segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Descobrindo o mês de Janeiro de 2019

Eu prometi que compartilharia aqui os workshops que fiz parte em janeiro de 2019 por estas terras portuguesas. Então aqui vai já no final de Fevereiro, o que foi este Janeiro!

Workshops de Impro SyFy com Isaac Simon
14/01/2019, das 20h às 23h no Centro Cultural de Moscavide. 
#improvfx #isaacsimon

O grupo ImprovFX aproveita a vinda de improvisadoras e improvisadores de outros países para realizar workshops com o grupo e, como os treinos abertos, também abrem (quando possível) estes workshops. Eis que eu me adentrei neste com minhas nerdices e coração geek a palpitar. 
Vamos lembrar aqui que esta é a minha maneira de escrever e que os nomes dos exercícios não importam porque eu nem sei se foi isso mesmo que foi dito, hehehe.

O Issac Simon é estadunidense e mora atualmente na Holanda. O workshop foi conduzido em inglês.

Exercício #1: Evolução

Há 7 estágios de evolução no exercício que seguem uma ordem: Ovo (andar no plano baixo agaxadas/os como ovos); Galinha (andar no plano médio/baixo como Galinhas); Dinossauros (Andar no plano médio/baixo como Dinossauros T-Rex); Humanas/os (Andar de pé); Mulheres e Homens de Negócios (De pé a resolver problemas ao celular/telemóvel, computador, etc.); Jedi (De pé com seu sabre de luz e a força); Semi-Deus/a (Ah... a plenitude). Todas/os começam como Ovos. E quando cruzam o olhar com alguém, jogam pedra, papel e tesoura. Quem ganha: "evolui", no caso para Galinha (seguindo a ordem de "evolução"). Você só pode jogar Pedra, Papel e Tesoura com alguém que está no seu mesmo nível de "evolução". A partir do nível da Galinha, quem perde o Pedra, Papel e Tesoura, "des-evolui", ou seja, volta um nível. Ou seja, se duas pessoas como Galinhas jogam Pedra, Papel e Tesoura, quem ganha "vira" Dinossauro e quem perde "volta" a ser Ovo, nenhuma das duas ficou como Galinha. O mesmo acontece em qualquer nível, sempre "voltando" ou "subindo" um nível na "escala evolutiva". Quando se atinge o nível Semi-Deus/a, pode se retirar do campo de jogo e observar.

Observações:
- Ótimo aquecimento
- Sou competitiva para cara...mba

Exercício #2: Gênero Cultural

Em roda, com uma vinheta que determina um ritmo para se iniciar o jogo, alguém delimita um gênero cultural ou estilo: Zumbi, Comédia Romântica, Apocalipse, Distopia, etc. Depois disso, como que se jogasse algo para o meio da roda, cada um que tem uma referência desse universo estipulado, a fala. Pode ser objetos, descrições de espaços, frases, o que seja. Até que se considera esgotado e passa-se para a vinheta e recomeça com novo gênero.
Ex.: Zumbi!
- Cérebros
- Sangue
- Vírus
- Andar armada/o
- Ruas destruídas
- Silêncio
- "Se me morderem, por favor, me mate!"

Observação:
- Bom jogo para trazer referências de grupo e atiçar o imaginário antes de improvisar.

Exercício #3: Pintar a Cena e Viver a Cena

Todas/os pintam a cena: descrevem algo no ambiente: de objetos a cheiros, temperaturas, etc. Tudo somático compondo o mesmo espaço. Se desloca para o espaço para "pintar" a imagem, mostrar onde ela se encontra. Depois duas pessoas entram e contracenam nesse ambiente.
Ex.:
- Uma lâmpada pendurada com a luz a falhar
- Uma janela quebrada que mal contém o vento frio que faz a lâmapda balançar
- Um rádio velho chiando nas prateleiras da parede de trás
- Baratas pelo chão e paredes, a maioria mortas
- Um sofá de dois lugares velho e destruído, com as molas aparentes, num tecido que já foi vermelho, no canto esquerdo abaixo das prateleiras.

Orientações para este workshop:
- Cenários de Distopia
- Terminar a cena sabendo quais as relações e o que fazem naquele espaço, o que é aquele espaço para as personagens. 

Exercício #4: Camadas da Cena

Cena de 4 pessoas. Primeira vez a cena é feita "realisticamente" a partir de uma ação que todas/os fazem. O diálogo deve ser sobre nada, absolutamente desinteressante. A segunda vez, faz a mesma cena, tenta-se manter o diálogo criado na primeira, porém há uma nova camada de intenção ou realidade. Ex: 4 pessoas datilografando num escritório falam sobre leite. Antes de se repetir, cada pesoa escolhe alguém para estar apaixanoda/o. Repete a cena e diálogos com essa intenção. Nova camada, repetir a cena como se tivessem acabo de descobrir que têm mãos. 

Exercício #5: Não pode Sair

Cenas de 2 pessoas. Sugestão inicial de distopia e situação. Não se pode sair de cena. Vamos descobrindo a realidade desta distopia, as regras que a governam, durante a cena. Ex.: Distopia: Não poder demonstrar emoções. Situação: Casal à porta de casa depois do primeiro encontro, em que ambas/os gostaram. A cena se desenvolve, uma pessoa está sempre a olhar para os lados (descobrimos que há vigilância), etc.

Exercício #6: Propagandas de Distopia

Sugestão inicial de algum problema real atual que será transformado em distopia. Seguem-se omprovisações de propogandas que mostram como se articula essa Distopia. 
Ex.: problema dos transportes públicos que estão sempre cheios. 
Propoganda 1: Agora todas as pessoas moram e andam juntas, se tudo está cheio, nada está! Viva a sociedade do Aglomerado!
Propaganda 2: Não tenha contato com ninguém, adquira seu holograma flex e se isole do contato físico! Deixe o HOlograma não sentir por você!

Exercício #7: Distopia Longform

É estabelecida uma Distopia inicial. Improvisação livre longform a partir da Distopia.


Foto: André Sobral. Self desfocado do grupo... Ou uma interferência Syfy



Foi interessantíssimo trabalhar o conceito de Distopia como base da cena. É um descobrir de regras de um Universo outro que tem muito haver com o nosso, mas que se articula aos poucos numa outra realidade. 

***

Workshop Stephen Thornton
26/01/2019, das 14h às 18h no Pólo Cultural das Gaivotas. 
#stimprov

Uma das coisas que eu adoro é conhecer alguém no dia a dia, em situações umas e poder ver essa/esse alguém como professor/a. Estamos a improvisar com o Stephen há alguns meses nos treinos abertos do ImprovFX. Já o conheço de alguma, e agora tenho 4 horas de sua acunha como professor. Camadas de nós mesmos!

O Stephen é estadunidense e atualmente mora em Lisboa. O Workshop foi conduzido em inglês, tendo uma improvisadora tradutora (Inês Lucas) conjuntamente para qualquer necessidade.

Anotações iniciais do que captei da proposta:

Objetivo: Trabalhar o desenvolver de cenas sem uma premissa pré-determinada

Quadro inicial apresentado:
1) Make active, positive choices (Faça escolhas ativas e positivas)
2) Support and enjoy the physical, verbal and emotional reality of the scene (Dê suporte à realidade física, verbal e emocional da cena)
3) Be right here, right now! (Esteja aqui, agora!)

Exercício #1: Nomes com troca

Andando pelo espaço, contato visual. Por quem passa, fala-se o própro nome e escuta o da outra pessoa. Depois de um tempo nesta dinâmica, começa-se a falar o nome de quem encontra e não o próprio. 

Exercício #2: Passar palmas

Inicialmente em roda. Passa-se a "bola" por palmas, para as pessoas ao lado e depois de um tempo a "bola" pode saltar para qualquer pessoa. É estabelecido um sinal para que, quando alguém que está com a "bola" o fizer, todas/os tenham que trocar de lugar.
Repete-se o exercício substituindo as palmas por estalos de dedos (como movimento).
Repete-se o exercício mais uma vez substituindo os estalos por acenos de cabeça.
Na última "repetição", é o olhar (sem aceno) que guia o passar da "bola".


Exercício #3: Siga seu espelho

Em roda. Cada pessoa, na sua vez, aponta para alguém no círculo. Esta, por conseguinte, aponta para outra, até que o ciclo se feche e todas/os tenham uma pessoa apontando para si e que também estejam a apontar para alguém. Assim se define quem é o espelho guia de quem: a pessoa para quem se aponta é a pessoa que você deve seguir os movimentos, como um espelho, procurando ser o mais preciso e simultânea/o possível.

Exercício #4: Banco em silêncio

Um banco (ou cadeiras poscionadas uma do lado da outra). Duas pessoas entram e se colocam em posição no banco. Sinal de luz (ascende), em silêncio, se deixam afetar pela presença da outra pessoa, percebe-se a outra pessoa. Sinal de luz (apaga). O grupo que assiste comenta o que viu e percebeu, suas interpretações e especulações. 

Observação:
- Perceber as diversas leituras e que nenhuma é correta ou errada.

Exercício #5: Banco + diálogo

Mesmo exercício do #4, mas agora, quando sentirem o momento, um diálogo previamente determinado é falado:
A: I love you. (Eu te amo.)
B: I love you too. (Eu te amo também.)
A: Really? (Sério?)
B: Yes, really. (Sim, sério.)

Observações:
- Diferentes perscepções de intencões e possíveis histórias (especulações) do público.


Comentários e anotações avulsas da oficina até então:

- Improvisation in the end of the day is discover. (Improvisação no final do dia é descobrir.)
- If the improviser is surprise, the audience will feel the surprise. (Se a/o improvisador/a é surpreendida/o, o publico vai sentir a surpresa.)
- You will know what you need to know when you need to know what you need to know. (Você vai saber o que precisa saber quando você precisar saber o que precisa saber.)

Exercício #6: Iniciações 3 e 4


Existem 7 tipos de Inciniações de cenas (traduzindo Sthephen)
1. Algo dito/escutado
2. Física (atividade ou movimento abstrato)
3. Emocional
4. Observação (você parece... Você me faz sentir...)
5. Opinião (Eu acredito que...)
6. Premissa exterior (vem de uma oferta cega)
7. Premissa interior (não vem de uma oferta, é uma oferta)



Cena de 2 pessoas. Começa com as 2 andando pelo espaço. Ao comando da/o professor/a: congelam. Blackout. Quando a luz ascende a cena começa a partir daí e da percepção da verdade do momento. Perceber quais são as verdades, o que se sabe. Então alguém fala "Eu sinto ____________" e tem que ser uma verdade e não premissa, uma tentativa de estabelecer e definir algo. Perceber como isso faz a/o outra/o se sentir e seguir a cena. Descobir então os elementos ao longo da cena (ou não).

Indicações de protocolos para, em side coach, se potencializar as relações:
- Cosntruir uma ideia de cada vez
- Andar/mover para sua próxima fala
- Contar/revelar um segredo

Comentários e Observações:
- A verdade primeiro antes da premissa
Dizer seus sentimentos: o que você sente no momento que você sente seus sentimentos.
A mágica do descobrir
Você não está aqui para contar/controlar uma história (a premissa faz isso)
- Quando você chega no ponto em que "eu realmente quero saber" é a hora que eu posso definir (labled). Mas você não precisa.
Você é o canal para a história. 
* Me lembrei da história do Yoshi Oida (Oida, Yoshi. "O Ator Invisível". São Paulo: Via Lettera, 2007.)

No teatro kabuqui, há um gesto que indica "olhar para a lua", quando o ator aponta o dedo indicador para o céu. Certa vez, um ator, que era muito talentoso, interpretou tal gesto com graça e elegância. O público pensou: "Oh, ele fez um belo movimento!"Apreciaram a beleza de sua interpretação e a exibição de seu virtuosismo técnico.
Um outro ator fez o mesmo gesto; apontou para a lua. O público não percebeu se ele tinha ou não realizado um movimento elegante; simplesmente viu a lua. Eu prefiro este tipo de ator: o que mostra a lua ao público. O ator capaz de se tornar invisível. (Oida, 2007, p. 21)


Foto: Inês Lucas (via timer da câmera)

Foto: Inês Lucas


Quintas de Improviso- Sem Rede
31/01/2019, das 21h às 23h30 no AnexXo (Sintra) - Byfurcação Teatro. #semrede #byfurcação

O grupo Sem Rede inicia os trabalhos da Quinta de Improviso do ano. Em que às quinta-feiras à noite abrem as portas do AnexXo para ensaios abertos com participação de quem se disponibilizar a ir, ou apresentações de improviso.


Foto: Sandra Cruz

Foto: Sandra Cruz


Ensaios abertos, meu povo. Jams. Palco de experimentação de improviso. Cervejas pós encontros. Podcast. Blogs. Vamso nos ecnontrar e trocar. Viver essa improvisação qeu nos cerca e liga. Como há a Impro Festa em São Paulo. Façamos mais, encontremos mais.

Além da troca com demais imrpovisadoras/es e com outros públicos é um grande oportunidade de permitir seu grupo em outros contextos. O mês de janeiro foi um tanto assim para o Lilimprov (#lilimprov). Estivemos juntas, as três, nas 3 oficinas/encontros aqui mencionados e fomos juntas assistir a um espetáculo de Impro também. Uma experiência sem tamanho nos assistir com outras pessoas, ou contracenarmos juntas com olhares e conduções de outras epssoas. Que encontros com nós mesmas tivemos!

Encontremo-nos. Afinal, no final do dia, é sobre descobrir. 


Self Lilimprov por Luana Proença

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Improvisar fora da sua Língua Materna

Nesta semana me deparei com o texto de Gino Galotti: DOING IMPROV OUTSIDE OF YOUR MOTHER TONGUE.

Me chamou a atenção porque partilho do óbvio: as dificuldades e sensações conflitantes internas, de se improvisar em outra língua (como postei muito aqui sobre os cursos internacionais em inglês) e por também acreditar que o assunto vale uma discussão continuada. Vale a atenção, principalmente porque espero ver o Brasil (e agora também espero mais de Portugal) se inserir num circuito mais internacional de Impro, o que levará ao encontro com as diferentes línguas (e linguagens).

Lembro como fiquei comovida (até escrevo sobre isso na dissertação de Mestrado) quando meu professor Micah Philbrook em 2011, no Centro de Treinamento The Second City em Chicago, disse que nós nos juntaríamos nas últimas horas do curso para improvisar com outra turma. Que mesmo que não tívessemos feito os mesmos exercícios, conseguiríamos jogar juntas/os porque agora falámos uma mesma língua: a Impro. Me fez um sentido especial por ser uma não-nativa ali. E por mais sinceramente poético e verdaeiro que isso seja, eu ainda tinha que improvisar em inglês, e isso, colegas, é outra vida!

Nos treinos abertos do ImprovFX que participo semalmente, temos improvisado em inglês. Me proponho a participar de encontros e festivais de Impro... em inglês... 

E nesta semana, temos o espetáculo: IMPROV COMEDY - FEAUTING: FOUR MISFIT IMPROVISERS será nesta terça-deira, 12/02/2019 às 20h30 em A Carpintaria, próximo do Cais do Sodré em Lisboa. Nele, eu, André Sobral, Hugo Rosa e Stephen Thornton vamos nos apresentar pela primeira vez  (juntas/os) em inglês em Lisboa com jogos de formato curto. O Stephen é o único nativo em língua inglesa... Então, percebemos como o assunto está aí o tempo todo.

Então segue aqui a tradução do texto do Gino Galotti, com autorização dele, justamente porque ele pretende continuar a discutir e ouvir as pessoas à respeito da experiência de se improvisar fora da língua materna.


A tradução é do inglês para o português, por isso lembro que a maneira de escrita em que o gênero feminino é visível no coletivo é uma proposta minha e não do texto original necessariamente.


***



Fonte Imagem e Texto original: 

FAZENDO IMPRO FORA DA SUA LÍNGUA MATERNA

Gino Galotti



Impro é uma forma de arte que ganha terreno em mais países cada ano. Da uúltima que chequei, somente 13% das pessoas que mencionaram "improvisação" no Facebook (usando públicos de Facebook) vinham dos EUA. O próximo da lista estava o México com 10%, Brasul com 10% e Itália com 5%. É impressionante ver como a improvisação se espalha!

Eu tomei a decisão de aprender e atuar impro em inglês, como muitas/os outras/os. Mas há um assunto que tem me interessado: Como improvisar na minha terceira língua afeta minhas performances?

Eu não estou falando sobre o óbvio, como se sentir menos confortável com sotaques ou não partilhar das mesmas referências culturais. Eu quero falar de como improvisar em uma língua não-nativa afeta nossa maneira de jogar? Existe algum formato que é mais difícil por causa disso? Ou jogos mais fáceis? Nós conseguimos adaptar nossas aulas para um publico internacional? Eu tenho me perguntado alguma destas questões pelo meu teatro e decisdir também compartilhar com vocês.

Em uma realmente breve biografia (você pode ler a versão longa aqui): Eu sou Gino, um espanhol que começou a improvsar em Denmark. Na minha primeira aula, existiam 3 eslovenos, 2 falantes nativos de inglês e 10 outras/os de todos os lugares. Quando eu me graduei, um terço era esloveno e um terço eram falantes nativos. Nós conseguimos evitar esse grande abandono de não-nativos? Nós conseguimos lhes apoiar para termos um elenco mais diversificado?


Como improvisar fora da língua materna nos afeta?


Eu me pergunto isso o tempo todo.

Eu algumas vezes preciso de um segundo extra para responder quando estou jogando jogos de rítmo-rápido. Exemplos são os jogos de formato-curto que exigem respostas rápidas ou inciações como Pintar Cenas (Painting Scenes). Em relação ao que virá, o jogo realmente se destaca quando o ritmo aumenta até que as pessoas estejam praticamente falando uma por cima da outra. E eu não queria admitir que isso era uma questão, mas eu posso dizer que essa velocidade é um desafio para mim.

Eu não havia percebido que o inglês estava subsconsientemente afetando meu jogo até que eu entrei em um curso em Londres (onde eu era o único não-britânico), e joguei exercícios que eram focados em entrar no espaço mental "intuitivo" ("intuition" headspace). Alan Marriott nos explicou as três maneiras de reagir.

* Emocionalmente, seguindo nossas entranhas/instintos, na maior parte das vezes só fazendo sons e frunidos.
* Intelectualmente, quando nós processamos a informação e encontramos a resposta correta.
* Intuitivamente, quando nós sentimos estar no piloto automático, quando você não está consciente da resposta até deposis que você a disse.

Ele explicou quão poderoso é improvisar neste estado e propôs alguns exercícios. Em um deles, nós tínhamos que trazer objetos de uma caixa imaginária num ritmo tão rápido que você não podia preparar o que viria depois. A maioria das pessoas precisou de 40-60 coisas em alguns minutos para conseguir chegar num ponto de não pensar, mas eu achei isso impossível de alcançar em inglês. Aqueles 5 milisegundos - que eu não tinha ciência de que precisava - para chegar as palavras estava quebrando o exercício para mim. Quando eu mudei para espanhol... pareceu-me fácil!

O que me preocura são todas as formas que improvisar em inglês está afetando minha performance, sem que eu tenha consciência. Eu só posso trabalhar com algo se eu estou ciente disso!


O que se manter em mente quando se joga com falantes não-nativas/os. 


O que nós devemos manter em mente quando jogamos com (ou ensinamos) um time não-anglófono? Essa é uma das perguntas que me tenho me feito. Eu nào tenho uma lista extensa ainda, mas eu espero continuar adicionando notas de novas experiências como as suas.

Quanto mais físico, mais inclusiva é a improvisação. Eu talvez seja tendencioso por ter uma parceria com a Commedia dell'arte, mas a maioria das pessoas concorda que a fisicalidade é um campo honesto. Treinar cenas com limitação de fala ou com foco nos nossos movimentos irá empoderar as/os performers independentemente da sua perícia em inglês.

Esteja atenta/o a técnicas como a tag runs ou outras inciações rápidas. Eu adoro jogos de ritmo-rápido. Mas, eu tneho que admitir, eu gosto mais quando estou com um elenco apoiador que entende que a velcoidade não é o meu forte. Eu vou, obviamente, embarcar no jogo; mas eu fico ansioso quando eu sinto que eu tenho que ser quem vai guiar o grupo. 

O nível de conforto em se falar inglês tem implicações no estabelecer da plataforma da cena. Kadi, um/a amiga/o improvisador - que está a estudar o uso do inglês como língua franca - partilhou esse pensamento comigo. "Eu não tenho a visão de que aquelas/es de nós que usam o inglês (diariamente) como uma segunda língua estão quebrados ou com defeito e devem aspirar a algum tipo de padrão nativo. Mas eu acho que em alguns momentos deve-se também ter foco em dar apoio linguisticamente falando quando nós estamos sendo treinados a fazer cenas de impro. Eu vejo isso como parte e parcela de aprender a fazer cenas com literalmente qualquer um/a - nós todas/os temos diferentes forças como improvisadoras/es".


As forças que as/os falantes não-nativas/os trazem à mesa 


Eu acredito profundamente que existem muitas vantagens em se ter uma maior diversidade (em qualquer jeito possível) no elenco. 

A mais óbvia? Produz novas vozes, novos pontos de vistas ao cenário. Existe um novo mundo de possibilidades que é trazido à mesa. Nós teremos referências culturais diferenciadas, com todas as nuances que isso traz. E eu não estou apenas me referindo às nossas referências televisivas (por sorte, nós não podemos usar nenhuma em nosso teatro com um publico tão diversificado!).

Trazer o comunismo para esta cena? Será realçado por termos um/a parceira/o romena/o a quem a família realmente foi afetada pelos anos. Jogar como aquele garçon italiano? Você vai jogar no auge da sua inteligência com sua/seu amiga/o milanês/a ao seu lado.

Ter comando sobre várias línguas é uma regalia poderosa, especialmente quando seu teatro está localizado perto de um hostel. Eu já vi gargalhadas ruidosas quando um membro do elenco falhou em falar uma frase comum em dinamarquês; ou usando sua língua materna para realçar uma cena, dando uma jóia extra para um membro sortudo da plateia. Há inúmeros jogos de formato-curto onde nós podemos usar isso. Eu tenho uma memória adorável de uma amiga romena performando uma cena em espanhol somente com falas de telenovelas que ela aprendeu pela TV!

Use todos os pequenos erros como presentes. Se a/o sua/seu parceira/o de cena está confortável contigo, você pode honrar como seus problemas de pronúncias não-nativas podem inspirar uma cena. Durante um dos espetáculos principais do Festival CIIF, a/o única/o performer não-estadunidense pronunciou jail walking ao invés de jaywalking; e isso serviu de inspiração para a performance inteira!

Finalmente, eu não conseguiria contar todos os diferentes usos do inglês que nós fazemos só de sermos poliglotas. Eu relamente recomendo o inscrível TED talk que explica com a língua molda nosso jeito de pensar.



Pessoas trabalhando com o impacto da língua em impro.


Eu não tenho ouvido muitas pessoas estudando ou trabalhando sobre os desafios de se improvisar fora da nossa língua materna, foi por isso que eu decidi comerçar a conversar com a minha comunidade! Mas existem muitos cursos relacionados com as dificuldades mencionadas. Eu estou planejando contactar algumas/alguns professoras/es de improvisação para ouvi-las/os sobre suas experiências para que nós possamos compartilhar lições aprendidas!

No festival de Lyon, você pode encontrar vários cursos explorando a improvisação sem um língua compartilhada. Joe Bill está ensinando "Jogando com a Linguagens da Impro" ("Playing with the Languages of Improv"), explorando as diferentes formas de se comunicar em uma cena, algumas usando sua língua materna. Tim Orr está comandando um curso de "Cena Silenciosa" ("Silent Scene"), também.

Dada a situação única que nós temos no teatro, e estou ansioso por fazer mais pesquisas! Vamos fazer da improvisação ainda mais inclusiva! 


Você procura ajuda


Não existem publicidades neste blog. Eu não estou vendendo cursos. Você pode até vir assistir meus espetáculos. Se eu estou tomando tempo para escrever isso é porque eu acredito que nós possamos crescer juntas/os. E, para isso, eu realmente preciso de ajuda.

Inglês é a sua língua materna? Quais são suas experiência em improvisar em Inglês? Quais exercícios você acha particularmente desafiadores? Você ensina?

Sinta-se a vontade de comentar. Se você quiser uma conversa mais profunda no assunto ou se você quer compartilhar algo, meu email está mais que aberto: gino.galotti@gmail.com. Eu estou planejando em continuar a perguntar por aí e aprender sobre o assunto para que esta não seja a última postagem sobre improvisação com falantes não-nativas/os em inglês.

***

Comentários finais (Luana Proença)

Vale ressaltar que este ano a décima edição do Diplomado Internacional de Improvisação Teatral (Colômbia) vai dar ênfase à fisicalidade, o que pode levantar discussões interessantes. Acredito que ainda dê tempo de se inscrever!

Outro ponto inclusivo em linguagem que penso à respeito da impro é o uso da Linguagem de Sinais (que, opa, é física!). É uma tradução simultânea do que é falado e nào compete em som com o que é dito. Pensem a respeito apra suas paresentações e festivais, de forma que isso seja, literalmente, incorporado, e nào apenas uma ação deslocada ao canto do palco.

Sigamos! Let's keep going!