudesse escova-los, ela precisava usar o banheiro/cada de banho. Oops! Ela derrubou minha escova no vaso sanitário, sempre destruindo minhas coisas. Neste momento já entendemos que eu deveria escovar meus dentes com qualquer outra coisa. Por que não meu dedo? (sim, eu uso meu dedo para maquiar, para escovar os dentes, o que há de mais natural que um dedo?). Tocam a campainha. Mário como entregador, trás comida japoneza. Algo faz sentido... Ainda não muito sentido. Talvez a capinha tenha sido bem antes, porque tocam a campainha novamente e é novamente o entregador que fala "japonês". Ele havia esquecido de entregar os hashis! E... opa! Será! Pois sim, posso usar o hashi para me maquiar!

Observações: este é um jogo de cumplicidade direta com a plateia. Ela sabe de algo que nós no palco não sabemos. Tem todas as informações secretas. Mas não tem todas as informações porque, é improviso, ninguém relamente as tem até serem definidas. A tentativa e o erro são aliados. É preicso errar! Vai para vida isso, ok? É preicso errar! E como o apoio das/os coleguinhas, fazer algo com o "erro". Véi, a gente devia cobrar o preço de uma sessão de terapia por ingresso!

A cena fluiu bem, a relação entre nós ficou forte. Tínhamos aqui, sem esforço o quem, o que e onde. E talvez (com certeza) o tempo que passamos a conversar antes da apresentação, a empatia entre nós, fortaleceu ainda mais essa relação em cena. Aqui a história não era em si importante,era este encontro.

3) Entra/Sai acumulativo
Um/a improvisador/a começa uma cena solo. Com o sinal da campainha da/o Mestre de Cerimônias, entra uma segunda pessoa começando uma cena completamente diferente, mas aproveitando as formas corporais de quem estava. Nova campainha, mais uma pessoa entra e começa nova cena. Isso continua até todas/os estarem em cena, então começa a volta. Com o sinal da campainha a última pessoa a entrar arranja um motivo e sai de cena. Assim, a cena anterior a esta continua. O mesmo acontece até só restar uma pessoa, a primeira, que finaliza seu solo.

A partir da sugestão de "colecionar selos" todas as cenas se inspiraram e foram criadas: "Cintrão" fez como solo um ator a ensaiar. Entrou Lúcia e fizeram uma cena nos correios em que "Cintrão" não teria dinheiro para os selos e precisava enviar o cheque para sua mãezinha doente e "Lúcia" propõe como atendente um pagamento sexual. Entrou Sarah... eu não lembro!!! Entrei eu: Somos um grupo a selar o pacto com a nova integrante da seita em que lançamos verdades. Entrou o Mário: e eu não lembro dessa também! Saiu o Mário. Voltamos à cena da seita e agora tínhamos uma nova deusa entre nós. Saí eu para pregar sua palavra ao mundo. Voltou para a cena que eu não lembro, e saiu a Sarah. Voltou a cena dos correios em "Lúcia" e "Cintrão" se assumem como casal e o próximo passo é apresentar a namorada à mãezinha. Sai Lúcia. "Cintrão" agradece ao público pós sua apresentação solo de teatro. 

Nesta cena nossa conexão foi sendo construída, olhares, propostas como tentativas. Primeira cena em que todas/os interagiram. Assim, em relação as demais, foi um pouco mais "fraca". O jogo foi feito, executado e passou bem, só não tão bem quanto os demais, o que talvez a minha falta de memória seja uma indicação (ou somente o fato do meu HD estr cada vez mais cheio...). O"ritmo" , ao meu ver, foi do entendimento dos ritmos e vibrações. O que, por sua vez, fez toda a diferença para o jogo seguinte em que todas/os participamos e os elos de escuta e permissões conjuntas já tinham sido testados neste jogo cá.

4) Estilos
Uma cena se desenvolve mudando o seu estilo conforme indicação da/o Mestre de Cerimônias.

Na selva brasileira, duas/ois caçadores procuram o pássaro raro Irarucu Vermelho. Com a ajuda dos coelhinhos (super comuns nas florestas brasileiras) pela influência do estilo Disney, e cobras, encnontram o Irarucu Azul responsável por esta busca. Buscar o Irarucu é buscar a si próprio, seu elo com o mundo. E nesse meio de faroeste, livro RPG, musical, falar em sotaque português e brasileiro, o caçador gonzales na verdade é um Irapuru roubado quando pequeno e filho do Irarucu azul. Se enfrentam. Tragédia, morte, drama... A descoberta filosófica de quem somos e onde viemos. Se liga na potência poética!

5) Narrador Intrometido
Cenas se desenvolvem, e a/o Mestre de Cerimônias faz indicações e provocações que revelam segredos ou desafiam as/os improvisadoras/es em cena.

Uma funerária que atende principalemnte filhas/os que assassinam suas/seus progenitoras/es. Um filho (Mário) quer o caixão para o pai onde já está a mãe (eu) de alguém (Sarah). O atendente (Cintrão) faz a ligação entre as/os clientes, que resolvem enterrar pai e mãe no mesmo caixão. Nisso Lúcia tenta começar cena nova, mas não se sabe bem ao certo. Saem as/os demais e eu fico. Lúcia está a falar de flores. Eu estou a seus pés e dali, ela é a outra filha que o fantasma da mãe pede vingança (Óh, Hamlet!). Voltamos a funenária. O casal de assasinas/os tenta se esconder. Ele entra no caixão da mãe e é assediado pelo cadáver possuído enquanto as irmãs discutem a relação e como uma sempre se sentiu preterida pela outra. O problema causado pela mãe. As intervenções do narrador intrometido, o André Pedro, trouxe à tona segredos, sentimentos, confissões, poesia e a música final que era a música tema desta "mini-série" criada: "As pessoas mortas...". Blackout!

Com a participação de todas/os e agora com as relações e possibilidades plenamente quentes entre nós. Até os ruidos de comunicação/escuta, foram usados. O que torna mais uma questão de tempo do que de falta de escuta. Foi a não percepção de nova cena a começar que me manteve em cena como morta e que com isso fez o link entre as filhas e a vingança do fantasma da mãe. Tirando a filha assassina de dois nomes (graças a minha falta de atenção, mea culpa, chibatadas nas minhas costas, óh!) foi uma delícia estupidamente divertida. A Sarah usou em cena na bria entre irmãs uma conversa de camarim sobre a minha curiosidade em que o interruptor das casas de banho por cá ficarem do lado de fora do banheiro. Minha teoria e que isso foi criado por alguém que era a/o irmã/o mais velho para atormentar a/o caçula. Esse argumento foi usado em cena. E fez sentido na cena e entre nós que participamos anteriormente do "debate". Elos, encontros vivos, nesta mini-série de pessoas mortas... "As pessoas mortas..." ressoaou mais dois dias em meus ouvidos.

E de toda essa experiência, novidades, pessoas desconhecidas, eu me vejo com medo de altura e me atirando do alto na certeza de alguém vai segurar as minhas mãos não me deixando cair. Mesmo que eu não conheça quem vai me segurar. Soa romântico, eu sei, mas a questão é que também é verdadeiramente romântico se abir ao desconhecido. É a jornada de qualquer aventura, da pequena à grande. E, se nos consideramos sujeitos como comunidade, se não improvisamos do nada, se falamos a língua Impro, então esse desconhecido não é tão desconhecido assim. E a Impro começa bem antes do espetáculo, bem antes das conversas de camarim, bem antes da decisão de comprar o ingresso (porque começa com o publico também), bem antes de nós, com as "pessoas mortas...", que assim se tornam tão vivas, ou voltam a vida.

Fui longe, eu sei, mas tudo isso vem de bem longe e bem perto. Espero que estes meus relatos, desabafos, análises, que me são aprticulares (as/os improvisadoras/es que estiveram comigo no palco podem ter tido uma percepção completamente diferente, e isso é ouro), sirvam para se pensar um pouco do que nos aocntece em cena, como e porquê nos acontece. E assim, nos fortaleça ao perceber que há uma base poética, teórica que nos é natural para desenvolver o que fazemos. Ao perceber nossa conexão, saber usar nossos tempos com gentileza e força.

Minha primeira apresentação em terras portuguesas. Gratidão e empolgação imensa! Que venham mais (Dia 31/10 está a chegar)!

E tem disso também, de ser efêmero, de deixar encatar-se e soltar. De não ficar para sempre... O que também é paradoxal, já que a experiência, essa fica. Cola no corpo. É... vai rolar mais filosofia agora que eu voltei a estudar academicamente e estou a ler filosofia, teorias da arte e performance e todas as nerdices que fazem-me parte individualmente em conexão.

O NIM continua cá até sabado 27/10/2018 no Teatroesfera em Queluz, Portugal. Saiba mais pelo evento do facebook: https://www.facebook.com/events/2249503951949185/  Aliás, espaço deveras charmoso!

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

E de novo e sempre novo: Novo grupo e Novos Pontos de Vista

Furacão Leslie se aproxima... Isso é novo para mim. 46% de brasileiras/os escolhendo o ódio... Tudo muito, muito novo para mim.

Fecho aqui um mês em Lisboa. Um mês intenso em que ainda não sou daqui, não conheço a cidade, que minhas conversas mais demoradas são com o Brasil e/ou sobre o Brasil. Nem lá, nem cá ao mesmo tempo que estou aqui.

Efervecescente. As aulas começaram e uma injeção de filosofias, questionamentos, livros (parceiros queridos) já começam a se integrar com possíveis caminhos na pesquisa acadêmica em Impro. Genética Teatral? Mapeamento do pensamento criativo da improvisadora? Dramaturgia? Direção? Filosofia e Impro? Poética (ética e estética) em Impro?

Os treinos com o Improv FX às quartas-feiras à noite me alimentando, fazendo sentir-me bem vinda, e ainda com espetáculo geek para a gente apreciar. As conversas com o Zeca Carvalho, e dois convites mais que especiais para estar em cena neste mês. O NIM - Noites Imprevistas é um festival de Teatro de Improviso aqui de Portugal que está em sua quarta edição e eu terei a felicidade de subir ao palco e improvisar com o pessoal daqui. 


(https://www.facebook.com/events/2249503951949185/)

Dia 31 de outubro o grupo Sem Rede apresentará seu espetáculo de Impro de Halloween "A Origem do Medo" e eu também terei a honra de dividir o palco, ou melhor, os corredores, quartos, salas da Quinta da Ribafria em Sintra.



(https://www.facebook.com/SemRedeImproviso/photos/a.502773423167153/1766471910130625/?type=3&theater)


Tudo isso já seria mais que suficiente para a minha ansiedade e gratidão atacarem em peso. (E sim, eu estou a tomar floral). Mas não pára por aí. Nesta semana também começaram os treinos com a Mariana Bouhon Chilão e a Rita Tavares. Nosso encontro, como mencionei da postagem passada, foi proporcionado pelo querido Gustavo Miranda.

Treino 11/10/2018 - Espaço Crew Hassan

As meninas quiseram e toparam o meu sistema de treinamento em Impro, proposto e testado no meu mestrado (link da dissertação) e que, após 5 anos, já sofreu também modificações. Nossa proposta:

1) Treino físico com circuito de condicionamento físico pontual para alongamento, respiração, fortalecimento do centro e extremidades. A palavra condicionamento me foi questionada durante o mestrado, já que diante de tantas teorias do teatro pensarem a la Grotowski em descondicionar o corpo, estava eu cá a falar de condiciona-lo. Mas como toda discussão em arte é preciso de ponterar o contexto e este aqui é o de dar condições mínimas para um trabalho físico intenso.
Como em Impro não sabemos o que nos será exigido, pensar um corpo ativo me faz sentido. Não, não é "preciso" diante da perspectiva que a linguagem teatral, que a "treatralidade" permite que se figure poeticamente em cena o esforço físico, como por exemplo: Eu não preciso correr por 10 minutos num espetáculo que passa numa maratona, meu dedos podem faze-lo por mim, posso criar narração, usar objetos, etc. Porém, me agrada que isso me seja uma escolha mais do que a única saída porque eu não aguentaria correr por 10 minutos.

Desta maneira nosso treino Físico, até o momento dura 30 minutos, e se dá assim (semrpe observando questões de segurança e posicionamento para evitar lesões futuras):

- 5 a 10 minutos de chegada. De estar, encontrar, respirar.

- 15 Saudações ao sol: onde alongamos conjuntamente e conectamos nosssas respiações e ritmo de grupo.

- 3 sequências de circuito Isométrico:
* Apoiar-se na parede sentando-se em 90 graus (60'' na primeira volta, 45'' na segunda e 30'' na terceira) - fortalecimento pernas.
* 15 abdominais (pode ser remo, tradicional alto ou alternando as laterais. Pode fazer o mesmo nas 3 voltas ou alternar um diferente em cada volta, mas sempre o mesmo numa mesma volta do circuito) - fortalecimento centro.
* 15'' de abertura frontal de pé - fortalecimento pernas, virília e alongamento
* Prancha (45'' na primeira volta, 30' na segunda e 20' na terceira). Pode ser com os braços esticados, com os cotovelos no chão ou alternando, porem sempre manter o mesmo tipo numa mesma volta do circuito) - braços e centro.

- 60'' de alinhamento postural sentadas

- 30'' compensando o alinhamento ao enrolar a coluna para frente (sentadas)

- Aquecimento vocal
* 4 controles de ar em 12'' em BR
* 4 controles de ar em 12''  em TR
* 4 bocejos do agudo para o grave e do grave para o agudo em BR
* 4 bocejos do agudo para o grave e do grave para o agudo em TR
* Trabalho de dicção com o alfabeto e os finemas vogais usando a letra "R" no meio. Ex.: Ara, Aré, Arê, Ari, Aró, Arô, Aru. Bra, Bré, Brê, Bri, Bró, Brô, Bru.
* Trabalho de dicção com o alfabeto e os finemas vogais usando a letra "L" no meio. Ex.: Ala, Alé, Alê, Ali, Aló, Alô, Alu. Bla, Blé, Blê, Bli, Bló, Blô, Blu.
* Aprender e cantar em conjunto uma música

Observações e comentários:
- No primeiro dia o treinamento físico e as recomendações posturais para evitar lesões foi apresentado e feito de maneira mais leve, apra o entendimento e correção. Eu, como guiava, fiquei de fora neste primeiro dia. No segundo, fizemos o treino completo e todas juntas. Isso também fez todo sentido pelo espaço físico de treino. No primeiro dia foi na sala do apartamento em que estou hospedada (espaço pequeno, não podendo fazer muito barulho ou movimento por conta de vizinhas/os). No segundo dia tivemos uma sala de ensaio ampla no Crew Hassan, um café, loja, super alternativo e receptivo.
- O treino físico também vem como uma filosofia de trabalho: traçar um ritual de início, um gatilho de estado de presença, u momento de conexão de grupo.
- A escolha de se ter música cantada no treino vem a acrescentar algumas idéias em conjunto:
* trabalharmos o canto e a musicalidade em si
* vencermos a verginha de cantar em publico (que nós três tempos)
* dividir músicas que gostamos umas com as outras
* criar um repertório/vocabulário musical comum que pode ser usado ou não em nossas improvisações
- Ficaremos em uma mesma música até que uma nova seja proposta por uma das integrantes do grupo. A primeira música que estamos a trabalhar é "Desde que o samba é samba", um dos meus sambas favoritos.

2) Treino de Viewpoints
Os Viewpoints foram trazidos da dança contemporânea para o teatro pelas diretoras estadunidenses Anne Bogart e Tina Landau. É um sistema de treinamento, ao mesmo tempo que pode ser um vocabulário de grupo, ou ainda uma metodologia de criação, e tem por base a improvisação como caminho. São 9 pontos de vista (viewpoints) entre TEMPO e ESPAÇO. Simplificando uma explificando uma explicação para que se acompanhe o pensamento do treino (pelo Amor, não vai copiar e colar essas informações dizendo que essa é a teoria dos Viewpoints):
TEMPO
- Ritmo/velocidade: quão rápido e quão devagar se movimenta.
- Duração: quantidade, por quanto tempo, vezes  se executa uma ação ou movimento (unidades de tempo ou parâmetros como: por 3 voltas, enquanto se fala, etc.)
- Repetição: refazer, fazer de novo, e sempre novo porque se está presente. Não é uma ideia de imitar e sim de executar novamente. Pode-se se repetir uma parte do movimento, ele inteiro, só a velocidade, a duração, etc.
- Resposta Sinestésica: uma resposta/reação do corpo por inteiro, todos os sentidos, a algo. 
ESPAÇO
- Arquitetura: o espaço físico em si (paredes, chão, móveis, texturas, luz, sombra, etc.)
- Relação espacial: a distância entre os corpos (planos, dimensões, etc.)
- Topografia: o desenho que se faz pelo deslocamento no espaço
- Forma: o fromato que os corpos possuem ou adquirem. A forma é fixa/estática porem pode ser deslocada pelo espaço, como uma bola que será sempre curva mas que pode deslizar pelo chão. Se estourar a bola e ela ficar plana,a forma agora é outra, mudou, aquela não existe mais. As formas podem ser curvas, retas ou mistas.
- Gesto: seria o moviemtno em si, ou na perspectiva que gosto de trabalhar com meu colega e amigo Rafael Soul, o "entre formas", o trânsito de uma forma corporal a outra é onde se ecnotra o gesto. Pode ser comportamental (do dia a dia, realista se assim preferir) ou expressivo (extra-cotidiano)

A partir do trabalho com os viewpoints se tem uma consciência mais ampla do que se cria no enquanto se cria: improviso. Escolhas se tornam visíveis, a memória se ativa pela consciência e observação do que se faz enquanto se faz. Presença. Escuta. 

Observações e Comentários:
- Como proposta, começamos a trabalhar o viewpoints separamente para trazer a consciência a cada um. Mas esta é uma separação meramente didática de foco, pois os 9 pontos de vista estarão sempre ali... são pontos de vista.
- No primeiro dia nosso foco foi nos Viewpoints de Topografia, velcoidade (individual) e resposta sinestésica. Encontramos 5 velocidades individuais da mais lenta possível com deslocamento visível e mais rápida possível sem correr. Andando pelo espaço em topografia reta (desenhando retas pelo percurso do deslocamento), cada vez que semudava de direção, se mudava de velocidade consciente das 5 velocidades que trabalhamos. Depois de um tempo, acrescentamos o comando de que, toda vez que algo ou algo interromper seu caminho: deve-se sentar, pular ou seitar (pela Duração que desejar). é um exercício que gera teatralidade e significado no assistir porque ecnontramos corpos ativos e em relação.
- No segundo dia trabalhos novamente o ritmo/velcoidade, ams agora de forma conjunta. USando contagem de compassos de dança, estabelecemos 5 velocidades. 
* Velocidade 1: 8 tempos para cada passo
* Velocidade 2: 4 tempos para cada passo
* Velocidade 3: 2 tempo para cada passo
* Velocidade 4: 1 tempo para cada passo
* Velocidade 5: Tempo/Contra-tempo para cada passo
A partir daí coloquei um desafio coreográfico de espaço (topografia) e controle de velocidade. A coreografia se estabelece em tografia em linha reta vertical em vai e volta. 5 passo para frente. Vira para trás, de onde se veio. 4 passos. Vira novamente para a primeira frente. 3 passos. Vira. 2 passos. Vira 1 passo. Vira. 1 passo. Vira 2 passos. Vira. 3 passos. Vira 4 passos. Vira. 5 passos. 
* Desta forma se termina exatamente onde se começa
* Sempre começar com o passo contanto com a perna da frente
* Virar no eixo sem tirar as pernas do lugar
* Desafio: os 5 passos são na velocidade 5, os 4 apssos na velocidade 4, os 3 na 3, 2 na 2 e 1 na 1 (ida e volta). O virar é sempre na velocidade 4 (1 tempo para virar). Depois pode-se variar as velocidades em novas escolahs de desafios.
- Introduzi rapidamente o conceito de foco suave no primeiro dia. Também é um conceito das autoras dos Viewpoints. A Mariana estava com o olhar tenso durante a execução do exercício. O foco suave, como o próprio nome diz, é a ideia de suavizar, um meio olhar que expande a visão periférica e "despetrifica" o semblante.
- Eu me abstive para conduzir e observar no primeiro dia. No segundo já participei.

3) BANDEJA
A bandeja é um procedimento de treino e campo de criação e experimentação que a Julieta Zarza trouxe para o grupo de improviso Saída Sul. Nos nossos treinos desde lá, já começamos a mesclar com os viewpoints, de forma, que depois de assimilados, o treino de viewpoints fica com a bandeja.
A ideia da bandeja é a de se servir de vários elementos, dispoistivos e ferramentas cênicos e treinos físicos. Temos arobacias, micro-cenas, reações, interações, atenções, etc. Minha última contagem no Saída Sul constavam 62 elementos diferentes na bandeja.
Assim como os Viewpoints, cada elemento que entra na bandeja, é estudado. tanto para que não nos machuquemos, tanto apra treinar nosso olhar e consciência corporal.

Elementos do primeiro dia:

Individuais
- Olhar e apontar: olha-se para um ponto, depois, e só depois, se aponta para este ponto. Porém seguqem-se sempre as sequências: apontar com a mão direita e depois com a esquerda. Abrir o movimento de braço, abrir o moviemnto de braço, e fechar o movimento de braço, fechar o movimento de braço. De forma que: 
* Olha para um ponto, aponta para este ponto com o braço direito abrindo o movimento.
* Oha para um segundo ponto, aponta para este com o braço esquerdo abrindo o movimento e deixando o direito o máximo ainda para o que havia apontado
* Olha para um terceiro ponto, aponta para este com o braço direito de forma a fechar o movimento, mantendo ao máximo o braço esquerdo no lugar
* Olha para um quarto ponto, aponto para este com o braço esquerda fechando o movimento e mantendo ao máximo o braço esquerdo no lugar
* Olha para um quinto ponto e recomeça a sequência: braço direito aponta abrindo o movimento...
Obs: usar o corpo inteiro, o eixo do centro do corpo nas torçôes agachamentos e levantadas, não apenas a coluna.
- Passo de Dança: escolhe-se um passo de dança, apenas um, individualmente, e executa-o com a máxima precisão todas as vezes

Duplas
- Carregar a outra pelo quadril: abraça-se a pessoa lateralmente, coloca-se seu quadril em frente ao quadril da outra pessoa e a suspende.
- Hu!: contato visaul, bate no peito, se aproxima o máximo de forma ágil e pula no ar dizendo: Hu!

Grupo:
- Siga o mestre: quando uma pessoa se coloca na frente de outra, esta tem que segui-la e realizar com a máxima precisão os mesmos movimentos. As demais pessoas ao perceberem isso, devem se juntar.
- Bordado: Quando uma pessoa começa a mímica de um bordado (e tente refinar a mímica realmente pensando numa imagem a bordar), as outras se juntam, cada uma com seu bordado e começam a conversar sobre qualquer assunto. Em determinado momento pea percepção: dilatam o movimento e a velocidade expandindo-os ao máximo. Quando voltam ao "normal", continuam o assunto de onde pararam e finalizam-o.

Elementos acrescidos ao segundo dia:

Individuais:
- Queda e recuperação: usando os princípios da eutonia, cair e se levantar com agilidade, apssando pela forma da estrela deitada no chão
- Rolinho: para trás e para frente

Duplas:
- Cumprimento de palhaço: temos o aperto de mão, o beijo e o abraço. Quando a pessoa lhe oferece um, se responde ao mesmo tempo com outro. Na tentativa de "acertar" errando. ex.: "A" oferece a mão para o aperto de mão enquanto "B" se inclina para o beijo. então "A" se inclina para o beijo e "B" abre os braços para o abraço. "A" abre os braços e "B"lhe oferece a mão. A ação continua até que se resolva de alguma maneira.
- Espelho

Grupo:
- Formação de figura de espaço: uma pessoa cria por mímica um elemento simples de espaço. Uma poça dá água, ou uma porta, etc. Este elemento continuará existindo no espaço, exatamente no lugar que foi criado ou deixado, até que todas as pessoas pessoas interajam com o mesmo. Deposi que todas interagiram, ele desaparece. (Isso trabalha a noção de: "o que eu criei foi percebido pelas demais? " e a atenção para "todas a pessoas já interagiram?")
- Ação de envolver o corpo da outra: envolvendo o corpo das outras pessoas se propoõe uma ação, seja pintar, costurar, coçar, amarrar, etc. Todas se envolvem e são envolvidas até que isso se dissolve ou se parte.

Comentários e Observações:
- Usamos músicas durante a realização da bandeja, essas múscias influenciam nossas escolhas, ritmos e olhares.
- Terminamos 2 encontros com 12 elementos.
- A Julieta Zarza fala da bandeja como umt reinamento ninja de improviso. Eu concordo! Suavidade, precisão, atenção, escuta, presença.
- Para trabalhar a queda e recuperação, recorri a alguns exercícios da dança contemporânea (não propriamente da dança contemporânea, mas foi onde eu bebi isso) de rolamentos e apoios de chão.
- As nossas personalidades começam a aparecer no fazer da bandeja, alguns olhares e dinâmicas que nos são próprias já se manifestaram.
- Observei no primeiro dia, durante a dilatação de movimento que o trabalho com a técnica de câmera lenta seria eficaz para uma maior consciência e controle corporal.

4) Jogos/Exercícios de Impro
Este seria o próximo passo da proposta de treino. Mas ainda não entramos neles exatamente, apesar da bandeja já ser um exerçício de improviso.

No segundo dia trabalhmos alguns conceitos e questões tecnicas de execução como:

- Câmera lenta
* Um efeito causado não pela velocidae, mas pelo controle da velocidade, mover o corpo inteiro na mesma velocidade
* continuidade de movimento: movimento circular
* expansão do movimento
* conexão de velocidade com a respiração: todo corpo no mesmo ritmo

Observações:
- A câmera lenta é um trabalho exaustivo e intensa consciência corporal
- Quanto maior o controle da velocidade do corpo, maior o efeito cênico, mesmo quando não é "lento"

- A câmera lenta como estudo de prinçipio de movimento a relação com o objeto e ação no invisível
A câmera lenta envolve o corpo inteiro numa mínima ação, pois, já que o corpo inteiro deve estar na mesma velocidade, nada está parado. Com isso é possível se perceber o percurso de uma ação pelo corpo inteiro, desde o princípio do movimento a sua propagação. A partir so estudo de um gesto pela câmera lenta, é possível repeti-lo (viewpoint) em qualquer velocidade ainda "desenhando" seu percuso, o que torna a expressividade do gesto e o caminho invisível do movimento pelo corpo: visíveis.

Comentários:
- Nas aulas que lecionei de Teatro Físico eu sempre parti da câmra lenta para o ensino de "mímica" ou "mímese corpórea" por aprender pelo corpo e com o corpo, mais do que: "Ah, assim se faz o efeito de subir uma escada", que é muito legal, mas fica maravilhosamente forte, quando se tem consciência do corpo e não só o procedimento.

- As 7 tesões de Lecoq e a câmera lenta e a cena
Pensar as 7 tensões corporais/musculares trabalhadas na escola de Jacques Lecoq como uma escala musical de aumento de tensão muscular e ferramenta de energia e dimer do esforço muscular cênico. (Minhas perspectivas, minhas leituras, meu modo torto meu de usar e traduzir este conehcimento adquirido)
Tensão 1: o mínimo de tensão possível num corpo vivo, a latência, o movimento quase que impossível mas querendo.
Tensão 2: o mínimo de tensão para se mover. Como o corpo ao acordar, existe peso evidente porque não existe muita tensão apra sustentar os músculos e esqueleto.
Tensão 3: tensão do corpo cotidiano. A tensão necessária para se mover e realizar ações comuns que não nos exigem muito.
Tensão 4: A tensão do "corpo cênica", em cena, uma tensão acima da cotidiana (o que me remete aos estudos de Renato Ferracini sobre o corpo subjétil, um corpo em presença cência que não nega a existência do cotidiano. Vide:"Café com queijo: Corpos em Criação"). A tensão do cropo em prontidão, pronto para correr, pular, cair. Pronto.
Tensão 5: A tensão muscular necessária da exeuc'`ao do esforço. Correr, pular.
Tensão 6: Pensando na gradação, em 7 é o teto,  maior tensão possível, a tensão 6 é um corpo tenso, extressado (em relação a perspectiva de tensão muscular), do esforço alto.
Tensão 7: corpo imóvel (como na tensão 1) por conta da extrema tensão. Tremer faz parte...

A partir dessa consciência e experimentação das tensões de Lecoq, voltamos ao trabalho de câmera lenta para perceber onde a mudança de tensões pontencializaria o entendeimento das ações. Porposta inciial é que a câmera lenta por si deveria começar na tensão 4 ou 5. Qualquer esforço da ação (como lidar com peso ou residência de objetos e força) deveria subir a tensão e ao findar do esforço, descer a tensão.

Observações e comentários:
- Repetimos ações sem mudar tensões e depois mudando e foi nítida a diferença da credibilidade e comunicação à outra sobre o que se fazia. 
- O trabalho de Tensões também amplia a ideia de que a energia em cena flui independente do "estado" da personagem. Se a personagem acaba de acordar, pode-se trabalhar as tensões muscualres num nível 2, sem abandonar a energia do corpo.

No segundo dia, ficamos com um trabalho apra casa de formação de figura de espaço apartir do trabalho de câmera lenta e as tensões de Lecoq: entrar em um espaço, ecnontrar algo lá, se relacionar com isso e partir. Comunciar sem "desenhar" o espaço, mas pela relação com ele: onde se está? O que encontrou (que você já podia saber que estava lá)? Por que? 
- Sem pessoas imaginárias ou fala narrativa, explicativa.

Comentários:
- Eu fiz primeiro o exerçício e comentamos depois. Alguma das coisas que eu adoro perguntar no exerçício são as cores e texturas vistas por quem assiste. Não porque quero que coincida com o que eu fiz, mas pelo fato de vermos coisas "reais" no espaço invisível. Eu (plateia)  só vejo se você (atriz) vê.

Treino 11/10/2018 - Espaço Crew Hassan


Alguns outros acordos de grupo:

- Como temos intenções de mais a frente desenvolver algo e participar de festivais internacionais de Impro, alguns treinos serão em inglês, já que ós três somos fluentes. Sem falar que é outra cabeça para improvisar em outra língua (vide meus sofrimentos nos cursos dos EUA - postagens do primeiro semestre de 2018)
- Como possível parte do meu estudo de Doutoramento, e para nossa própria comunciação, adotamos o procedimento do caderno volante. Um diário e bordo conjunto, cada dia uma pessoa diferente leva o caderno consigo e registra suas impressões sobre aquele encontro.
- Também como porrícel mateial para o meu Doutorado, mas ainda para nossa percepção, vamso registrar em audio-visual, uma vez por mês nossas impressões sobre os treinos. Já fizemos cada uma seu primerio depoimento sobre o primeiro encontro.
- Princípio da compensão: Treinos só são desmarcados a partir da remarcação de reposição.


Com discurso alinhado, encontro de vontades, uma boa vibe e paixões por Impro, estou eu aqui de novo treinando um grupo desde o início... Grata pela garra dessas mulheres. Eu começando a trilhar uma "carreira" de novo, grata pelas portas abertas e so dois beijinhos (que aqui são dois). Eu começando mais um curso acadêmico, grata pelo grupo que se forma e questiona. De novo este caminho que eu conheço e que é plenamente novo. Tudo depende do viewpoint. Grata.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Acolhida em Portugal: Improv FX e Zeca Carvalho

Entre as burocracias, correrias e início das aulas num novo país, eis que uma alma brasileira e improvisadora vem ao meu socorro (via alma colombiana abrasileirada de Gustavo Miranda). Zeca Carvalho, do Rio de Janeiro, está por cá a fazer o Pós-Doc., e  em Impro também. Dessas pessoas que parece que a gente conhece há um tempo por conta de acompanhar o trabalho virtualmente, a gente realmente só se viu pela primeira vez nesta última quarta-feira, 26 de setembro, em Lisboa.

Aqui sou só gratidão porque, enquanto que no meu check list eu faria contato com grupos de Impro em Portugal só mais para frente, depois d me organizar e studar qum são e tudo mais, e a partir daí voltar a treinar, eis que o Zeca já articulou contatos para mim com alguns grupos para o meu documentário e ainda uma porta aberta ao treinar com o Improv FX, formado por André Sobral, Hugo rosa e João Cruz. (Conheça um pouco pela página do facebook: https://www.facebook.com/improvfx/

Improv FX. Da esquerda para a direita: João Cruz, Hugo Rosa e André Sobral.

Então, por cá já trago minhas anotações da descrição do treino ocorrido no dia 26/09/2018 e algumas impressões do show desta segunda-feira 01/10/2018.

Treino. DIA: 26/09/2018. Das 20h às 22h. Moscavide, Lisboa - Portugal.

O Google Maps a me deixar mais perdida que o normal... Sem estar extaamente. Cheguei ao lado do local do ensaio sem saber que lá estava. Fui socorrida pela Zeca. Que enfim nos conhecemos pessoalmente também. Eram quase 19h, começamos a trocar uma ideia no bar ali do lado. Uma cervejinha. Não sou de beber muito, mas esse calor daqui está a combinar com uma cerveja de uma maneira especial. Assim como essa conversa primeira com o Zeca.

Exercício #1: Cerveja

Ali perto das 20h, o grupo começa a chegar no bar também. O treino começa ali, na mesa, no encontro "prévio" que já é encontro. Vou aproveitar aqui para falar algo que eu demorei para aceitar no fazer teatral (e aceitação é um princípio da Impro) e que com essa minha demora, eu deixei de perceber algo muito básico e necessário em criação e grupo: o estar juntas/os. Eu era uma pessoa que condenaria o fato do treino começar no bar tomando uma cerveja. Nossa, isso seria imperdoável. Mas, as experiências forma me ensinando o lugar do ritual e do respiro diante da minha disciplina e praticidade (que são exelentes qualidades, ok? Mas tudo em excesso... se excede). Continuo não compactuando com atrasos por descuidos (imprevistos são imprevistos). Acredito que chegar no horário é cumprir com a sua palavra, é sentar todo mundo no mesmo lugar, é respeitar a outra pessoa, e é uma união de esforços: todas/os vamos nos organizar para estar lá naquele horário. Uma vez que isso acontece, um enlace do ecnontro, da presença já se estabelece. Se vamos alongar ou começar um aquecimento, se vamos conversar, fumar um cigarro, tomar uma cerveja, jogar video-game, dançar, ouvir uma música... a aprtir do momento que estamos juntas/os: já começou e há valor.
Com 15 anos, quando comecei a fazer teatro co a Oficina dos Menestréis, havia a valorização dos encontros pré e pós aula. Ficar juntas/os e partilharmos de momentos "off work". E isso ainda é parte do trabalho, mesmo não se sentindo ou parecendo num primeiro olhar, até que aparece na cena, numa troca de olhares, na cumplicidade.
Outro ponto é o ritual: ao chegar proceder com uma mesma atividade ou um conjunto de ações. Isso devo ao mestre João Antônio na disciplina de Interpretação III na Universidade de Brasília. O ritual, a repetição em nível de significado e importância, é uma chave mágica: abrem as energias, conectam à todas/os nós e a possibilidade do trabalho fluir gostoso já se é bem mais potente.
Tudo isso dito, por conta de uma cervejas... Não, por conta da condenação moral que eu tinah e que sei que muita gente tem. Só posso dizer: olhem a metodologia da coisa e aproveitem. Sim, não tenho certeza alguma que grupos e grupos façam isso de forma consciente. Mas não rpecisa ser, precisa? A atenção: tenha um Hugo Rosa entre vocês para não se perder o fio do treino e dispersar esse início de encontro e dizer: "Vamos?" Ou melhor, sejamos todas/os responsáveis pelo canalizar do início, certo? E assim, vamos!

Era um palco, um pequeno teatro/auditório. Um espaço usado mais pela comunidade dali do que para apresentações artísticas necessariamente. Na perspectiva da realidade do Brasil: "Véi, eles tem espaço de ensaio!!!"e ainda "Véi!!! Tem até palco!"... e para as/os entendedores: "Não vai rolar vizinha/o reclamando!!!!!"

Por conta do show da próxima segunda-feira, o treino desse dia foi focado em jogos, especificamente os quais iriam apresentar no bar em alguns dias. Vale apontar que o grupo tem aberto os treinos para algumas outras pessoas como o próprio Zeca, então eles conseguem treinar com pessoas diferentes. Neste dia éramos ao todo 07 pessoas, sendo que o Improv FX é formado por 3.

Exercício #2: Contando Palmas (os nomes não importam)
Em duplas. Como uma brincadeira da infância (como sao tods as naturezas de jogos) de bater palmas em conjunto, o objetivo de execução é aumentar o número de palmas na sequência crescente e decrescente. Para explicar, chamareid e "palma individual"(PI) aquela em que a pessoa bate palma usando somente as suas próprias mãos e "palam conjunta" (PC) quando a palma se dá quando as suas palmas batem nas palmas da outra pessoa.

- 01 PI (ao mesmo tempo)
- 01 PC
- 01 PI

- 02 PC
- 01 PI

Aqui se pensaria que a próxima ação seriam 03 PC, três palmas conjuntas, já que foram 1, 2 e agora seriam 3. Porém o jogo cresce de depois decresce. E aí cresce novamente avançando. Voltemos em 02 PC:

- 02 PC
- 01 PI
- 01 PC
- 01 PI 

- 03 PC
- 01 PI
- 02 PC
- 01 PI
- 01 PC
- 01 PI

- 04 PC
- 01 PI
- 03 PC
- 01 PI
- 02 PC
- 01 PI
- 01 PC
- 01 PI

- 05 PC...

Quando se erra, começa novamente do início.

Comentários e Observações:
- Olho no olho é mais fácil apra umas/uns e mais difícil para outras/os.

Exercício #3:  Multipla-atenção numérica
O grupo anda pelo espaço e a partir de um comado externo executa ações correspondente a números que são ditos. Exemplo: quando se diz o número 01, todas/os pulam; 02 todas/os ficam em estátua; 03 todas/os espirram.

Variação: Começa a se ter um comando de palavra equivalente a um número. Exemplo: 01 é também "Abacaxi". Então se quando se escuta 01 você pula, o mesmo deve acontecer quando escutar "Abacaxi".

Comentários e Observações:
Este é um exercício básico de teatro para mim. Faço constantemente e o comando constantemente há pelo menos 20 anos. E nunca tinha jogado esse tipo de variação. Ah! Brilhantes dedos na nossa cara que essa vida nos dá! Há!

Exercício #4: Vídeo Controle Remoto

A cena começa a partir de uma sugestão. Uma pessoa comanda de fora a cena como um controle remoto de TV, dizendo comandos como: Pause, Passar a frente, Ascelerar, Voltar, etc.

Comentários e Observações:
- No comando de voltar, as ações são feitas de trás para frente, assim como as falas que são ditas, porém não preciso falar as frases ou palavras de trás para frente.
Ex.: A cena começa com:
A: Eu quero sorvete!
B: Só tem chocolate!
(Volta)
B: Só tem chocolate!
A: Eu quero sorvete!

Exercício #5: Dublê (ou como se diz cá: "Duplo")

A cena começa a partir de uma sugestão. Semrpe que alguém em cena vê uma oportunidade ou se vê em uma situação "perigosa", chama por um/a dublê. Desta forma a cena pára, quem estava e pediu por dublê sai justamente para a/o dublê substitua até o momento que o "perigo" passou, dando espaço para que quem saiu volte e continue a cena.

Comentários e Observações:
- Quem pede a/o dublê é quem vai ser substituída/o
- A/o Dublê procura não falar, para que viva a ação e deixe a "interpretação" para a/o atriz/ator. 
- Todas as pessoas da cena podem pedir dublê
- Um/a dublê pode pedir dublê, se favorecer a cena, obviamente.

Exercício #6: Crise Heróica (Jogo de Adivinhação)

Jogo de 4 pessoas, sendo uma do publico. 3 participantes saem para não ouvir as definições que serão realziadas com o publico, uma ds pessoas que sai é a/o convidada/o do publico. A pessoa (A) que ficou define a partir de sugestões da plateia: qual é a crise, onde se passa a crise e quem precisa ser salva/o. Chama-se a/o primeira/o heroína/herói (B - que é um/a das/os improvisadoras/es). Em mímica A trasmite para B as informações. A pessoa do publico (C) é chamada e recebe em mímica as informações trasmitidas por B. A última pessoa (D) é chamada e recebe de C as infromações em mímica. Por fim, cada um/a se apresenta como Super-Heroína ou Super-Herói e narra seu feito a partir do que compreendeu das informações.
Ex: - Eu, a Super Ruiva, vou salvar Coco Chanel do desaparecimentos de desodorantes em Paris!

Comentários e Obervações:
- Eles não sabem sambar

Exercício #7: Free Form/Long Form
A partir de uma sugestão, se improvisa livremente em grupo uma história.

Comentários e Observações:
É bem bacana depeois de alguns cursos experimetnados com intensidade neste ano, ver como um free form vai criando seu próprio universo. Com diriz o Gael Perry (improvisador francês): é ir descobrindo as regras enquanto se faz. E isso é um puta poder de observação, escuta e presença.
- Também foi bem gostoso poder explorar as diferentes edições que andei por aí a aprender, que não tenho tanta oportunidade de praticar.

Ao final do treino, e por que não, uma cervejinha para fechar e conversar.

Vale compartilhar que o André Sobral conduziu o treino deste dia e usou um aplicativo chamado "What to draw" para trazer sugestões de inspiração de cenas.

Quanto a mim... Eu estava com bastante sede neste dia. Não só da cevada, mas de treinar, de começar algo em Impro cá. Me senti extremamente bem acolhida, pelo Zeca que abriu várias portas e pelo grupo. De repente até demais, acionando a minha personalidade tratorzinho... Equilíbrios que vamos achando todo dia, enfim! Senitmento de gratidão! Portugal... menos de duas semanas e me acolhendo com o que pedi ao universo. Eita!

***

Show de Segunda-feira. Joker Loung, Laranjeiras, Lisboa, Portugal.

Improv FX com convidados no Joker Lounge

Bar super charmoso e Geek. O Improv FX traz essa característica Geek também, principalmente vinculada em filmes. E as sugestões que pedem a plateia permeiam esse universo também. Pense na minha felicidade?! Um espaço limitado de palco, mas bem possível, organizado. Improv FX com seu figurino pensado para a apresentação ali, camisetas do grupo, todos de preto e comecemos.

Fizeram os jogos que treinamos na quarta anterior: Vídeo controle Remoto, Dublê e Crise Heróica. Ao final fizeram também o que chamaram de "Cenas Improváveis" e que eu conheço por "Chutando o Balde". Mais uma vez, os nomes não importam. Para este último chamaram outros improvisadores que estavam na plateia. E a partir de sugestões do publico, fizeram breves cenas improváveis  de filmes sugeridos.

Não, eu não fui, Sim, eu fui convidada com muito carinho. Mas confesso que não queria entrar naquela altura do show e ser a única mulher ali. Carregar o peso que viria do publico por ser a única mulher ali. Às vezes dá apra comprar essa, às vezes a gente não quer. Vale ressaltar que, se eu fosse do grupo, estivesse como convidada desde o início, seria uma situação diferente, tempo de palco com o publico quebra as barreiras. Mas em um jogo só, no final, com um bocado de gente nova que também subiu, muita expectativa. Fiquei ali a assistir e aproveitar de outra maneira. E no pós-show, muitas conversas interessantíssimas a respeito e sobre respeito, nào apenas na questão da mulher na Impro, mas da preença negra, das/os gordas/os e dos driblês e enfrentamentos. Política com certeza, e mais uma cerveja. Conheci mais improvisadores, grupos outros, conversas a mais, novos abraços.

***

Fechei duas semanas em Portugal. Fui acolhida com muito carinho pelas/os minhas/meus colegas na Universidade de Lisboa, pelo Improv FX, pelo Zeca e pela família da amiga e atriz Lanna Guedes. O querido Gustavo Miranda também estava por aqui e graças a ele, tenho mais entrevistas para o documentário, encontrei o Zeca, outras pessoas e novidades e assisti ao meu primeiro espetáculo de Impro por aqui, o  "Pior Espetáculo do Mundo" do grupo Commedia a la Carte com improvisadores fodas (incluindo o Gustavo)! Presentinho de aniversário! Novos ciclos mesmo!

Acolhida pela mulherada. Sábado foi dia de manifestação  das mulheres #elenão que aocnteceu no Brasil e várias partes do mundo, aqui em Lisboa também, eu estava lá. Aos poucos a gente se equilibra, principalemnte quando as portas lhe são abertas com sorrisos. Muita gratidão.