segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Desejos de Ano Novo!

Ano novo! Cuidado com o que deseja, pode realmente se tornar realidade.

Já estou a desejar me debruçar sobre a Impro faz tempo. Em 2016 tomei a decisão e comecei a tlrihar alguuns caminhos. Foi quando eu me inscrevi para o edital do Fundo de Apoio à Cultura da Secretaria de Cultura do Distrito Federal. Havia no edital de Áreas Culturais, a modalidade e Pesquisa Cultural. Fiz um plano a partir do orçamento do edital mais economias próprias e... no final de 2017 saiu o resultado e o financiamento. Assim, eu comecei 2018 com um mergulho intenso em Impro por diferentes lugares no mundo.

Janeiro: Criação e primeira publicação do Blog Visando Impro (atividade do projeto Visando Impro - FAC)

Arte: Fred Reis

Fevereiro: Curso de Impro pelo Estúdio Janela no espaço do Coletivo Janela.

Arte: Diego Bresani

Março, Abril e Maio: Cursos de Impro no The Second City Training Center de Los Angeles (atividades do projeto Visando Impro - FAC). 


Foto: Luana Proença

Maio/Junho: Ida para a Colômbia, via México com apoio de financiamento Coletivo e por conta própria para colher entrevistas na Casa do Humor (Cidade do México) e no IX Diplomado de Improvisacíon Teatral em Bogotá.

Fonte: https://www.uelbosque.edu.co/educacion-continuada/diplomado/
ix-diplomado-internacional-de-improvisacion-teatral-japon-israel

Junho: Ida ao Festival Mount Olymprov Grécia (atividade do projeto Visando Impro). Participação em workshops e Jam (por conta própria).

Foto: Luana Proença

Julho/Agosto: Volta para o Brasil. O que será de mim agora? Resultado do Doutoramento em Estudos de Teatro na Universidade de Lisboa. Porjeto de Pesquisa em Impro aprovado. Um mês de muito treino pessoal em Impro do meu solo. 
Participação do curso de Impro avançado Dramaturgia do Ator com Gustavo Miranda em São Paulo (atividade d projeto Visando Impro - FAC).
Instagram Escola do Quintal

Agosto: Aulas de Impro para o projeto Mosaico do Amor em Brasília. 2 palestras sobre Impro trasmitidas ao Vivo pela Internet que foram executadas no esaço do Coletivo Janela em Brasília (atividades do projeto Visando Impro). E por conta própria: 3 apresentações do meu solo longform "Aleatório" no SESC da 504 Sul de Brasília. Participação no curso de Dramaturgia Espontânea do Ator com Rocardo Berhens.
Logo oficial do Projeto
Arte: Fred Reis
Arte: Fred Reis

Setembro: mudança para Portugal. Início de treinos com o ImprovFX em Lisboa.

Foto: Zeca Carvalho

Outubro: Participação no Festival NIM - Noites Imprevistas em Queluz. Improvisadora convidada do espetáculo "A Origem do Medo" do grupo Sem Rede em Sintra. Fundação e início dos  treinos do grupo Lilimprov.
NIM. Foto: Luana Proença
Arte: André Sobral 
Lilimprov. Foto: Rita Tavares.

Novembro: Ida ao Festival Circuito Impro no Rio de Janeiro (atividade do projeto Visando Impro - FAC). Teve também minha "invasão/convidada" na aula de longform do Claudio Amado no Rio. As tais portas abertas...
Ida para Atenas, Grécia para criar o espetáculo de longform "Us".

Fonte: Facebook Circuito Impro

Dezembro: Apresentações dos espetáculos "Us" com Stelios Melas em Atenas, Grécia; "A Vila" com o ImprovFX e "Branca de Neve e os Sete Anões" com o Sem Rede em Portugal.

Arte: Luana Proença
 Arte: André Sobral
Foto: Luana Proença

Fora as leituras, espetáculos, escritas do blog e trabalhos do Doutoramento sobre Impro.

Minhas observações quanto à estas experiências:

Impro é teatro. Um tipo de teatro, uma linguagem teatral, se preferir. Assim como o teatro de formas animadas, ou teatro de sombras, a Impro é teatro e tem as suas particularidades conceituais e técnicas que não a afastam em anda dos fundamentos teatrais.
A encenação em Impro pode ser rebuscada o simples... como qualquer teatro. depende do espetáculo, dos objetivos, das vontades, dos recursos, etc. Como qualquer espetáculo teatral. Essas não são descobertas, são mais reafirmações baseadas agora numa experiência além dos livros e da tentativa e erro dos meus laboratórios.
A questão da mulher na Impro se fez mais evidente para mim, muito porque a questão da mulher na sociedade, como condição humana, se fez mais evidente para mim. Criamos (como artistas e publico, sim, publico cria) a aprtir das nossas referências. Somos sujeitos em comunidade, não criamos do nada. O que reforça que não se improvisa realmente do nada. Mas quando falo da questão das mulheres vou além da particpação de mulheres no palco, isso é evidente em todos os setores e vamos mudando, a passos lentos e com puxões para traz... com afirmações no estilo da futura ministra brasileira do Ministério da Mulher, Direitos Humanos e da família... Ai, ai... Mas amplio a discussão com o papel de mulher: as personagens que são designadas às improvisadoras, ou a maneira como os homens improvisam as mulheres. Isso vale sim para qualquer esteriótipo. E não me entendam mal, eu acredito na força do esteriótipo e do ciclê, como diz a diretora estadunidense Anne Bogart, os esteriótipos são continentes de memória. É possível se entender uma sociedade inteira e o pensamento humano ao olhar estes espaços. Mas são espaços, é preciso preenche-los para que a interpretação não fique literalmente vazio. E por que não, transborda-los. Falar dos moldes, dos tipos, é também uma maneira de questiona-los, de altera-los. Surgiu por aqui no blog inclusive a questão de status em cena, no sentido de observar um padrão na questão de status nos gêneros de personagens ou de artistas.

Eu me questionei muito quanto auto-sabotagem, quanto a medo. Porque sim, foi um ano de muitas conquistas, vitórias e de um terror imenso e constante. Improvisar em inglês foi difícil para porra! Mas também foi uma boa desculpa para eu não ir alem do que eu podia. Professoras/es elogiavam como eu me jogava e não dava a mínima... Mas eu sempre tinha ali na ponta da língua a desculpinha de: "Ah, eu não falo inglês!". Até mesmo aqui em Portugal, eu vivo usando (além de piada, que ok, funciona) a desculpa: "Eu sou do Brasil, nõ entendo o português daqui.". Olha, eu cresci muito como improvisadora, como atriz e artista. Mas teve desvios internos para não deixar tudo mudar de vez dentro de mim. E perceber isso foi importante. Me perceber vulnerável e me permitir (quando me permito) vulnerável no palco. É poderoso.

Trocar com gente de outros países, culturas, histórias pessoais, línguas não foi só importante pelo intercâmbio em si. Mas a receptividade. Foi um caminho um tanto solitário este ano ao abandonar tudo e me jogar nesse caminho em que eu tinha gente por perto, mas que não tava na mesma trilha. E eu não tive minha casa. Só em novembro eu desfiz minhas malas (e ainda assim eu fiz outras por que viajei muito no final do ano). Se não fosse mesmo a abertura das turmas que eu tive nos cursos, os grupos e improvisadoras/es que conheci nessas andanças de abrirem as portas das casas, de confiarem nessa desconhecida de mochila nas costas... Poxa, se foi difícil para mim, imagina para quem não me conhecia. A Impro abriu-me mais esse entendimento. É uma atitude que eu aprendi no exemplo da minha casa, da minha família, mas sabendo que esse não é o comprotamento "normal", que não é qualquer pessoa que abre a casa para você. E muitas casas se abriram porque eu sou improvisadora (e agradável, e simpática, e... O que? Eu sei me comportar, meus pais me educaram, se eu não escolho usar sempre a educação, é outra história, hehehehe). Sei que parece romântico, mas é bem verdade que nessa comunidade Impro eu tive muito apoio para me jogar. Eu dei sorte também, eu sei. Se é que sorte existe. Mas que seja sincronicidade afiada do universo, os ecnontros foram receptivos.

E tem haver com escuta. Escuta na Impro como presença plena. Estar, observar e decidir simultaneamente. Não, não acontece o tempo todo. Eu mesma sou um tratorzinho de ideia e energia, quando vejo já passei por cima de uma galera, uma malta. Mas eu vou treinando a escuta, e volto, ou nem avanço e... eu sou ouvida também nessa minha força, e respeitada e... então há diálogo. Nem parece que eu estou falando de teatro... Mas eu também não estou. Esta última frase é esquisitamente precisa.

Do que não gostei do que vi de Impro: displicência por preguiça, por desculpa, por ser fácil ser displicente. Opções que reforçam o vazio do esteriótipo que a Impro é colocada e assim a desvaloriza. Que seja simples, mas que seja para valer: validade, valor: colocar energia.

Dos meus devaneios psicológicos e emotivos para uma outra visão do ano. Preparem-se! Sou filha de matemática e analista de sistemas!

2018
365 dias no ano
141 no Brasil (115 em Brasília, 8 em São Paulo, 7 em Maceió, 7 em São José dos Campo, 4 no Rio de Janeiro)
108 nos Estados Unidos
87 em Portugal
15 na Grécia
6 no Reino Unido
4 dias em ponte aérea (Espanha, Alemanha, Canadá e Suiça)
3 em Bogotá
1 no México

55 entrevistas com improvisadoras/es do Brasil, Argentina, Espanha, EUA, Canadá, Polônia, Romênia, Grécia, Chile, Venezuela, Colômbia, México, Austrália, Israel, UK, Portugal, e França - para ação do projeto sob financiamento do FAC-DF (mas sem recurso orçamentário para esta ação);

10 cursos fora do Brasil como aluna (Estados Unidos e Grécia) - 5 com financiamento do FAC-DF (incluindo passagens de ida e volta para os EUA e o pagemnto dos cursos);

2 cursos no Brasil com aluna (São Paulo e Brasília - Festival Cena Contemporânea) - 1 com financiamento do FAC-DF (incluindo passagem de ida e volta e pagamento do curso)

1 curso de Impro no Brasil como professora;

2 Festivais de Impro (1 na Grécia e 1 no Brasil - Rio de Janeiro) - Passagens de Idas e voltas financiadas pelo FAC-DF;

13 apresentações de Impro como improvisadora (1 nos EUA, 2 na Grécia, 3 no Brasil e 7 em Portugal);

2 palestras sobre Impro trasmitidas ao vivo pela internet - ações do projeto sob finacniamento do FAC-DF (mas sem recurso orçamentário para esta ação);

55 postagens no blog - 16 como ações do projeto sob financiamento do FAC-DF (mas sem recurso orçamentário para esta ação);

+- 55 espetáculos de Impro assistidos (22 nos EUA, 17 na Grécia, 1 na Colômbia, 8 no Brasil, 7 em Portugal).


Outros números:

Segundo o registro da plataforma do blogspot, de 31/01/2018 a 30/12/2018:
Foram 7181 visualizações do blog.
Sendo:
3790 do Brasil
1046 dos Estados Unidos
570 de Portugal
205 da Alemanha
179 do Peru
128 da França
106 da Polônia
75 do México
58 da Argentina
56 da Grécia
968 visalizações em pequenas quantidades espalhadas por aí entre: Bélgica, Espanha, Rússia, Austrália, Romênia, Canadá, e o que a plataforma vai chamar de Região desconhecida...

Uma média de 132 visualizações por postagem.


E para 2019, o que já sabemos?

Pelo projeto Visando Impro - FAC, faltam executar:
- A publicação de 1 artigo sobre Impro (em fase de escrita)
- Subir aquelas 2 palestras de Impro para o youtube com legenda em português (acessibilidade)
- E tão prometido documentário caseiro com legendas também (vou começar a edição em janeiro. Aí é o tempo que tiver que levar, porque, né? Financiamento para a execução documentário em si, não há ainda).

DOS MEUS PROJETOS PESSOAIS EM IMPRO
- Encontro em abril da Network Internacional de Impro THE SIN que agora faço parte;
- Ida a Festivais (de acordo com calendário e bolso)
- Temporadas do meu solo por aqui... e por ali... e por lá
- Novos espetáculos com Lilimprov... E Sem Rede... E ImprovFX... e quem mais chamar
- Novas apreentações de "Us" com Stelios Melas
- Estreia e apresentações de "Room 3" com as improvisadoras estadunidenses Amy Lamier e Jamie Graham
- Seguir com a pesquisa de doutorado com firmesa (e conseguir uma bolsa porque tá começando a apertar)
- Voltar a dar aula... Sinto falta. Sinto muita falta.

E agora, eu pergunto... Para quem teve paciência de ler até aqui

QUAIS SÃO OS DESEJOS DE 2019 PARA CÁ?
DAQUI PARA FRENTE, O QUE DESEJA LER NESTE BLOG?
O QUE VOCÊ GOSTARIA DE LER SOBRE IMPRO?
O QUE QUER QUE EU TRAGA PARA CÁ?
O QUE QUER QUE EU COMPARTILHE?

Eu sou muito grata, imensamente grata. E eu quero mais! Quero mais coragem, que não é o oposto de sentir medo. É sentir e ir assim mesmo. É permitir o choro que limpa. Resistência: Li algo mais ou menos assim estes dias no facebook do querido Victor Hugo Leite: "Se me jogar no chão, eu me esparramo e viro raíz". Está preparada/o? Eu não! A gente dá as mãos e está tudo, já desde o dia 01 de janeiro, de mãos dadas!


Ilustração: Thereza Nardelli

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A Vila e Branca de Neve

Dois espetáculos na última semana. Um completamnete inédito e outro, inédito para mim em uma total nova experiência (nutrida de anteriores).

O Improv FX apresentou na quarta-feira 12/12/2018 o espetáculo de impro Longform A VILA, uma novela teatral improvisada. No elenco além do ImprovDF (André Sobral, Hugo Roda e João Cruz) estávamos como convidadas/os eu e Rui Neto. Ambos participantes contínuos dos treinos abertos do grupo.

No sábado 15/12/2018 o Sem Rede apresentou o seu espetáculo de Impro infantil "Branca de Neve e os Sete Anões" e eu pude estar no elenco como substituta.

Aqui vão as partilhas de experiências e formatos.

A VILA (ImprovFX)

Arte: André Sobral

Vale apontar que o espetáculo foi apresentado no Centro Cultural de Moscavide, local onde o ImprovFX ensaia, gratuitamente como contrapartida pelo uso do espaço. Permutas artísticas.

Com a direção de André Sobral o espetáculo toma por base uma vila do interior (no caso Portugal, então pense na pessoa perdida, hehehe... Nem foi, mas poderia ter sido). A plateia escolhe com a orientação do André 3 personagens típicos de uma vila, ex.: padre, beata, bêbada/o, peixeira/o, prefeita/o, etc. As personagens são escritas em papéis e colocados na frente do palco. As/os quatro improvisadoras/es entram e se posicionam aleatoriamente na frente dos papéis. A plateia então designa para cada um/a, sem saber quem fará qual personagem, um problema. Ex.:  contas atrasadas, obsessão por selos, perder a carteira continuamente, etc.

As personagens são então reveladas. Um/a improvisador/a tem o papel em branco e então definirá sua personagem no decorrer das cenas. Também está livre para usar ou não seu probelma sugerido pelo publico.

Última orientação antes da história começar: quando se ouvir os sinos da igreja, tudo pára. Nós no palco congelamos e o André vai ao publico e pergunta a plateia que personagem querem cohecer mais um pouco, ver se desenvolver mais. Este é o gatilho para a ação seguinte.

Foto: Rita Tavares

A primeira cena é realizada também pela sugestão di publico num evento da vila onde todas as personagens estarão. NEsta cena conehcemos rapidamente cada uma, um cheirinho que ajuda o publico a escolher a primeira destas pessoas que vamos desenvolver mais. Como jogo interno nesta apresentação "roubávamos" uma palavra da conversa de alguém para nossa conversa paralela.

Como mecanismo interno, afim de possibilitar o interesse da plateia por mais personagens, procuramos alternar as duplas das cenas iniciais a fim de não repetir quem acabou de estar em cena.

Com o decorrrer da peça, outras intervenções do sino da igreja ocorrem, já com o intuito de direcionar as redes de histórias desta novela pelo olhar do publico. Depois as intervenções deste tipos já não sõa mais necessárias.


Foto: Rita Tavares

 Foto Rita Tavares.



Jeans e camisa quadriculada como figurino padrão. Palco livre com 4 cadeiras disoníveis. O André operava/improvisava som e luz do palco.

É um formato bem instigante de se fazer, pois sua estruturação principal tem haver com o início do espetáculo seguindo mais uma linha "free form" para o desenvolvimento das histórias. E este estilo mais livre é o lugar/momento (variáveis de tempo e espaço) em que nos olhamos e escutamos mais em cena. A tal da presença. A tal da vida no placo que a gente vai descobrindo. Por exemplo: As durações de treinos e apresentação giraram por volta dos 50 minutos e fomos construindo entre nós a noção de tempo de duração e fechamento.

Eu particulamente me identifico com a rede de histórias, é umt anto a proposta do meu solo "Aleatório": vidas que seguem seus caminhos e se cruzam: o encontro porvocando transformações sutis ou de impacto profundo. Bem novela mesmo, se formos pensar, hehehe.


BRANCA DE NEVE E OS SETE ANÕES (Sem Rede)


Treze anos de Teatro Infantil pela Cia Teatral Néia e Nando... Mais uns vários trabalhos infantis pelos anos... Mais a pesquisa de Impro e, eu nunca havia feito um espetáculo infantil de Impro. Assisti um espetáculo de Impro infantil pela primeira vez este ano em Los Angeles no the Second City "Really Awesome Improv Show" (postagem número 08, dia 13/03/2018).

A estética do espetáculo é toda em balões: cenário e adereços "figurinísticos". Sob a base de figurino preta e tênis brancos vestem-se esculturas de balões pré-moldadas (mas que ainda sim ganham formas criativas conforme a/o improvisador/a se vestir). Já há mão há a floresta e balões, espadas, a casa dos anões, a estrutura do espelho mágico, e as propostas de vestidos e adereços de cabeça (laços, coroa) para Branca de Neve e Rainha.

 Foto: Luana Proença

 Foto: Luana Proença


 Foto: Luana Proença


Ao publico é explicado que naquele dia será improvisada a história de "Branca de Neve e os sete anões", e se pede que a plateia nos conte a história e nomeie personagens: quem fará a Branca de Neve, quem fará a Madrasta e... no caso que fomos só três improvisadoras/es: quem fará todo o resto (Em cena neste dia éramos eu, André Sobral e Paulo Cintrão). Da entrevista com a plateia ainda se retiram sugestões de: o motivo pelo qual Branca de Neve de repente se tornou a mais bela (um acontecimento), um animal, uma palavra, estilos de interpretação e filmes, e um local.

A partir da sugestão de local é inciada a primeira cena. Tendo a estrutura narrativa do conto da maneira como foi contado pelo publico se desenvolve a nova velha história em que a partir do acontecimento Branca de Neve se torna a mais bela de todas, enfurecendo sua madrasta. Eis que na cena do caçador, quando ele decide não amis matar Branca e Neve e que levará o coração de um outro bicho à rainha, se utiliza a sugestão do animal.

A história continua a se desenrolar. A qualquer momento alguém das/os improvisadoras/es pode falar a palavra sugerida pelo publico. A cena congela e continua a partir de um dos estilos coletados também no início. Quem escolhe o estilo do momento é a pessoa que paralizou a cena.

Para a cena dos sete anões, a/o improvisador/a que faz a Madrasta assume um, a/o improvisador/a faz-tudo assume outro e os demais são feitos por adultos do publico. (Momento para as criancás verem pais, mães, tias, tios, avós em cena).

Ao final, uma criança do publico é chamada para salvar a Branca de Neve de seu sono eterno...

Debutei em Impro Infantil (e a Sandra Cruz que debutou muito bem no trabalho de técnico de som e luz de uma vez só). Espetáculos infantis fazem aprte da minha história, da minha formação, então foi como voltar para casa... mas meio que de surpresa, meio que com roupas novas, um novo corte de cabelo, sei lá... algo que vai se ajustando, um familiar que é desconhecido.

E eu até ganhei um presentinho de debute... acho que me comportei bem no consultório, hehehe



Gratidão ao Sem Rede e ao ImprovFX por abrirem as portas para mim.

***

Próxima postagem, última postagem do ano, vou fazer um balanço dessa jornada enlouquecedoramente fértil de 2018.
Se tens algum tópico que queira que eu comente, só falar! Até dia 28/12/2018, recebo as sugestões. A nova postagem sai dia 31/12/2018... último dia do ano.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

US: quando as distâncias nos aproximam

Na última postagem eu falei sobre a importância de Festivais. Em junho deste ano eu estive no Festival Internacional de Impro Mount Olymprov em Atenas (Grécia). Lá eu participei de workshops, assisti a espetáculos e conversei com outras/os improvisadoras/es (além de cantar em karaokê). Destes encontros, e justamente nas festas e saídas, projetos novos surgiram, parcerias inusitadas se formaram e agora um deles se concretiza em cena.

US (NÓS) é um espetáculo de longform que teve sua estreia experimental neste último sábado, 1 de dezembro de 2018, nos palcos da ImproVIBE, Atenas, Grécia. É um projeto meu com o improvisador grego Stelios Melas. 

Foto: Nickolas Drandakis. Arte: Luana Proença.

Traços da Genética Teatral do gesto criador (olha o Doutoramento influenciando minha escrita!): Stelios trabalha com e é apaixonado por jogos de tabuleiros. Eu daqui gosto bastante e me divirto, ams há um abismo na intensidade de interesse, hehehe. Entre alguns jogos e conversas no Festival de junho, ele mencionou que nós dois nunca conseguiríamos jogar o jogo "Fog of Love", porque era um jogo de relacionamentos e eu, por ser competitiva e dominadora como sou (palavras dele, loooooonge de ser verdade... só que é, hehehehe) não iria conseguir "perder" no jogo e aí não conseguiríamos vencer juntos porque o jogo tem disso de ceder para ganhar juntas/os. (Observação: eu gosto tanto de ganhar que eu perderia para ganhar, ok? hehehhe). Desta conversa, eu aceitei a provocação, e comecei a aumentar estas características. Dali surgiu uma brincadeira de casal e, por sermos duas/dois improvisadoras/es, cenas surgiram também e com isso um novo comentário do Stelios: "A gente podia muito fazer um espetáculo de impro com isso.". 
Relacionamentos, problemas de casal, uma sessão de terapia. Nos despedimos em junho com essa sideias em mente. Eu voltei aos Estados Unidos... depois ao Brasil... vim para Portugal... uma visita rápida ao Brasil novamente... Portugal e esta semana voltei a Grécia para colarmos em prática presencialmente todas as conversas e ideias que se manifestaram em conversas via messenger nestes quase 6 meses de criação.

Nosso formato:

Somos 3 improvisadoras/es em cena. Eu e Stelios como o casal e sempre termos um/a improvisador/a convidada/o para fazer a/o terapeuta. Nesta primeira apresentação tivémos a maravilhosa improivsadora estadounidense Carolyn Janis.

Da esquerda para direita: Eu, Carolyn Janis e Stelios Melas. Foto: Nickolas Drandakis.

Assim a/o terapeuta abre a cena chamando para a sessão o casal que se encontra no publico. Neste momento, neste levantar e sentir o publico criamos o primeiro respirar das personagens. Subimos ao palco e provocadas/os pela/o terapeuta começamos a desenvolver o probelma da relação que transparece um pouco já das personalidades também. Quando se menciona um momento específico ou interessa de ver como "aquele" fato da relação começou, fazemos uma cena flashback em que se "vive" a relação.

Fazemos de 03 a 04 cenas de flashbacks (esta decisão fica a cargo da/o terapeuta pela quantidade de informação, ápice e tempo). Estas cneas equilibram entre momentos bons e ruins do casal e também mostram lados diferentes do caráter de cada personagem. Desta forma conhecmos mais profundamente que são estas pessoas, porque ficaram juntas e nos resta saber se continuarão. Congelamos e a/o terapeuta pergunta ao publico que repsonde por palmas se elas/es devem se separar ou continuar o relacionamento. A partir da resposta, a terapeuta cria narrativamente como foi a separação ou a decisão de ficar juntas/os e nos joga para o que aocntecerá 10 anos após aquele ponto. 

Foto: Nickolas Drandakis.

Esta é a última cena, na qual temos a liberdade inclusive de reatar, separar depois de anos da tentativa passada, ou manter a decisão do publico. O final pode ser feliz ou não para as ambas as personagens, ou somente para uma.

Foto: Nickolas Drandakis.

Foto: Nickolas Drandakis.


Obervações do formato:
- Não temos a obrigatoriedade de fazermos um casal hétero, mas reconhecemos a tendência de o fazermos por ser o nosso universo pessoal.
- Estamos ainda a discutir se partimos de uma sugestão do publico para criar as personagem e/ou o problema principal da relação.
- O uso da música nos agrada, principalemnte instrumental. Usamos initeeruptamente nos ensaios, mas ainda não a usamos em cena nesta primeira experimentação.
- Nós ou a/o terapeuta pode encerrar o flashback.
- Experimentamos nos ensaios e nos agrada, mas não usamos na experimentação um trabalho de gesto abstrato para fazer a conexão de cenas da realidade com o flashback. Talvez a música seja um elemento condutor também para isso.
Esteticamente tentamos equilibrar cores quentes e frias no figurino casual. Mas temos algo muito elaborado no momento e talvez nem o seja necessário.


Curiosidades:
- Uma semana antes desta minha viagem a Grécia, descobri em Portugal um jogo de Impro que parte desta mesma ideia de terapia. Nada de novo sob o céu, sempre novo nos encontros.
- O publico ficou bem dividido nesta primeira apresentação entre querer a separação ou a continuidade da relação, o que nos foi interessante já que parece ser um indício de que conseguimos equilibrar a história.
- Ficamos muito sentadas/os neste dia, tanto na terapia (que tende a ser sentada) quanto nas cenas flashbacks. Algo curioso do dia, mas há de se notar que foi muito diferente dos ensaios. COmo é semrpe diferente, inclusive ter a Carolyn nos fazendo descobrir outros pontos da relação. Foi escolha dela, por exemplo, tratar aquela como mais uma sessão e não a primeira, o que dá um outro tom as criações de todas/os.

***

Acredito ser importante destacar que nos foi possível esta primeira apresentação porque a ImproVIBE abre este espaço de experimentação de grupos. Há também este espaço para se apresentar na Grécia em inglês (porque eu não falo nada de grego), o que permite ainda mais este intercâmbio de países na performance em cena.

A Impro diluiu as distâncias geográficas e linguísticas da criação, permitindo o encontro e o novo. O que realmente é distância? Uma relação espcial. Relações. Pessoas. Nós.

Que venham outras oportunidades como esta. Que possamos voltar sempre a falar sobre NÓS (US).

segunda-feira, 19 de novembro de 2018

CIRCUITO !MPRO - Festival de Impro no Brasil

CIRCUITO !MPRO


Um dos maiores objetivos deste projeto é popularizar o conhecimento sobre Impro. Como? Troca.
Um dos maiores objetivos deste projeto é produzir material sobre Impro em português. Como? Troca.
Um dos maiores objetivos deste projeto é trocar. Como? Este blog, a feitura de um documentário, e a presença física em festivais.

Porque festivais são importantes para o teatro?

Eu considero que boa parte da minha formação artística, que vai além dos cursos e trabalhos, se deu pelas experiências em festivais. Assistir ao Festival Internacional de Teatro de Brasília Cena Contemporânea da minha adolescência até... este último agosto, com certeza provocou intensamente a minha percepção estética, política, ética, e artística. E como não? A oportunidade de assistir à espetáculos de todas as partes do mundo já e por si escola. Mas ainda há o fator da intensidade, dos encontros, das conversas, dos debates, da cerveja. Conversar sobre o que se vê e faz. Conhecer as/os fazedoras/es e trocar pontos de vista é de crescimento pessoal.
Outro “fenômeno” foi a experiência com o espetáculo”O Rinoceronte” do triste é tão tristemente atual texto de Eugène Ionesco com direção de Hugo Rodas. Por um pouco mais de dois anos pude viajar com o espetáculo e participar de vários festivais no Brasil. E perceber os diferentes públicos (diferentes culturas dentro da sua própria cultura) e trocar com o público e demais artistas depois, me ensinou um bocado sobre poder. Poder em se ter poder e de se permitir fazer, o que se pode fazer. Festas são lugares de encontros e trocas. Festivais é uma festa mesmo.

Ir ao Festival Mount Olymprov na Grécia em junho deste ano explodiu não só minha cabeça, mas minha vida. Rumos que eu me eram impossíveis, distantes se tornaram realidade pela percepção do poder trilha-los. Fala-se muito e desamassado do medo do desconhecido. E ele existe. Existe tão somente por conta do poder do desconhecido. Se perde para se achar. Voltar outra. 

E eu voltei ao Brasil. Rio de Janeiro. O Festival Circuito !mpro, em sua segunda edição. Uma iniciativa de Davi Salazar e Tomás Pereira em trocar, fomentar, unir e integrar as/os fazedoras/es entre si e o público.

O Circuito aconteceu por três finais de semana, sábados e domingos, na Casa de Espanha na cidade do Rio de Janeiro. Apesar desta distribuição de cronograma impossibilitar a minha pessoa de acompanhar todo o festival (três semanas fora não dava, né?), é um tempo também interessante para, principalmente neste momento inicial e intensificado da Impro no Rio, de permitir o publicões se envolver cada semana mais. Afinal, a política do boca a boca só funciona se houver tempo. De toda forma, eu acompanhei metade do festival, 3 dos 6 dias de apresentações. 


SOBRE O CIRCUITO !MPRO:

“Existe um cenário de Teatro de Improvisação o Rio de Janeiro ainda pouco conhecido.
Grupos compostos por artistas de muito talento, com formação sólida em teatro. Muitos deles foram alunos de Keith Johnstone, Omar Argentino, Fernando Caruso, Gustavo Miranda, estudaram na Companhia de Teatro Contemporâneo, UCB, Second City, Loose Moose, UNIRIO e outras escolas importantes no gênero. alguns grupos possuem mais de 10 anos de formação.
Em 2017, dois improvisadores idealizaram um Festival onde grupos selecionados pudessem mostrar ao público seus formatos. Trata-se de uma mostra não competitiva onde o que mais importa é a criatividade, inovação e diversão do público. Surgiu então o Circuito !Impro - Circuito de Improvisação Teatral que está na sua segunda edição e acontece na Casa de Espanha, um teatro confortável e com excelente acessibilidade.” (https://m.facebook.com/circuitoimpro/#!/story.php?story_fbid=311164852813978&substory_index=0&id=188232868440511)


PROGRAMAÇÃO 



Uma das propostas muito bacanas da programação é a de alternar no mesmo dia de apresentação um short form e um long form. Há um pequeno intervalo entre as apresentações de mais ou menos uma hora cada, que serve justamente para troca de cenário e um respiro, água e banheiro para o público.

Observação para quem está a chegar por agora ao blog. Essas são minhas percepções e se encontram em itálico para diferenciar informações de outras fontes. Comentários mais do que subjetivos meus ainda por cima aparecem em itálico que é para lembrar a quem lê que o que se apresenta aqui é apenas uma perspectiva.

03/11/2018 (sábado)

Eu não havia chegado ao Rio ainda, estava no avião a caminho do Brasil. O grupo que abriu o Festival foi o BABY PEDRA E O ALICATE.


04/11/2018 (domingo)
Mestre de Cerimônias: Rodrigo Amém

Já a partir das minhas perspectivas, mesmo cansadona da viagem. As sinopses sediadas pelos grupos me forma enviadas após eu escrever minhas observações. Então é possível dar uma comparada na proposta do grupo com a minha leitura/percepção de espectadora (minhas observações seguem itálico).

OS MOIROS. Espetáculo “O Fio da Meada”
Long Form.

Três histórias com uma pegada shakespeareana. As histórias não tem uma correlação narrativa entre si necessariamente. O público entra e os três improvisadores, homens (moiras se tornam moiros) estão cobertos com panos de cores diferentes, segurando luminárias numa luz mais baixa e com velas. Música de fundo em atmosfera de mistério. No palco temos folhas secas espalhadas: o que é visual, cheiro e som, e continente de memória: floresta, perigo, etc. Os improvisadores fazem entre si associação de palavras. O público se senta. É solicitado que uma pessoa escolha três cartas de várias que estão na boca de cena, todas viradas para baixo. Cada carta sorteada é a inspiração/título para cada história que será improvisada. Começam novamente associação de palavras, mas agora envolvendo o público. Estas palavras permeiam a história criada. Finalizada a primeira história, as figuras dos moiras/moiras são resgatadas, se comenta a última história e o que faz link para a nova coleta se palavras por associação e início da segunda história. O mesmo acontece para atreveria e última história.

Sinopse (cedida pelo grupo):
A Companhia de Teatro Os Moiros apresenta o espetáculo de improvisação O Fio da Meada, que tem como inspiração estética e dramatúrgica as obras de William Shakespeare. Partindo de sugestões da plateia, os atores Bernardo Nunes, Davi Salazar e Tomaz Pereira contam histórias improvisadas e de forma coletiva, perpassando por momentos trágicos, cômicos e conflituosos, bem como evocam elementos fantásticos e sobrenaturais.


DESCE OUTRA. Espetáculo: “Desce Outra”
Short Form

Quatro improvisadores e um músico alinhados nas suas camisas brancas, calças jeans e gravatas pretas. Alinhados mas não por muito tempo. O formato que é realizado em bar tem a cachaça como... indutora dramática, tanto nas histórias criadas, na linha dramática do espetáculo e no nosso drama conjunto de se estar presente, porque sim... nós também bebemos. Obviamente, pr estar na caixa cênica e não num bar o espetáculo sofreu uma adaptação. A influência do espaço de relação com o público é mais que evidente nestes momentos... a cachaça distribuída, aproximou um tanto o público que, pela formação espacial de um teatro pode se reservar a se “invisibilizar” (como ele gostaria de acreditar que isso é possível realmente... hahaha).
São realizados os jogos de improviso entre os improvisadores e o lugar da “competição” popular do short form, se dá na sorte ou não execução do desafio do jogo... que resulta em se beber mais um pouco. A própria bebedeira se torna tema e cumplicidade com o público.

Sinopse (cedida pelo grupo):
Espetáculo de improvisação etílica, com cenas criadas através de jogos de bebida, conhecidos por serem feitos por grupos em festas e reuniões em casas de amigos. Os atores se desafiam e quem “erra”, bebe. Ao longo da apresentação, o nível alcoólico aumenta, assim como a dificuldade dos jogos, testando cada vez mais a sobriedade (ou não) do elenco.

10/11/2018 (sábado)
Mestre de Cerimônias: Diogo Luccas

CAFÉ COM LEITE. Espetáculo: “Coffee Break”
Short Form

Um varal com as camisetas desse time. Digo time porque o figurino brinca ali no futebol. Cores, amarelo e estampa xadrez preta e branca. A música é uma proposta de condução de ritmo e energia do espetáculo, principalmente no tocante ao início: na apresentação do elenco. Três homens e uma mulher e tendo mais uma como convidada. Cinco improvisadoras/es. O cenário propõe o lugar de “fora de cena” pelos bancos. A “competição” se dava por desafios, mas sem penalidades ou pontuações. A não ser pelo jogo do “Só Perguntas” que quem perdia tinha que chupar um limão. Agonia.... objetivo atingido. Para o jogo “torradeira” tinham uma estrutura de pvc e pano para trabalhar o desaparecer e aparecer diante do público. Sugestões de cenas e temas eram pedidos tanto na hora quanto por sorteio de solicitações feitas por escrito antes de se abrir a casa.

Sinopse (cedida pelo grupo):
O espetáculo COFFEE BREAK é um show de Improvisação e Humor. Minutos antes do início do espetáculo, os atores conversam com o público, recolhendo idéias, histórias, sugestões que sirvam como tema para as histórias daquela apresentação. E quando soa o terceiro sinal, a magia do teatro acontece em cenas improvisadas é muito divertidas. O espetáculo conta com sete jogos de improvisação, alguns conhecidos pelo grande público e outros de autoria da própria companhia. É apresentado e conduzido pelos próprios atores sempre de maneira atual e dinâmica. 

LUPAS LOUCAS. Espetáculo: “Casamento ou Bicicleta?”
Long Form

Um grupo bem heterogêneo em relação a idades e aparências étnicas. Quatro mulheres e três homens. Todas/os de preto. Tinham à disposição uma série de adereços: molduras de quadro, perucas, aventais, tecidos, etc. que ficavam no canto direito do palco encima de uma mesa ou pendurados num cabideiro. A temática partia das escolhas pontuais das nossa s vidas, do tipo “caso ou compro uma bicicleta”. Cada uma das pessoas do elenco sorteia uma dessas situações de escolha que formam escritas previamente pela plateia. A própria plateia escolhe qual será a situação que desenvolverá a narrativa. A primeira cena apresenta as “duas faces” da história, as duas pessoas que farão a mesma personagem mas que viveram os caminhos diferentes: uma do “casamento” e a outra a da “bicicleta”, quase como histórias em universos paralelos. As duas são desenvolvidas intercalando-se sem uma ordem (ao menos aparentemente), até um ponto em que as duas fasces se encontram em uma cena e trocam ideias num novo empasse de suas vidas. A plateia então é questionada sobre qual “realidade” se assistirá o desfecho, e assim se fecha a história.

Sinopse (cedida pelo grupo):
Coletamos da platéia momentos de dúvidas cruciais que tem ou tiveram na vida. Cada improvisador sorteia da caixa uma dúvida. O improvisador vai à frente, se apresenta para a platéia e declara sua dúvida. A platéia escolhe a história que será desenvolvida. Dois improvisadores, com máscaras iguais, em cena como duas partes de um mesmo EU declarando sua dúvida até que um deles escolhe um caminho a seguir e o outro fica com o que sobrou. As cenas são intercaladas entre os dois EU's. Após consolidação das escolhas há os dois EU's se encontram sem saber que são o mesmo e falam sobre suas vidas. A cena é interrompida e a platéia escolhe qual dos dois EU's deve contar o final


11/11/2018 (domingo)
Mestre de Cerimônias: Rodrigo Amém

JOKETROTTERS. Espetáculo: “Não sei”
Shorts long form (vou explicar no relato, hehehe)

Dois grupos que se juntaram para formar este espetáculo (ou ao menos foi o que eu entendi, hehehe). Assim, quatro improvisadores em cena. Caixa branca, coletes escuros (cinzas ou pretos), calças sociais pretas e gravatas de diferentes cores. Sapatos variavam. Um quadro branco com quatro espaços delimitados é um pontos de interrogação no meio. São solicitação 4 palavras ao público que são anotadas nos quatro espaços delimitados no quadro. Cada palavra vai inspirar uma história diferente. Quatro pequenas histórias que não tem necessariamente um final (a lá short form) Alguns elementos das histórias criadas são escritos no quadro também. É perguntada a plateia ao final das 4 histórias qual personagem querem ver o desenrolar, o que não quer dizer que essa resinagem tenha sido a personagem principal da história... mas agora será. Vemos este desenrolar que fecha o espetáculo.

Sinopse (cedida pelo grupo):
“Não sei” é um espetáculo de improvisação que possui uma estrutura simples que preza pela liberdade de seus atores para criarem cenas improvisadas, que além de entreterem e propiciarem momentos de grande descontração para o público, abordam temas através da leveza da comédia que se apresentam como questões pertinentes aos nossos tempos atuais.


MEIADUZIA. Espetáculo: “Caimán” 
Long Form

Uma pianista em cena e dois improvisadores atores/instrumentistas. Assim, havia um piano na parte esquerda do palco e um saxofone e um violão do lado direito com duas cadeiras e vários panos de diferentes cores encima das cadeiras. Roupa social preta. O espetáculo começa com música tocada ao vivo por todas/os do palco.dm um momento os improvisadores/atores soltam os instrumentos e avançam para a plateia observando-nos. Fixam o olhar em alguém e lhe “roubam”, espelham os trejeitos. Se inspiram por algum besto, olhar, sorriso, que seja. Um de cada vez faz uma cena que apresenta, constrói a plataforma de uma personagem. Repetem a observação do público e o “roubo”, a captura inspiradora de gestos. Novas duas personagens que também são apresentados de forma intercalada. A partir daí as histórias se desenrolam de maneira que as personagens se encontrem e as histórias se entrelacem. A música é elemento participante tanto quanto ambiente quanto contraponto sonoro.


Sinopse (cedida pelo grupo): "Caimán" em português significa jacaré. E é o primeiro espetáculo apresentado pelo meiaduzia. O formato que une música e improvisação teatral foi criado pelo grupo peruano "Di que sí" e adquiriu uma fisionomia particular pelas mãos dos atores brasileiros. O espetáculo tem como motor espectadores que inspiram os atores, começando por monólogos criados na hora. A ideia do espetáculo é justamente essa captura, tal qual um jacaré que espera para atacar.


17/11/2018 (sábado)

Já estou em Lisboa novamente. Mas os grupos cederam algumas informações sobre o espetáculos, comportadinho cá!

IMPROMÉDIA. Espetáculo: “Impromédia”
Short Form 

Sinopse (cedida pelo grupo):
IMPROMÉDIA é um espetáculo onde tudo é feito na hora com a ajuda da plateia, através de temas sugeridos no exato momento em que a apresentação se desenvolve. O roteiro proposto é estruturado em jogos de improviso que são realizados de forma dinâmica e descontraída. O improviso e a sugestão de um tema livre são as únicas ferramentas para a elaboração das cenas que se diversificam espontaneamente com a interação do público presente.  Esta é a única regra válida no início de cada apresentação. Os temas, personagens e todo o desenrolar que irá acontecer no palco é decidido espontaneamente através da participação ativa dos espectadores e das situações inusitadas que surgem partir deste enredo. A mediação é feita por três atores em cena.

COLETIVO DE IMPROVISADORES ANÔNIMOS. Espetáculo: “O Monstro”
Long Form

Sinopse (cedida pelo grupo):
“O Monstro”. Espetáculo de Improvisação teatral do Coletivo Improvisadores Anônimos, em que uma situação limite traz à tona uma série de memórias, que pesam no momento em que o protagonista precisa decidir o seu destino. O formato utiliza elementos do teatro Playback e explora um universo onírico e de realismo mágico.

18/11/2018 (domingo)

Continuo em Lisboa. A apresentação do último dia de Festival contou com os grupos IMPRUDENTES e TEATRO DO NADA.

!MPRUDENTES. Espetáculo: “Impropose”
Short Form



Sinopse (cedida pelo grupo):
Uma pose, infinitas possibilidades. Neste espetáculo de improvisação idealizado pelos !MPRUDENTES, tudo começa a partir de uma pose. E o público é incentivado a propôr o que aquelas poses efetivamente representam, gerando quatro cenas.


TEATRO DO NADA. Espetáculo: “Rio de Histórias”
Long Form

Sinopse (cedida pelo grupo):
Último espetáculo da Cia Teatro do Nada, estreado em 2016, ‘Rio de Histórias’ é um formato próprio de improvisação criado pelo grupo, tendo como tema central a cidade do Rio de Janeiro. Inspirados pelo universo carioca, os atores criam cenas, histórias e diálogos que só no Rio seriam possíveis. Um long form carioca que, ao falar de sua aldeia, se torna universal. O público participa gravando depoimentos em áudio sobre a cidade minutos antes da apresentação e o material é depois usado como inspiração para as histórias criadas em cena.


Observação: nem todos os grupos conseguiram me enviar as sinopses dos espetáculos, mas dá para encontrá-los pela internet ou pelos palcos do Rio. Siga sua curiosidade, tanto em assistir aos que ficaram no mistério... quanto para confirmar se o que está escrito aqui dos outros grupos procede, hehehehe.


Para informações do Circuito !mpro:
SITE: www.circuitoimpro.com.br
INSTAGRAM: @circuitoimpro 


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Em geral, dos três dias que assisti, percebi uma preocupação dos grupos à encenação e utilização de elementos cênicos concretos. Escolha de figurino, uso de adereços, etc. Tanto para long form quanto para o short form. Um lugar de escolhas de como se apresentar ao público, uma proposta inicial visível que se transforma. Como se criar/formar imagens, figuras. Um trabalho do elementos teatralizados, no sentido de usar a teatralidade do evento.

Essa “preocupação” é um movimento bem interessante e que me instiga em um lugar de escolha, em outro lugar num olhar mais prático e técnico, e num diálogo com elementos da encenação.

Em relação a escolha do uso de elementos e objetos concretos: como percebemos o diálogo com a mímica? Cenas por exemplo em que temos copos imaginários, mas garrafas reais. Não vejo isso como uma problemática, mas acredito que é um questionamento intensificador das propostas Cênicas e da relação com os objetos e até mesmo da qualidade de movimento e gesto trabalhadas. Levanto a bola sem resposta mesmo, mas par que a questão não passe despercebida e seja uma escolha, que se escute como proposta e se desenvolva ainda mais possibilidades a partir da consciência disso.

Em relação ao uso prático e técnico de elementos concretos: pensar estes elementos no espaço. Como se apresentam, onde se distribuem e como são usados na relação espacial. O de as “coisas” estão e como as uso no espaço. Aparecem todas desde o início? Estão escondidas? Todas de um lado do palco? Distribuídas? Para pegar estes objetos, como eu atravesso o espaço? Quando em cena e me vem a ideia ou vontade de usar um dos elementos, como eu o faço: saio de cena e pego, ou pego em cena, ou quebro a cena e pego, etc.? Acredito que se um ponto de vista que pode evitar uma “sujeira” de elementos não desejada em cena e um diálogo estético mais envolvente com o público.

Quanto ao diálogo com elementos da encenação, destaco aqui principalmente a comunicação com a luz. Muitas vezes (e falo nomeante de forma geral) havia o gesto de dirigir a luz, de pedir o Blackout. É um gesto de direção. E meio que mais do mesmo da minha observação anterior, provoco (me provocando imensamente neste, porque é a minha pesquisa atual) como esta direção se desenvolve em cada espetáculo. O fato de já termos códigos de comunicação estabelecidos na Impro (tag out, sweep, etc.) os torna conexos com qualquer espetáculo de Impro? A qualidade desta comunicação: como se dá? A qualidade deste gesto que por ser um caminho rápido pode ser displicente, imperceptível, assumido, etc... Ponho um pezinho aqui também no questão tônus corporal que pode se perder no automatismo (e falar de automatismo na Impro é de extrema importância).

E estas questões me fazem cada vez mais feliz de evidenciar, ao menos em mim, o quanto às especificidades da Impro são bem teatrais. Estas são perguntas quanto à cena, qualquer cena, qualquer Direção. E que talvez um trabalho de olhar de direção deva entrar cada vez mais no nosso treinamento também, para que, enquanto criamos e justificamos a criação enquanto se cria, se visualize as direções e movimentos cênicos apontados como narrativa, estética e linguagem de espetáculo. 

Indagações e reflexões estas que me vieram do que assisti e das cervejas pós apresentações ao conversar com os grupos. Troca.

Cabe dizer que enquanto acontecia o Circuito !mpro também acontecia o Campeonato de Improvisação, promovida pela Cia de Teatro Contemporâneo. Havia um certo choque de horário, mas algo que também possibilitará assistir uma arte de um evento e a segunda parte do outro. E havia comunicação entre as Produções, de forma que muita gente que se apresentava no campeonato também se apresentava no Circuito no mesmo dia. Eu não consegui ir ao campeonato porque estava a colher entrevistas para o documentário... que vai sair gente, mas demora mesmo... agora faltam só 5 entrevistas par finalizar a coleta.

Mas as entrevistas também me renderam participar da aula de Long Form do Cláudio Amado no domingo de manhã. Praticar um pouquinho, trocar com novas pessoas e aprender justamente pela troca.

Nesta caminhada de fortalecer a Impro, tanto para o público mas na sua feitura mesmo, os festivais são peça chave. É triste não conseguirmos ainda manter a frequência destas iniciativas como o FIMPRO, o Improvisorama, ou até o Festival universitário de Impro que aconteceu no ano passado. Festivais universitários são caldeirões de artistas.

Por isso, incentivos governamentais à festivais (e isso não quer dizer só financiamento não, mas abertura de agenda de divulgação, comparecimento de elementos do poder político no eventos para troca, para conversa, para escuta!!!!!, sessão de espaços de apresentação, contatos com embaixadas e acordos de intercâmbio cultural, etc.) são de suma importância para a continuidade e desenvolvimento de ações artísticas e culturais tão ricas e necessárias à formação artística e de público. Digo isso: Vida longa ao Circuito !mpro. Que a corrente elétrica se mantenha e se propague. Que as/os improvisadoras/es percebam essa contribuição ao seu patrimônio formativo e se envolvem inclusive na produção também. Na parte pesada que é fazer bilheteria, afinar luz, passar som, limpar a sala, o banheiro, comprar talão de ingresso, fazer carimbo, discutir arte gráfico, fazer orçamento, conseguir apoio, pauta, imprimir material na gráfica, transportar material, chegar mais cedo, assessoria de imprensa, colocar o telefone para jogo, fotografar, divulgar nas redes sociais o de todas/os, fazer clippagem, organizar grade de apresentações. Não falo isso num lugar de puxão de orelha ou reclamação, até porque, quem sou eu para reclamar, principalmente com o carinho que fui recebida. Mas talvez seja desse carinho que eu fale. De querer ter feito mais por quem está a fazer tanto. Eu falo da percepção da palavra envolvimento. Alguém podia chegar mais cedo e estar disponível porque é do seu interesse que as coisas deem certo. Alguém podia se oferecer para realizar uma função. E aí eu lembro da minha mãe: “Você é alguém”. Puta responsabilidade ser alguém. Isso é envolvimento. Isso é poder, do tipo possibilidade e do tipo força. Isso é política e democracia de base. Só pense na força desse envolvimento? Véiiiiiii! Aí “circuito” não vai ser só um nome muito legal para um festival. 

E, obviamente: vá à festivais, participe de festivais, assista à festivais: na sua cidade, no resto do país e fora também. É bem possível, juro. Festejemos a troca! O berço do teatro ocidental p, pela influência inegável da Grécia Clássica, se credita às festividades à Dionísio, Deus do vinho e do teatro.  É na festa que Dionísio nos atira ao desconhecido em nós e nós mudamos o mundo. Ao menos os nossos.