segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Curso DRAMATURGIA DO ATOR com Gustavo Miranda

Chego às 18h20 na Escola do Quintal em São Paulo… Três pessoas já chegaram para o curso e… Saulo Pinheiro e Renata Bittencourt de Brasília estão lá. Desses acasos (acasos?) que nos aproximam. Ainda não havia encontrado com nenhum/a das/os duas/dois desde que voltei das viagens. Papo em dia antes da aula e três dias intensos juntas/os com uma turma bem bacana.

Volto a reinteirar aqui no blog o que já escrevi em outras publicações: ter uma turma interessada e dedicada faz TODA a diferença no aproveitamento do curso. O Gustavo Miranda é um monstro de excelência, mas foi a turma que permitiu o proveito e eu sou muito grata esses bons encontros. Gente interessante, perspicaz, empenhada e disposta a crescer e ouvir feedbacks!

Uma vontade de ficar mais por São Paulo. De trocar mais, de estar entre essas e esses. E eu até poderia. Este era o plano até então… Minha volta ao Brasil estaria aliada a minha mudança para São Paulo, mas… bem, essas são questões para uma outra postagem. Sigamos com a descrição e meus relatos das aulas.

Para quem chega por aqui por agora, eu tomo para mim uma escrita de notoriedade feminina em língua portuguesa. Meus comentários mais pessoais aparecem em itálico, porém tudo aqui é pessoal já que é escrito a partir da minha perspectiva. Ah! Nomes de exercício: NÃO IMPORTAM porque mudam mesmo. Vida que segue!


DIA #1: 30/07/2018
Segunda-feira das 19h às 23h na Escola do Quintal (São Paulo-SP. Brasil). Professor Gustavo Miranda.


Tempo de alongamento individual
Desses pequenos detalhes que observei no meu tempo nos Estados Unidos e que me fez diferença: todas/os com roupas para exercício físico, tempo para alongar… Estranhei muito nas aulas nos EUA que as pessoas iam de calça jeans para as aulas e só chegavam e pronto. Entendo, a diferença, a minha escola parte do teatro e eu valorizo isso...

Exercício #1: PEQUENAS PRESSÕES NO CORPO
Em duplas. Uma pessoa em pé de olhos fechados. A outra pressiona algumas partes do corpo da primeira. A pessoa de olhos fechados pressiona a parte contrária contra o toque da segunda.

Comentários:
- Uma boa maneira de acordar, se estar presente e consciente do corpo.
- Contato físico: integração.

Exercício #2: PASSAR PALMAS
Em roda. Como passar uma bola, Se bate palma para um pessoa que se estabelece contato visual. Quem está com a “bola” olha para alguém e juntas/os batem palmas indicando o “passe” da “bola”.
Quando um ritmo se instaura, procura-se mantê-lo. Depois acrescenta-se dizer aleatoriamente os próprios nomes durante o jogo, com o objetivo de não dizer junto a outra pessoa.

Indicações e comentários:
- Não se julgar ou se condenar. Prestar atenção nas reações corporais, em especial ao rosto.
- É divertido e difícil para porra conseguir prestar atenção em quem diz o nome. Nem era uma regra do jogo, mas era um jeitinho de se conhecer e me coloquei esse desafio que poderia acontecer naturalmente na sobreposição dos nomes às palmas.

Exercício #3: LIVRE ASSOCIAÇÃO DE PALAVRAS.
Individual. Primeira etapa: Dizer uma palavra e em seguida completar a frase: “Que me lembra…”. Ex.: Árvore. Que me lembra Fruto. Que me lembra Suco. Que me lembra Polpa…
Segunda etapa: Tirar a frase “Que me lembra”. Ex.: Árvore. Fruto. Suco. Polpa. Poupança. Cofrinho. Bunda…
Terceira etapa: Voltar à primeira palavra por associações. Ex.: Árvore. Fruto. Suco. Polpa. Poupança. Cofrinho. Bunda. Funk. Dança. Saudade. Português. Portugal. Colônia. África. Mãe. Terra. Árvore.

Comentários e Indicações:
- Bom exercício para se treinar sozinha/o.
- Exercício de memória também. É comum se esquecer a primeira palavra. Confiar que na etapa três a palavra vai voltar (mesmo que não venha).

Exercício #4: AÇÃO EM ASSOCIAÇÃO
Etapa 1: Em Duplas. A primeira pessoa começa uma ação com um porquê (Ex.: Varre a casa porque via ter visita) e quando o movimento remete uma imagem de outra ação para a segunda pessoa da dupla, ela começa a ação e a descreve com um porquê. Ex.: Primeira pessoa diz: “Estou limpando a sala porquê hoje vou receber visitas”, e faz o que falou. O movimento de sacudir a pá de lixo no lixo remete para a segunda pessoa o temperar de uma sopa. Então ela diz: “Eu estou temperando uma sopa porque eu quero acertar a receita que experimentei num restaurante”. E assim o faz. Quando prova a sopa com a colher, a primeira pessoa diz: “Eu estou passando pomada lábia porquê meus lábios já estão doendo do frio”.
Etapa 2: Não se fala mais, mas continua se inspirando na outra pessoa e encontrando porquês nas ações. A primeira pessoa só para de fazer sua ação depois que a segunda começou a realizar a sua própria.

Indicações e comentários:
- Dar um porquê preenche a ação, motiva, traz emoção ao movimento;
- Na Etapa 2: NÃO PENSAR EM IDEIAS E SIM EM IMAGENS
- Entre você e a/o outras/o haverá choque de ideias, imagens que se mesclam e se re-significam.
- Ótimo exercício para se trabalhar com foco no princípio do movimento, onde o movimento começa e seu caminho. Abrir e fechar das extremidades.

Exercício #5: ASSOCIAÇÃO DE AÇÕES INDIVIDUAL
Individual. Mesmo princípio do exercício anterior, mas sua própria ação se transforma em outra e em outra e em outra… Até voltar para a primeira ação. Ex: Cortar o cabelo da Cláudia Leite no sue primeiro dia no salão. Ao pentear o cabelo - tecelagem antiga em que se tem que produzir muito em pouco tempo em trabalho escravo. O movimento de puxar – Remar uma canoa com competidoras/es, aquelas de umas 8 pessoas. Do movimento circular de remar – Empurrar a roda da cadeira de rodas num jogo de basquete cadeirante. Num passe mais difícil de cai no chão – Ferida de uma machadada no estômago em que sua visita assassina possuída por um espírito psicopata continua a ir atrás de você. Ao conseguir segurar o machado no alto – É uma corda sobre um rio que você se segura pelas mãos e pernas depois de ter quase caído na água. Se balança e volta ao topo se equilibrando. Ao cruzar o rio, comemora uma felicidade imensa – de ter cortado o cabelo da Cláudia Leite.

Indicações e comentários:
- Como o exercício das palavras, se você não lembrar da primeira ação, ela vai voltar. Confiar.
- Lembrando da palavra, deixar fluir ou também construir. Se permitir desenvolver e se envolver.
- Preencher a imagem e apagar: dramaturgia
- O “acaso” constrói imagens para o publico ao ver duas pessoas fazendo o exercício individualmente e simultaneamente
- Eu nem vi a pessoa ao meu lado… Foquei no “meu” e desliguei do todo… Os focos de concentração… Stanislavski 101
- Teoria do Iceberg: só ver a ponta de algo profundo, não precisar contar tudo, legendar ou explicar tudo
- ESTRUTURAS DRAMATÚRGICAS EM IMPRO
* Precisa de impulso, determinante, o que já uma proposta/oferta.
* Ofertas Cegas: sem intenção de ser oferta. Oferta que não define, não indica direção. Ex: uma coçada no queixo faz sua/eu parceira/o de cena pensar que você está com alergia.
* Ofertas abertas: já definem algo, mas não muito, algo em aberto. Ex.: A entrega de uma caixa à outra pessoa como presente. O que tem na caixa? É seu aniversário? Está aberto para definir.
* Ofertas fechadas: definem a ideia inteira. A oferta fechada leva a uma plataforma (pela ideia Aristotélica de história). Ex.: “E para comemorar as nossas bodas de papel, fiz seu bolo favorito!” – São casadas/os há um ano, é o dia da comemoração, tem bolo, é o seu favorito.

Exercício #6: DA OFERTA CEGA PARA A FECHADA
Dupla “A” e “B”. “A” faz uma oferta cega em frase o mais “neutra” possível (sem tentar impor emoção ou definir algo). Essa será a primeira frase e ação da cena. “B” responde com oferta fechada. “A” entra na história (aceitação). Ex.: “A”: “Tem dias mais frios”. “B” se contorce: “Pois nesses dias eu não vou por minha cara para fora do iglu, mãe!”. “A”: “Pára de frescura, Manoela! Isso não é jeito de passar as férias!”

Indicações e comentários:
- Conselhos: fugir de brigas, negociar e perguntar.
- A plataforma não é só definida por fala, há a relação com o espaço.

Exercício #7: OFERTA CEGA DE COSTAS
Em duplas. Começam de costas um/a para a/o outra/o. A partir dos comandos externos de : “Preparação! Girem! Olhem-se! Ação!”, as duas pessoas viram de frente uma para a outra com uma posição. A partir dela desenvolvem a cena.

Indicações e comentários:
- Calma até fechar a plataforma. Respira, Luana, respira!

Exercício #8: DA OFERTA ABERTA PARA A FECHADA
Duplas. “A” faz uma oferta aberta (ação com intenção). “B” tem três opções: Espelhar (fazer o mesmo que “A” em ação e/ou energia); Complementar/Compor; ou Contrariar (fazer algo que não se encaixa, que não tem nada haver e depois desenvolvem a plataforma.

Exercício #9: OFERTA FRASE NO PAPEL
Duplas. A partir de uma frase entregue a uma pessoa, esta a fala com uma intenção e constroem a plataforma.

Indicações e Comentários:
- Deixar fluir e matar a “ideia”
- O raciocínio da personagem “supera” a aceitação da Impro (quando a personagem é quem nega).
- OFERTA INICIAL – PLATAFORMA (Oferta fechada) – ACONTECIMENTO (Algo que muda, provoca mudança)
- Ações de EXPANDIR a cena e AVANÇAR a Cena
- ACONTECIMENTO SURPRESA: algo que é trazido à tona para todas/os. Ex.: Um casal de lavradoras/es acham um tesouro.
- ACONTECIMENTO PLANEJADO: Apenas parte das personagens sabem do “ocorrido”, se dá com a cumplicidade do publico, vê a cena com outros olhos. Ex.: Uma das pessoas do casal de lavradoras/es acha o tesouro e não conta à/ao parceira/o.
- ACONTECIMENTO FALADO: fala que modifica a ação. Revelação de um/a para a/o outra/o. Ex.: “Estou grávida”.
- A dramaturgia da cena como o trilho e um trem, como a gente viaja numa improvisação. Uma travessa é o Pensamento e a outra é a Ação. O trilho entre as travessas é por onde o trem anda, os acontecimentos (Entre pensamentos e ações), o trilho em si é a História (O que). A viagem é a ação dramática (Como e porquê). A viagem é de cada um/a. De cada personagem e pessoa da plateia.
- Lisbela e o Prisioneiro: algo como “É sempre assim: primeiro vem a mocinha ela vai sofrer de um tudo pelo amor do mocinho. Ele vai fazer um monte de atrapalhada até assumir o amor pela mocinha. Não importa o que vai acontecer, mas onde e como.”

INTERVALO! E sim, vou falar de comida, por que, para quem acompanha o blog, sabe que me é um assunto importante. A Escola do Quintal graciosamente deixa a copa com frutas, biscoitos e um tipo de bolo disponíveis.Detalhes de cuidado que trabalham com as variáveis de energia e humor de estudantes. Não é obrigação, é cuidado e estratégia que potencializa boas energias. Fica a dica e… Gratidão!!!!!!

Exercício #10: PROPOSTA CEGA/ABERTA – PLATAFORMA – ACONTECIMENTO
Cenas em duplas a partir de proposta cega/aberta, estabelece a plataforma que leva ao acontecimento.

Indicações e Comentários:
- Palavra como paisagem, quando a ação e emoção ganha a cena.

Dispositivos e Ferramentas Dramatúrgicas

Exercício #11: TEMAS BANAIS
Duas pessoas conversam como elas mesmas sobre um tema banal. Dispositivos: Opiniões, Lembranças e Conhecimento. Ser sincera/o no que conversam.

Exercício #12: ASSASSINATO EM TEMAS BANAIS
Cena de duas pessoas. Conversam sobre tema banal. Depois de um minuto, alguém pega uma faca e mata a/o outra/o e justifica com algo nada a ver com o que falavam.

Exercício #13: PROTOCOLO EU TE AMO
Protocolo/Estrutura da cena: Cena em tema banal com ação comum. Uma das pessoas (não determinada anteriormente) fala: “Eu te amo”. Silêncio. Volta ao Banal modificadas/os (quem volta a falar é a pessoa que ouviu “Eu te amo”).

Indicações e Comentários:
- Protocolos: como uso de dispositivos a favor de uma dramaturgia.
- Tomar uma decisão para sua personagem sobre o como/porquê se sete sobre o que ouviu
- Sustentar o silêncio

Exercício #14: PROTOCOLO REVELAÇÃO LIVRE
Duplas conversam sobre tema e ações comuns. Uma pessoa traz uma revelação que não tem a ver com o tema banal. Silêncio. Quem recebeu a revelação retoma o tema banal modificada/o.

Indicações e Comentários:
- O texto vira paisagem

Num momento progressivo, a aula nos trouxe para os protocolos que dramaturgicamente exercitam: Oferta+Plataforma+Acontecimento. Pode até parecer mais do mesmo depois da descrição de alguns exercícios, mas com a prática e a “repetição” (como um Viewpoint: sempre novo, de novo e de novo), as camadas vão se revelando, vemos mais do iceberg de dramaturgia. Aula potente e intensa.


DIA #2: 31/07/2018
Terça-feira das 19h às 23h na Escola do Quintal (São Paulo-SP. Brasil). Professor Gustavo Miranda.


Tempo de alongamento individual

Exercício #1: IMPULSO DO TOQUE
Em duplas. Uma pessoa de olhos fechados. A outra faz pequenos empurrões em partes do corpo da pessoa de olhos fechados que responde ao movimento, pela parte e intensidade do toque, voltando à posição inicial como um elástico que se estica e volta.

Comentários:
- Esses exercícios em início de aula que trabalham a partir do toque sempre me remetem a discussão do desenvolvimento da intimidade e cumplicidade. Permite-se tocar e ter permissão de tocar. Estabelecer confiança gradativamente e com afeto. Afeto sim, nada a ver com gostar ou não gostar, mas sim com o tipo e qualidade de energia que se coloca e perpetua na ação. Além disso tem um quê de despertar, de lembrar pela sinestesia que estamos ali.

Exercício #2: ESPECTRO DE ONTEM
Falamos do que ficou da aula anterior:
- Palavras como paisagem
- Imagem mais que a ideia
- Oferta a partir de um detalhe gestual (cega)
- Trazer suas experiências, o que conversou no dia, seu universo: é roubar no improviso? – particularmente não me é sequer uma discussão, pois não consigo conceber uma improvisação, obra, perspectivas ou qualquer criação que não parta de experiências próprias de quem cria. Me lembrei do documentário “Trust us, this is all made up” com David PAsquesi e T/J. Jagodowski (trailer: https://www.youtube.com/watch?v=CnuohnCNUY4) . Podemos ver no documentário que os dois improvisadores passam um tempo antes do espetáculo andando pelas ruas da cidade, conversando, observando e comentando o que veem. E essas experiências juntos aparecem no palco, não literalmente necessariamente. É a construção da intimidade, do laço, do fluxo conjunto de pensamento, da sintonia, elã, etc. E eles também não pegam sugestão da plateia. Entram no palco, cumprimentam o publico, “explicam” o espetáculo de improviso, blackout, a luz sobe e os dois se olham… se olham… algo já começou ali, devem se passar uns 30 segundos de silêncio (que é uma eternidade no palco e na espectativa), mas algo já começou no olhar, pequenos gestos, escuta plena, agora nos será revelado (e à eles também).

Exercício #3: LANÇAR PALMA
Retomamos o exercício de aquecimento da aula anterior com a variação de dizer simultaneamente e aleatoriamente nomes, mais ainda contar de 1 a 10 e de 10 a 1 sem ninguém dizer números ao mesmo tempo.

Comentários:
- Repetir e desafiar.
- Básico é básico.
- Estar presente:
- “Estar aqui no existir da terra, nascer, crescer, criar…” algo mais ou menos assim de “A Obscena Senhora D” de Hilda Hilst que me visitou o pensamento neste momento.

Exercício #4: ASSOCIAÇÃO DUPLA
Duplas. “A” fala uma palavra. “B” fala uma palavra e levanta uma mão indicando aquela mão como correspondente da palavra e dala uma segunda palavra também associada à de “A” levantando a putra mão. “A” escolhe uma das palavras de “B” repetindo a palavra e batendo na palma da mão em que “B” indiciou. Agora “A” diz duas palavras associadas à palavra que escolheu de “B” indicando-as com as mãos. Ex.: “A” fala borboleta. “B” levanta a mão direita e diz “Colorida” e levanta a mão esquerda dizendo “Casulo”. “A” bate na palma da mão esquerda de “B” e fala “Casulo” e na sequencia já levanta uma mão dizendo “Cocun” e a outra dizendo “Ibernar”.

Exercício #5: VARIAÇÃO DE ASSOCIAÇÃO DUPLA
Quando “A” escolhe uma das palavras de “B”, “B” pergunta “por que?“ e “A” responde sinceramente. Então “A” diz duas palavras associadas à própria resposta. “B” escolhe uma, “A” pergunta porque, “B” responde e diz duas palavras associadas à própria resposta… Ex.: “A” fala borboleta. “B” levanta a mão direita e diz “Colorida” e levanta a mão esquerda dizendo “Casulo”. “A” bate na palma da mão esquerda de “B” e fala “Casulo”. “B” pergunta porquê. “A” responde “Porque sou fascinada pela transformação.”. Na sequência “A” levanta uma mão dizendo: “Metamorfose” e levanta a outra dizendo “Kafka”. “B” escolhe “Kafka”. “A” pergunta porquê. “B” responde: “Por que me lembra kafta e eu estou com fome”. “B” levanta uma mão e diz “Carne” e depois a outra e diz “Árabe”.

Indicações e comentários:
- Cuidado com as ciladas de conforto e padrões, não ficar nas respostas de “por que eu gosto”, “por que adoro”, “por que sou…”

Exercício #6: DATA PASSADA
Em roda, todos em ritmo de 4x4 marcado ao bater as mãos nas pernas. Uma pessoa fala uma data na ordem: DIA DA SEMANA (tempo 1) + DIA NUMERAL (tempo 2) + MÊS (tempo 3) + silêncio (tempo 4). As/os demais dizem na sequência, mantendo o ritmo, os correspondentes anteriores de cada parte da data. Ex.: Se a data dita é: “DOMINGO, 13, DE ABRIL…”, a resposta será “SÁBADO, 12 DE MARÇO”, pois sábado vem antes de domingo, 12 vem antes de 13 e março vem antes de abril.
Variação: Uma pessoa fala as datas à pessoa ao lado e só a pessoa ao lado diz as datas anteriores. Vira-se para a próxima pessoa e diz nova data e assim segue.

Indicações e comentários: 
- PHODA!!!!!
- Manter o ritmo é o principal

Exercício #7: ASSOCIAÇÃO DE AÇÕES INDIVIDUAL
Refazendo exercício da aula passada com quem ainda não tinha feito.

Comentários:
- Quando por “acaso” se cria uma composição pela visão do público ao unir imageticamente (e dramaticamente) duas pessoas que fazem o exercício individualmente
- O acaso é um ótimo dispositivo.

Exercício #8: TUDO JUNTO
Duas pessoas sentadas a uns 3 metros de distância de frente uma para outra. Devem levantar juntas, andar juntas até o meio, quando estiverem cara a cara dizer juntas “PÁ!” cruzar o caminho e sentarem nos bancos opostos, juntas. Cada vez que não estiverem juntas, devem voltar ao início. (O Gustavo indicava com o som de uma campainha).

Indicações e comentários:
- Trabalhe para errar
- O erro vai fazer você encontrar o ritmo
- Eu quis levantar muitas vezes, mas não queria “errar”… Não dá para achar que já apredneu isso, dá?

Exercício #9: VARIAÇÃO TUDO JUNTO
Levantar juntas com uma taça invisível na mão. Quando de pé: fechar os olhos. Andar juntas até o meio e lá, juntas, dizer “Saúde!” e brindar.

Indicações e comentários:
- Observar a tensão e a tentativa é interessantíssimo. Já me dizia Tim Stontemberg: “uma mente em pânico é algo lindo de se observar”.

Exercício #10: MÁS NOTÍCIAS
Duplas. “A” começa sozinha/o em cena e ensaia como vai dar uma notícia ruim à “B”. Quando a plataforma está desenhada, entra “B” falando de um tema banal. “A” tenta recuperar as ações e argumentos de seu ensaio integrando com o tema banal.

Indicações e comentários:
- Silêncio após o ato de fala (acontecimento da notícia), se deixar transformar
- Trabalhar para a/o outras/o
- “B” tem status maior
- Keith Johnstone fala do Status social (Antropológico: um/a professor/a tem status social maior de que um/a aluna/o) , e do Status de Situação (Princípio da gangorra – os status de poder na cena mudam conforme a situação. Ex.: um/a aluno/a tem status mais alto que um/a professor/a quando essa tem uma prova de que o/a professor/a tem um caso com outra/o aluna/o)
- Há também o Status emocional e está ligado a emoções ativias (Amor, alegria e coragem: Status alto)  e reativas (Ódio, tristeza e Medo: Status baixo). No meio do caminho há um limbo de emoções que podem estar tanto nas ativas como nas reativas de acordo com a situação: orgulho, ambição, etc.
- Status como dispositivo

Exercício #11: PORTA SURPRESA
Protocolo: Em roda. “A” abre uma porta na frente de alguém (“B”) na roda. “B” oferece uma situação para provocar o status emocional de “A”. Desenvolvem a cena no centro. Ex.: “B” traz um bolo e começa a cantar parabéns com a proposta que “A” fique feliz com a surpresa.

Exercício #12: VARIAÇÃO PORTA SURPRESA
“A” tem uma reação diferente do Status emocional interno. Ex.: B” traz um bolo e começa a cantar parabéns, “A” aparenta felicidade, mas está inconformada/o em fazer 40 anos.

Comentários e Indicações:
- Não é preciso legendar
- Preencher com o porquê de ter um status emocional diferente do interno ou do demonstrado.

Exercício #13: MONÓLOGO COMO DISPOSITIVO A PARTIR DE LOCAL
Parte 1: A cada duas pessoas da turma é dado um local. Define-se quem vai trabalhar o status emocional baixo e o alto. Cada uma escreve um monólogo em 3 a 5min. Ler o texto em voz baixa para si e ajustar pequenas coisas. Depois ouvimos alguns textos sobre o mesmo local com os diferentes status.
Indicações e comentários:
- 3 conselhos para “monologar”:  Descrever, Evocar (memórias do passado e desejos do futuro); e Repetir.
- Sabemos ser poéticos quando improvisamos na escrita, por que não o somos ao improvisar em cena?

Parte 2: A partir de Frases lidas na rua ou em banheiros públicos, definir uma frase. No texto escrito na Parte 1, aleatoriamente colocar 3 a 4 asteriscos em finais de frases. Ler o  texto e, na sinalização do asterisco, dizer a frase definida anteriormente.


Meu texto:
Local: restaurante.
Era como entrar num palácio, porque o portal era enorme, parecia que tocava as nuvens. / Quando eu olhava para cima aquele mármore rajado em anil refletia a luz do Sol e fazia com que as colunas não tivessem fim. / Era sagrado ir lá todo domingo, como ir à missa, por isso o meu melhor vestido de renda branca e perfume. /*/ O cheiro de hortelã com pimenta me puxava para um lado enquanto a minha mãe me puxava para mesa. / Eu só sedia a tentação de correr direto para a recepção, porque havia a minha espera na taça do tesouro perdido (como meu pai chamava) a água de rosas fresquinha. /*/ E eu podia tomar com gelo e canudinho, já que taça de desenhos dourados era delicada! / Nem era regra, não./ Eu que tinha medo de tocar e dissolver os desenhos dourados do copo como as minhas tintas de aquarela. * / A minha mãe pegava o cardápio de couro e eu ria porque a gente sabia de cor o que ia pedir. Mas era a minha chance de chegar perto Samir, o recepcionista de olhos de mel, e…

*Se dormir, vai tomar dormindo.

Indicações e comentários:
- Deixar ao acaso algumas coisas
- Se por em risco, trazer problemas
- A repetição da frase re-significa o texto, parece trazer um significado oculto que fará sentido pela repetição (ou não também, né? Hehehe)

Exercício #13: MONÓLOGOS EM DIÁLOGOS
Separa-se por barras as frases do texto do exercício 13 (já separei no meu texto no exercício anterior). A dupla que escreveu sobre a mesma inspiração de local lê seus textos como diálogo numa leitura dramática, frase a frase. “A” lê uma frase. “B” lê outra…

Indicações e comentários:
- Por terem um lugar em comum, os textos já se encaixam de alguma maneira como composição para o publico
- Pensar depois da leitura nas imagens, com o olhar de direção: movimentos, espaços, luzes.
- Não ficar sempre no controle

Ao final do segundo dia já percebo que das estruturas de dramaturgia e dispositivos, embarcamos para a composição também.


DIA #3: 01/08/2018
Quarta-feira das 19h às 23h na Escola do Quintal (São Paulo-SP. Brasil). Professor Gustavo Miranda.


Tempo de alongamento individual: que eu não aproveitei para alongar mas para chegar, já que meu Uber se perdeu… Não se condena tanto, Luana…

Exercício #1: O QUE O TOQUE REMETE
“A’ de olhos fechados. “B” toca partes de seu corpo de maneiras diferentes. “A” fala as imagens que o toque remete. Ex.: “B” pressiona os ombros de “A”. “A” diz: “Ônibus lotado a noite depois de um longo dia no escritório.”

Comentários:
- Olha aí o final da aula passada já conectado diretamente com o início dessa: imagens.
- O que observei sobre intimidade no primeiro dia: fiz este exercício com a Renata Bittencourt, amiga querida que conheço há alguns bons anos e com quem já trabalhei diversas vezes. Por isso, e pela intimidade que temos, pudemos ousar nos toques sem cair num lugar de desrespeito ou medo de desrespeitar. Lembrei novamente do documentário “Trust us this is all made up” quando um dos improvisadores fala que ele pode fazer o que quiser sem medo porque ele sabe que seu parceiro é bom e vai aguentar e não vai julga-lo por isso (a frase ficou ambiguamente perfeita. Julgar a si ou julgar ao outro).

Exercício #2: CORRIDA DE PALAVRAS
Duplas. Uma pessoa da dupla cola as costas na parede. Para cada palavra dita em associação, dá-se um passo. A outra pessoa da dupla está à sua frente como juiz/a e indica que a primeira deve voltar ao ponto de início se repetir alguma palavra ou se entrar no modo “hã…”, perdendo o fluxo e ritmo.

Exercício #3: CORRIDA DE PALAVRAS DISSOCIADAS
Mesmas instruções como uma diferença. As palavras não podem se relacionar e quem determina isso é a/o juiz/a.

Comentários:
- Difícil para porra!!!!!!!

Exercício #4: ASSOCIAÇÃO DE AÇÕES INDIVIDUAL
Repetição do exercício do primeiro dia com quem ainda não havia feito.

Exercício #5: ESPECTRO DE ONTEM
- Acaso: deixe o acaso fluir
- Poder do silêncio X a precocidade da ansiedade
- Jogar no risco, no erro, no abismo.
- “Olha no abismo e vê. Eu vejo o homem” – Hilda Hilst com “A Obscena Senhora D” me “assombrando” novamente

Exercício #6: TELEPATIA DO ACASO
4 pessoas saem da sala. A primeira entra, faz algo no espaço e sai. A segunda pessoa entra e tenta perceber o que aconteceu anteriormente no espaço e refazer, sai. A terceira faz o mesmo. A quarta também. As quatro pessoas entram juntas e refazem o que fizeram, nas mesmas velocidades.
Variação: quando as 4 pessoas voltam juntas, permitem-se afetar pelas outras pessoas, sem deixar suas ações.

Indicações e comentários:
- Perceber o espaço
- Perceber o tempo
- Assistir é interessante, pois a “impossibilidade” é tão possível que é interessante demais os encontros e desencontros que acontecem em composição.

Exercício #7: DOIS/DUAS DENTRO E UM/A FORA
“A” e “B” começam a cena e estabelecem uma plataforma. “C”, que estava fora sem assistir à cena, entra trazendo um Acontecimento.

Indicações e comentários:
- Não ter medo de sair de cena.
- Não ter medo dos silêncios.

MONÓLOGOS COMO DISPOSITIVO FERRAMENTA
Tipos de Monólogos/Solilóquios:
- Você com você: tanto em primeira pessoa, quanto em terceira ou misturando primeira e terceira.
- Você com a/o Outra/o Presente: segunda pessoa reage apenas, não fala.
- Você com a/o Outra/o Distante: a pessoa não está em cena, “existe” e tem tempo de fala, mas não se ouve.
- Você com a/o Outra/o  Ausente: a outra não escuta por algum motivo. Está lá, mas é Ausente. Ex.: morta/o.
- Você com a/o Outra/o Invisível: pessoa imaginária/o em cena.
- Você com a/o Outra/o como Objeto Materializado: fala com um objeto. Pode ser um Monólogo com Outra/o Presente se a pessoa manipular o objeto em reações; ou ainda considerado Outra/o Ausente.
- Você e Plateia: Fala diretamente à plateia. Pode ser uma plateia categorizada (que se dá uma função/personagem ao publico) ou sem categoria. Quando se pega sugestões com a plateia, ela já categorizada como plateia e já faz parte da ação dramática.

Exercício #8: BANAL E MORTE
Duplas. Conversam sobre tema banal e estabelecem plataforma. Em algum momento uma mata a outra com uma faca. A pessoa esfaqueada morre. Quem matou começa um monólogo. Quando a/o morta/o sente que é possível, se levanta e retomam a cena como se não houvesse acontecido. Em algum momento nova facada, independente de quem seja, e novo monólogo. Pode-se repetir o protocolo quantas vezes achar se necessário.

Variação: Matar de forma livre, não precisa ser facada.

Comentários e Indicações:
- Usar um ou mais tipos de monólogo no mesmo monólogo
- Ao retomar a cena pode ser de onde se parou ou com pulo de tempo
- Os temas não são os motivos do assassinato
- Assistir é como ver as vontades internas das personagens, como um sonho ou desejo que não acontece na “realidade”.

Exercício #9: DIÁLOGO PING-PONG
Em duplas. Diálogo de falas curtas e quase sem intervalo entre as falas das pessoas.

Comentários e Indicações:
- Evitar brigar
- Evitar perguntas
- Usar repetição
- Que seja absurdo se o for
- A velocidade está no entre falas e não na fala

Exercício #10: PROTOCOLOS DE AÇÕES
Duplas. Duas cadeiras ou bancos. A plateia dá um tema que não é banal.
- Quando estão posicionadas/os de frente para a plateia: palavras ping-pong.
- Quando de frente um/a para outra/o: monólogo de um/a com a/o outra/o como Ausente. Quem decide o fim do monólogo é quem faz o monólogo.
- Quando as/os duas/dois de pé: caos induzido (falam ao mesmo tempo por exemplo). Quando “voltam” à cena pode ser de onde parou ou com salto de tempo.

Comentários e Indicações:
- A maneira como apresentou o protocolo foi bem bacana, pois não foi explicado para nós como plateia. A cena foi feita por duas improvisadoras que sabiam o protocolo. Foi intenso e bonito. Códigos teatrais estabelecidos: momentos de revelação, interação e composição espacial de imagem.
- Não é protocolo de ordem de procedimentos como as demais, são ações. Me remeteu ao espetáculo “Corte Seco” de Christiane Jatahy que não era de Impro mas tinha dispositivos de Impro como protocolos de ações.

Encerramos a aula como uma discussão necessária sobre como abordar assuntos polêmicos em Impro. O lugar da denúncia, ironia funciona sem a proteção de um texto pré-escrito. A vantagem de treinar em grupo e discutir tudo na sala de ensaio para sabermos e conhecermos como pensam e agem nossas/os parcerias/os, etc.

Foi uma delícia fazer um curso avançado de improvisação em português. Chegamos num ponto interessantíssimo para começar a desenvolver mais. Saulo Pinheiro comentou que poderia ser um curso de 5 dias. Acredito que seria um bom tempo de curso, e eu adoraria faze-lo, para então se começar a desenvolver o que foi aprendido, tendo assim orientação e feedback do Gustavo Miranda. Essa seria a maior vantagem, mas nada impede o treinamento e continuidade por conta própria.

De volta a Brasília começo a organizar as Palestras sobre Impro pelo projeto VISANDO IMPRO com o apoio de FAC – Fundo de Apoio à cultura do DF.



Pode ir lá presencialmente e conhecer o espaço do Coletivo Janela em Brasília-DF que é uma iniciativa massa de co-working entre grupos de teatro do DF, ou... se a condução está difícil, a distância inviável, mas a conexão tá ok, assiste pela internet! Vai ser transmitido ao vivo pela página VISANDO IMPRO do Facebook: https://www.facebook.com/visandoimpro/

A primeira palestra é sobre Impro em geral e vai acontecer dia 11/08 (sábado) às 10h da manhã.
A segunda palestra, também dia 11/08 às 14h, vai falar de Impro Long Form e estruturas e estéticas e escolhas e etc.
Ah... mas se dia 11/08 for na verdade um dia difícil para você, daqui há algum tempo eu vou subir as palestras para o YouTube também. Vamos perpetuar trocas!


Aguardo olhos nos olhos ou views! 

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