Nesta semana me deparei com o texto de Gino Galotti: DOING IMPROV OUTSIDE OF YOUR MOTHER TONGUE.
Me chamou a atenção porque partilho do óbvio: as dificuldades e sensações conflitantes internas, de se improvisar em outra língua (como postei muito aqui sobre os cursos internacionais em inglês) e por também acreditar que o assunto vale uma discussão continuada. Vale a atenção, principalmente porque espero ver o Brasil (e agora também espero mais de Portugal) se inserir num circuito mais internacional de Impro, o que levará ao encontro com as diferentes línguas (e linguagens).
Lembro como fiquei comovida (até escrevo sobre isso na dissertação de Mestrado) quando meu professor Micah Philbrook em 2011, no Centro de Treinamento The Second City em Chicago, disse que nós nos juntaríamos nas últimas horas do curso para improvisar com outra turma. Que mesmo que não tívessemos feito os mesmos exercícios, conseguiríamos jogar juntas/os porque agora falámos uma mesma língua: a Impro. Me fez um sentido especial por ser uma não-nativa ali. E por mais sinceramente poético e verdaeiro que isso seja, eu ainda tinha que improvisar em inglês, e isso, colegas, é outra vida!
Nos treinos abertos do ImprovFX que participo semalmente, temos improvisado em inglês. Me proponho a participar de encontros e festivais de Impro... em inglês...
E nesta semana, temos o espetáculo: IMPROV COMEDY - FEAUTING: FOUR MISFIT IMPROVISERS será nesta terça-deira, 12/02/2019 às 20h30 em A Carpintaria, próximo do Cais do Sodré em Lisboa. Nele, eu, André Sobral, Hugo Rosa e Stephen Thornton vamos nos apresentar pela primeira vez (juntas/os) em inglês em Lisboa com jogos de formato curto. O Stephen é o único nativo em língua inglesa... Então, percebemos como o assunto está aí o tempo todo.
Então segue aqui a tradução do texto do Gino Galotti, com autorização dele, justamente porque ele pretende continuar a discutir e ouvir as pessoas à respeito da experiência de se improvisar fora da língua materna.
Me chamou a atenção porque partilho do óbvio: as dificuldades e sensações conflitantes internas, de se improvisar em outra língua (como postei muito aqui sobre os cursos internacionais em inglês) e por também acreditar que o assunto vale uma discussão continuada. Vale a atenção, principalmente porque espero ver o Brasil (e agora também espero mais de Portugal) se inserir num circuito mais internacional de Impro, o que levará ao encontro com as diferentes línguas (e linguagens).
Lembro como fiquei comovida (até escrevo sobre isso na dissertação de Mestrado) quando meu professor Micah Philbrook em 2011, no Centro de Treinamento The Second City em Chicago, disse que nós nos juntaríamos nas últimas horas do curso para improvisar com outra turma. Que mesmo que não tívessemos feito os mesmos exercícios, conseguiríamos jogar juntas/os porque agora falámos uma mesma língua: a Impro. Me fez um sentido especial por ser uma não-nativa ali. E por mais sinceramente poético e verdaeiro que isso seja, eu ainda tinha que improvisar em inglês, e isso, colegas, é outra vida!
Nos treinos abertos do ImprovFX que participo semalmente, temos improvisado em inglês. Me proponho a participar de encontros e festivais de Impro... em inglês...
E nesta semana, temos o espetáculo: IMPROV COMEDY - FEAUTING: FOUR MISFIT IMPROVISERS será nesta terça-deira, 12/02/2019 às 20h30 em A Carpintaria, próximo do Cais do Sodré em Lisboa. Nele, eu, André Sobral, Hugo Rosa e Stephen Thornton vamos nos apresentar pela primeira vez (juntas/os) em inglês em Lisboa com jogos de formato curto. O Stephen é o único nativo em língua inglesa... Então, percebemos como o assunto está aí o tempo todo.
Então segue aqui a tradução do texto do Gino Galotti, com autorização dele, justamente porque ele pretende continuar a discutir e ouvir as pessoas à respeito da experiência de se improvisar fora da língua materna.
A tradução é do inglês para o português, por isso lembro que a maneira de escrita em que o gênero feminino é visível no coletivo é uma proposta minha e não do texto original necessariamente.
***
Fonte Imagem e Texto original:
FAZENDO IMPRO FORA DA SUA LÍNGUA MATERNA
Gino Galotti
Impro é uma forma de arte que ganha terreno em mais países cada ano. Da uúltima que chequei, somente 13% das pessoas que mencionaram "improvisação" no Facebook (usando públicos de Facebook) vinham dos EUA. O próximo da lista estava o México com 10%, Brasul com 10% e Itália com 5%. É impressionante ver como a improvisação se espalha!
Eu tomei a decisão de aprender e atuar impro em inglês, como muitas/os outras/os. Mas há um assunto que tem me interessado: Como improvisar na minha terceira língua afeta minhas performances?
Eu não estou falando sobre o óbvio, como se sentir menos confortável com sotaques ou não partilhar das mesmas referências culturais. Eu quero falar de como improvisar em uma língua não-nativa afeta nossa maneira de jogar? Existe algum formato que é mais difícil por causa disso? Ou jogos mais fáceis? Nós conseguimos adaptar nossas aulas para um publico internacional? Eu tenho me perguntado alguma destas questões pelo meu teatro e decisdir também compartilhar com vocês.
Em uma realmente breve biografia (você pode ler a versão longa aqui): Eu sou Gino, um espanhol que começou a improvsar em Denmark. Na minha primeira aula, existiam 3 eslovenos, 2 falantes nativos de inglês e 10 outras/os de todos os lugares. Quando eu me graduei, um terço era esloveno e um terço eram falantes nativos. Nós conseguimos evitar esse grande abandono de não-nativos? Nós conseguimos lhes apoiar para termos um elenco mais diversificado?
Como improvisar fora da língua materna nos afeta?
Eu me pergunto isso o tempo todo.
Eu algumas vezes preciso de um segundo extra para responder quando estou jogando jogos de rítmo-rápido. Exemplos são os jogos de formato-curto que exigem respostas rápidas ou inciações como Pintar Cenas (Painting Scenes). Em relação ao que virá, o jogo realmente se destaca quando o ritmo aumenta até que as pessoas estejam praticamente falando uma por cima da outra. E eu não queria admitir que isso era uma questão, mas eu posso dizer que essa velocidade é um desafio para mim.
Eu não havia percebido que o inglês estava subsconsientemente afetando meu jogo até que eu entrei em um curso em Londres (onde eu era o único não-britânico), e joguei exercícios que eram focados em entrar no espaço mental "intuitivo" ("intuition" headspace). Alan Marriott nos explicou as três maneiras de reagir.
* Emocionalmente, seguindo nossas entranhas/instintos, na maior parte das vezes só fazendo sons e frunidos.
* Intelectualmente, quando nós processamos a informação e encontramos a resposta correta.
* Intuitivamente, quando nós sentimos estar no piloto automático, quando você não está consciente da resposta até deposis que você a disse.
Ele explicou quão poderoso é improvisar neste estado e propôs alguns exercícios. Em um deles, nós tínhamos que trazer objetos de uma caixa imaginária num ritmo tão rápido que você não podia preparar o que viria depois. A maioria das pessoas precisou de 40-60 coisas em alguns minutos para conseguir chegar num ponto de não pensar, mas eu achei isso impossível de alcançar em inglês. Aqueles 5 milisegundos - que eu não tinha ciência de que precisava - para chegar as palavras estava quebrando o exercício para mim. Quando eu mudei para espanhol... pareceu-me fácil!
O que me preocura são todas as formas que improvisar em inglês está afetando minha performance, sem que eu tenha consciência. Eu só posso trabalhar com algo se eu estou ciente disso!
O que se manter em mente quando se joga com falantes não-nativas/os.
O que nós devemos manter em mente quando jogamos com (ou ensinamos) um time não-anglófono? Essa é uma das perguntas que me tenho me feito. Eu nào tenho uma lista extensa ainda, mas eu espero continuar adicionando notas de novas experiências como as suas.
Quanto mais físico, mais inclusiva é a improvisação. Eu talvez seja tendencioso por ter uma parceria com a Commedia dell'arte, mas a maioria das pessoas concorda que a fisicalidade é um campo honesto. Treinar cenas com limitação de fala ou com foco nos nossos movimentos irá empoderar as/os performers independentemente da sua perícia em inglês.
Esteja atenta/o a técnicas como a tag runs ou outras inciações rápidas. Eu adoro jogos de ritmo-rápido. Mas, eu tneho que admitir, eu gosto mais quando estou com um elenco apoiador que entende que a velcoidade não é o meu forte. Eu vou, obviamente, embarcar no jogo; mas eu fico ansioso quando eu sinto que eu tenho que ser quem vai guiar o grupo.
O nível de conforto em se falar inglês tem implicações no estabelecer da plataforma da cena. Kadi, um/a amiga/o improvisador - que está a estudar o uso do inglês como língua franca - partilhou esse pensamento comigo. "Eu não tenho a visão de que aquelas/es de nós que usam o inglês (diariamente) como uma segunda língua estão quebrados ou com defeito e devem aspirar a algum tipo de padrão nativo. Mas eu acho que em alguns momentos deve-se também ter foco em dar apoio linguisticamente falando quando nós estamos sendo treinados a fazer cenas de impro. Eu vejo isso como parte e parcela de aprender a fazer cenas com literalmente qualquer um/a - nós todas/os temos diferentes forças como improvisadoras/es".
As forças que as/os falantes não-nativas/os trazem à mesa
Eu acredito profundamente que existem muitas vantagens em se ter uma maior diversidade (em qualquer jeito possível) no elenco.
A mais óbvia? Produz novas vozes, novos pontos de vistas ao cenário. Existe um novo mundo de possibilidades que é trazido à mesa. Nós teremos referências culturais diferenciadas, com todas as nuances que isso traz. E eu não estou apenas me referindo às nossas referências televisivas (por sorte, nós não podemos usar nenhuma em nosso teatro com um publico tão diversificado!).
Trazer o comunismo para esta cena? Será realçado por termos um/a parceira/o romena/o a quem a família realmente foi afetada pelos anos. Jogar como aquele garçon italiano? Você vai jogar no auge da sua inteligência com sua/seu amiga/o milanês/a ao seu lado.
Ter comando sobre várias línguas é uma regalia poderosa, especialmente quando seu teatro está localizado perto de um hostel. Eu já vi gargalhadas ruidosas quando um membro do elenco falhou em falar uma frase comum em dinamarquês; ou usando sua língua materna para realçar uma cena, dando uma jóia extra para um membro sortudo da plateia. Há inúmeros jogos de formato-curto onde nós podemos usar isso. Eu tenho uma memória adorável de uma amiga romena performando uma cena em espanhol somente com falas de telenovelas que ela aprendeu pela TV!
Use todos os pequenos erros como presentes. Se a/o sua/seu parceira/o de cena está confortável contigo, você pode honrar como seus problemas de pronúncias não-nativas podem inspirar uma cena. Durante um dos espetáculos principais do Festival CIIF, a/o única/o performer não-estadunidense pronunciou jail walking ao invés de jaywalking; e isso serviu de inspiração para a performance inteira!
Finalmente, eu não conseguiria contar todos os diferentes usos do inglês que nós fazemos só de sermos poliglotas. Eu relamente recomendo o inscrível TED talk que explica com a língua molda nosso jeito de pensar.
Pessoas trabalhando com o impacto da língua em impro.
Eu não tenho ouvido muitas pessoas estudando ou trabalhando sobre os desafios de se improvisar fora da nossa língua materna, foi por isso que eu decidi comerçar a conversar com a minha comunidade! Mas existem muitos cursos relacionados com as dificuldades mencionadas. Eu estou planejando contactar algumas/alguns professoras/es de improvisação para ouvi-las/os sobre suas experiências para que nós possamos compartilhar lições aprendidas!
No festival de Lyon, você pode encontrar vários cursos explorando a improvisação sem um língua compartilhada. Joe Bill está ensinando "Jogando com a Linguagens da Impro" ("Playing with the Languages of Improv"), explorando as diferentes formas de se comunicar em uma cena, algumas usando sua língua materna. Tim Orr está comandando um curso de "Cena Silenciosa" ("Silent Scene"), também.
Dada a situação única que nós temos no teatro, e estou ansioso por fazer mais pesquisas! Vamos fazer da improvisação ainda mais inclusiva!
Você procura ajuda
Não existem publicidades neste blog. Eu não estou vendendo cursos. Você pode até vir assistir meus espetáculos. Se eu estou tomando tempo para escrever isso é porque eu acredito que nós possamos crescer juntas/os. E, para isso, eu realmente preciso de ajuda.
Inglês é a sua língua materna? Quais são suas experiência em improvisar em Inglês? Quais exercícios você acha particularmente desafiadores? Você ensina?
Sinta-se a vontade de comentar. Se você quiser uma conversa mais profunda no assunto ou se você quer compartilhar algo, meu email está mais que aberto: gino.galotti@gmail.com. Eu estou planejando em continuar a perguntar por aí e aprender sobre o assunto para que esta não seja a última postagem sobre improvisação com falantes não-nativas/os em inglês.
***
Comentários finais (Luana Proença)
Vale ressaltar que este ano a décima edição do Diplomado Internacional de Improvisação Teatral (Colômbia) vai dar ênfase à fisicalidade, o que pode levantar discussões interessantes. Acredito que ainda dê tempo de se inscrever!
Outro ponto inclusivo em linguagem que penso à respeito da impro é o uso da Linguagem de Sinais (que, opa, é física!). É uma tradução simultânea do que é falado e nào compete em som com o que é dito. Pensem a respeito apra suas paresentações e festivais, de forma que isso seja, literalmente, incorporado, e nào apenas uma ação deslocada ao canto do palco.
Sigamos! Let's keep going!
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