quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Um ano de Visando Impro - Para qual direção agora?

Em 31 de janeiro de 2018, abri o blog e publiquei a primeira postagem (e faz um mês exato desde a última postagem).

Há um ano... Não estava nos planos morar em Portugal naquela época, e a gente segue improvisando consciente (ou na tentativa de). Justamente hoje renovei meu visto de estudante por mais um ano, mas sabe-se lá o que virá.


Fonte: https://medium.com/@FacilitaMovel/10-exemplos-de-sms-de-anivers%C3%A1rio-para-conquistar-seus-clientes-55d36c9148dc

Janeiro voou. O desmoramento brasileiro político e ambiental e educacional e... A dor e a saudade... Paçoquinahs para consolar a ausência de Carnaval. O ritmo de estudos aqui foi intenso, com os trabalhos do doutorado para entregar, reeinício dos treinos com o ImprovFX e Lilimprov. além de mais dois workshops bem bacanas de Impro. vou deixar as descrições dos dois workshops para a próxima postagem e compartilhar aqui uma das minhas produções acadêmicas quanto à Impro. Escolho este caminho porque acredito, desde a criação deste projeto, na importância de se compartilhar reflexões sobre a Impro, ainda mais no âmbito de investigação e, em português.

Uma das disciplinas que estive inscrita foi a de Metodologias de Investigação em Teatro e Artes Performativas. Tive que sesenvolver como trabalho final um Ensaio Crítico sobre o Estado da Arte na minha Área de Pesquisa. Afinalando o tema de Impro em relação a Direção em Impro e os questionamentos que o tema me impele, eu compartilho meu exercício.

Relembro que um dos meus objetivos pessoais, inseridos neste projeto do blog com o financiamento do FAC/DF, é o de produzir material sobre impro em português, e isto é levado em consideração no meu ensiao crítico como fio condutor e também objetivo de pesquisa.


Obs: Se alguém quiser o texto em pdf (porque a formatação aqui no blog por vezes sai um pouco esquisita... uns espaçamentos nada haver que eu não consigo arrumar, etc.), só me pedir!

E nesta escrita solitária cá do blog... aceito com muita querência feedbacks marotos!


***


DIRIGIR IMPRO
Luana Maftoum Proença

            A Impro, também conhecida como Improv ou Teatro de Improviso, é uma linguagem teatral na qual a improvisação é a base para a apresentação de ume espetáculo. Ou seja, o espetáculo é improvisado com a presença do publico enquanto a apresentação ocorre, de forma que o jogo teatral e a participação ativa de todas/os que estão presentes ficam expostos e, assim, são explorados para a criação conjunta de histórias, personagens, movimentos e cenas.
            Não há uma diferença exata entre o que é chamado Impro e a improvisação em si, já que “impro” é a abreviação da palavra improvisação. Porém, pode-se traçar uma linha de indicação entre o uso do improviso como ferramenta geral e como constituição de espetáculo, ou seja, uma linguagem ou gênero teatral. No Sumário de um dos mais conhecidos livros sobre improviso publicados em português, Improvisação para o Teatro de Viola Spolin, há uma unidade intitulada Teatro Formal e Teatro Improvisacional indicando a Impro como gênero. A improvisação é um campo, uma técnica e uma ferramenta utilizada pelo Teatro (e todas as outras áreas do conhecimento e vida cotidiana, a meu ver). A Impro, então, seria a articulação desta técnica enquanto espetáculo, como forma de arte não apenas no processo de criação em sala de ensaio, mas como a própria obra a ser apresentada. É uma divisão que existe na produção artística, que caracteriza tipo de espetáculo e confere especialidade a eventos como festivais que são dedicados à Impro. Há, entretanto, quem prefira não dividir o campo da improvisação entre técnica e forma artística, como Sandra Chacra em Natureza e Sentido da Improvisação Teatral que traz um subcapítulo intitulado Por que Improvisação Teatral e não Teatro Improvisado?. Nele argumenta: “Limitar a improvisação a um tipo de Teatro, seria restringi-la a uma espécie ou gênero. […] Partimos do princípio que a improvisação é elemento constituinte da vida teatral e que não pode ser descartada ou inserida em função de modelos dramáticos.” (Chacra, 2005, p.39). A partir desse ponto de vista, a palavra “impro” também é usada frequentemente na oralidade e literatura para designar qualquer prática de improvisação. Reconhecendo essas realidades do emprego do termo, definimos que quando nos referirmos aqui a Impro, estamos delimitando a Improvisação como espetáculo, o Teatro de Improviso, reconhecendo-o como forma de arte, que não se separa da improvisação, mas direciona seu uso específico para o fenômeno da apresentação.
            Percebemos a importância de se visualizar essa “diferença” sutil, por conta de uma série de questionamentos investigativos possíveis suscitados ao se pensar na improvisação como espetáculo: Como se articula um espetáculo de Impro? E a encenação: cenário, luz, figurino de improviso? Como se prepara a atriz e o ator para um espetáculo de Impro? Como se ensaia ou se treina? Qual a diferença entre treinar e ensaiar? Há diferença? Se aprende a improvisar? Se a improvisação é técnica e ferramenta, podem haver técnicas e ferramentas para se improvisar?
            E a partir de interpelações como essas se organiza toda uma outra perspetiva quanto à improvisação em si, o que determina a elaboração de uma bibliografia específica. O que se quer destacar é que podemos encontrar muitos estudos sobre a improvisação como ferramenta de criação em processos teatrais na história do Teatro. Ela está presente, por exemplo, nos escritos tanto do criar quanto do preparo de artistas nos apontamentos de Stanislavski, Meierhold, Artaud, Brecht, Grotóvski, Copeau, Lecoq, entre outras/os.

Considerando que todo ato teatral encerra, por si só, um elemento improvisacional, é de se supor que a improvisação esteja presente em toda a história do teatro. Fenomenologicamente, isto é certo, mas do ponto de vista histórico esta forma de expressão possui momentos de manifestação autônoma, passíveis de serem destacados da história geral do teatro. (Chacra, 2005, p.23).

            Um dos principais momentos históricos da arte teatral, de rápida referência à improvisação interferindo como cerne do ato de apresentação (como estrutura de espetáculo) é a Commedia Dell’Arte. A ela se dedicam inúmeros estudos específicos em todo o mundo, tanto pela curiosidade de se ter o improviso com extremo apuro técnico, quanto por sua própria importância histórica.
A existência de uma bibliográfica mundialmente vasta que fala da improvisação como ferramenta de criação para cena e treinamento de atrizes e atores, confunde-se um tanto com a bibliografia específica de Impro, devido justamente a Impro em si ser uma articulação técnica para uma forma de arte. “Confusão” acentuada por pontos de vistas teóricos, como o de Chacra, que não reconhecem o direcionamento específico da improvisação como espetáculo. Por sua vez, a partir de estudos e trabalhos artísticos como os do inglês Keith Johnstone, e das/os estadunidenses Viola Spolin, Del Close e Charna Halpern, o desenvolvimento de um estudo voltado a Impro, incentivou um outro olhar técnico para a improvisação num sentido global. O que se quer dizer é que os estudos específicos de Impro ampliaram o estudo técnico de improvisação no Teatro em geral não só numa perspetiva de usar o improviso, mas, e principalmente, em relação a como improvisar. Esta é, em si, a grande diferença e contribuição da Impro para o Teatro e seu uso da improvisação: não só se pensar os momentos em que o improviso pode contribuir num processo, ou como ele é potente e libertador da espontaneidade e do elemento da presença, mas pensar o como se fazê-lo, aprender a improvisar. Quantas/os atrizes/os não se veem numa arena segurando uma colher tendo um leão a correr em sua direção quando a/o professor/a pronuncia a sentença: “Improvise algo daí!” ou “É só improvisar!”. Esta é uma realidade fácil de se constatar ao se observar no Brasil e Portugal, por exemplo, os pouquíssimos cursos de formação de atrizes e atores que apresentem ao menos uma disciplina dedicada à improvisação e, que ainda assim, pense o como improvisar além do uso da ferramenta improviso.
Obviamente, em escritos dos mencionados grandes autores do Teatro pode-se encontrar indicações desse como improvisar, porém, é basicamente um trabalho de garimpo e filtro, pois os caminhos do como se relacionam mais a outros conceitos do que diretamente com a improvisação. Tomemos o exemplo do “Se Mágico” apresentado por Constantin Stanislavski em A Preparação do Ator nas palavras da personagem do diretor Tortsov diante de suas/seus alunas/os:

[…] o se atua como uma alavanca que nos ajuda a sair do mundo dos fatos, erguendo-nos ao reino da imaginação.
 […] quando usei a palavra se, reconheci francamente o fato de que lhes estava apenas propondo uma suposição. […] Vocês, por sua vez, não se obrigaram a aceitar a suposição como realidade, mas unicamente como suposição. (Stanislavski, 2012, p.76 e 77).

Stanislavski vai relacionar o “Se Mágico” ao uso do estímulo de uma situação hipotética, da criatividade, imaginação, da “vontade” da/o artista, da espontaneidade da ação, da “verdade cênica”. No “garimpar” do como improvisar, tendo a improvisação como o caminho do desenvolver da espontaneidade e criatividade em cena, podemos ler o “Se Mágico” como a proposta, a oferta, a sugestão que estabelece o jogo e a partir daí depará-la com os princípios de AceitaçãoXBloqueio ou o “Sim, e…” (aceitar e acrescentar) que são explorados na Impro neste como improvisar: a ideia que é trazida (ofertada, sugerida) é aceita, não há julgamentos ou aprovações, pois é dela que se desenvolverá e se estabelecerá o jogo. Como garantir que uma improvisação é coerente dentro do seu universo criado? Talvez esse princípio pareça óbvio, pois quando crianças isso nos seja natural no brincar, mas a atitude da/o adulta/o, e por assim, da/o artista é de avaliar se uma ideia sugerida é “digna”, é boa o suficiente para ser trabalhada, seja esta ideia vinda de si mesma/o ou de outra pessoa. Ao se treinar aceitar a “primeira ideia” não está a se treinar “Teatro” diretamente nos aspetos de personagem, texto, movimento de cena, estilização, etc., mas sim um comportamento ou um modo de pensar que permite improvisar. A integração do “Se Mágico” com o “Sim Mágico”. O aceitar é uma das primeiras questões a se aprender com Impro no como improvisar e, por mais óbvio que parece, não é (ou era) uma das lições populares em aulas de Teatro.
Já nos estudos de Lecoq e Copeau, por desenvolverem em suas escolas um programa que contemplava o ensino de improvisação e estabelecidos para si a ideia de “jogo cênico”, já podemos encontrar maiores apontamentos no como improvisar. Jacques Lecoq, por exemplo, vai começar seu trabalho de improvisação a partir do silêncio a fim de que suas atrizes e atores se entendam para além das palavras: “o grande tema-piloto, que domina as primeiras improvisações silenciosas, é A Espera. O principal motor da interpretação está nos olhares: olhar e ser olhado.” (LECOQ, 2010, p.62). Este “olhar e ser olhado” pode ser revisto nas teorias de Impro como a “escuta” ou “presença plena”, treinar perceber o que acontece e o que nos acontece. É a perceção da “oferta cega”, uma sugestão que não foi propositalmente feita para ser seguida, mas que está ali num movimento, num olhar, num estar e que é capitado e desenvolvido entre as/os presentes. Para tanto é preciso “escutar”, que tem haver com o manejo de ansiedade, o “esperar” que algo se manifeste. Lecoq também vai propor estruturas de improvisação, que mais que regras de jogos ou propostas de situação, são uma série de protocolos e ações possíveis que podem ser usadas em cena, numa escala de intensificação, a fim de guiar o trabalho de improviso. (Lecoq, 2010, p.66 e 67). Entretanto, mesmo que de grande valia, os apontamentos de Lecoq visam a ferramenta improviso para se atingir um grau e vigor de presença requerido por ele no palco e também como parte do trabalho da/o artista, vide que se encontram especificamente apenas 9 páginas dedicadas a improvisação em O Corpo Poético: Uma Pedagogia da Criação Teatral, uma obra de 237 páginas.
Jacques Copeau, ao se debruçar junto com Louis Jouvet nos estudos da Commedia Dell’Arte, já vai desenvolver um como improvisar num olhar que evoca o Teatro de Improviso, mas ainda perpetua na prática do ensaiar e criar para depois formatar uma obra “fechada”.

A improvisação não é apenas um exercício, um meio de atuar melhor, pensa Copeau, mas talvez se possa ressuscitar o gênero da comedia improvisada, com personagens e temas modernos. O ator tornar-se-ia quase autor. Entretanto, textos seriam trabalhados em termino de estudos, sobretudo os clássicos franceses, que "não oferecem pontos de fixação as afetações, aos fogos fátuos da habilidade". (Aslan, 1994, p.49).

Este percurso da improvisação nos sistemas de ensino e treinamento de grandes encenadoras/es da história do Teatro, assim como o aproveitar de conceitos, pode ser encontrado mais diretamente na obra já mencionada de Sandra Chacra Natureza e Sentido da Improvisação Teatral, em Improvisation in Drama de Anthony Frost e Ralph Yarrow, e também, com olhar atento para o tema em O Ator no Século XX de Odette Aslan.
A Impro como se conhece hoje, teve sua primeira grande onda de criação entre as décadas de  1950 e 1960 principalmente nos Estados Unidos (com Viola Spolin e seu filho Paul Skills) e Inglaterra (Keith Johnstone), se popularizando em outros países por volta da década de 1970. É possível se dizer que ao final dos anos 90 já estava inserida mundialmente, tanto difundida ou conhecida entre pequenos grupos artísticos. De forma que o material específico em Impro hoje já é bem rico principalmente em produções originais em inglês e suas traduções para outros idiomas como o Espanhol e o Alemão (que também produzem uma gama de materiais originais). Especificamente sobre Impro, sobre como improvisar, existem centenas de livros, blogs e por certo, dezenas de artigos acadêmicos sobre Impro no Teatro (pois a Impro, os princípios e técnicas de como improvisar, já são popularmente usados também para treinamentos no mundo dos Negócios, na Saúde e Terapias). Existem pelo mundo escolas especializadas em Impro, como o Loose Mouse no Canadá, O Centro de Treinamento Second City, o Upright Citizens Brigade (UCB), o iO e Groundlings nos Estados Unidos, só para citar as mais famosas.
Esta, porém, não é a realidade para os países de língua portuguesa. Não há escolas específicas, apenas workshops esporádicos ou um curso menor dentro de formação de longa duração de escolas de Teatro em geral. O material bibliográfico específico em Impro em português, é extremamente escasso, incluindo o material traduzido para o português. Temos algo como: 2 livros, 4 capítulos em Livros, 10 trabalhos acadêmicos de conclusão de curso, 14 artigos publicados, 12 publicações em Anais de Congressos de Artes Cênicas e 1 blog ativo.
Numa interseção entre Impro e práticas pedagógicas e sociais podem somar a estes números os trabalhos do brasileiro Augusto Boal, que também é muito citado na bibliografia mundial de Impro, e as traduções dos livros da estadunidense Viola Spolin. Os escritos e experimentações de Boal como o Teatro do Oprimido, a Dramaturgia Instantânea, o Teatro do Invisível e o Teatro Fórum, por exemplo, podem ser lidos como formatos de espetáculos de Improviso e recursos de jogos de treinamento, mas não se debruçam tanto no como improvisar, pois a visão do autor está mais vinculada na expressividade social e transformação do meio social usando o Teatro como ferramenta que, por sua vez, vai usar da improvisação como caminho para aprendizado e criação teatral para não-atores[1].
Spolin, por sua vez, tem um trabalho direta e indiretamente relacionado a Impro e seus quatro livros foram traduzidos no Brasil: O Fichário de Jogos Teatrais de Viola Spolin onde encontramos uma organização metódica de jogos para ensino de Teatro que usam a improvisação como base e orientações de aplicação dos exercícios; Jogos Teatrais na Sala de Aula que tem por perspetiva o uso de jogos teatrais no desenvolvimento de crianças e adolescentes, não necessariamente em Teatro, mas por meio do Teatro; O Jogo teatral no Livro do Diretor onde relaciona, como num manual de condução de exercícios e orientações, os jogos como caminhos de treinamento e criação de cena; e Improvisação para o Teatro no qual apresenta parte da teoria da Impro, ou seja, o como improvisar, jogos teatrais e como ler o sistema proposto, o próprio uso de jogos no ensino de Teatro e desenvolvimento da espontaneidade e criatividade, e ao final um glossário de termos relacionados ao livro e com isso, a Impro. Porém, a de se destacar, que Spolin se debruçou sobre a pedagogia teatral e esse material, assim como a maior parte de artigos, monografias, dissertações e teses derivados dele, vão falar da sala de aula e não necessariamente da forma de arte Impro. No Prefácio de autoria anônima da tradução brasileira de Improvisação para o Teatro podemos perceber como as interceções entre seu olhar pedagógico são tocadas pela ideia de espetáculos de Improviso:

Embora o material para publicação tenha sido reunido há muitos anos, sua forma final só foi atingida depois que a autora observou como a improvisação funciona profissionalmente no Second City em Chicago, o teatro improvisacional de seu filho, o diretor Paul Sills. O desenvolvimento deste sistema para o uso profissional trouxe novas descobertas e a introdução de muitos exercícios recém-inventados em suas oficinas de trabalho em Chicago. O manuscrito foi submetido a uma revisão total para incluir o material novo e para apresentar mais claramente o uso do sistema por profissionais, bem como pelo teatro amador e infantil. (Spolin, 2001, XXVIII).

Assim, em suas publicações conseguimos encontrar pontualmente e especificamente o olhar do como improvisar, que são de suma e grande validade para a Impro, no que se diz respeito ao espetáculo de Improviso em si, encontramos mais pinceladas referentes à forma de arte. Isso está explícito no próprio título que coloca a Improvisação à serviço do Teatro. Também pode ser percebido ao se ler a própria conceituação de improvisação dada pela autora:

IMPROVISAÇÃO – Jogar um jogo; predispor-se a solucionar um problema um qualquer preconceito quanto à maneira de solucioná-lo; permitir que tudo no ambiente (animado ou inanimado) trabalhe para você na solução do problema; não é a cena, é o caminho para a cena; uma função predominante do intuitivo; entrar no jogo traz para pessoas de qualquer tipo a oportunidade de aprender teatro; é “tocar de ouvido”; é processo, em oposição a resultado; nada de invenção ou “originalidade” ou “idealização”; uma forma, quando entendida, possível para qualquer grupo de qualquer idade; colocar um objeto em movimento entre os jogadores como um jogo; solução de problemas em conjunto; a habilidade para permitir que o problema de atuação emerja da cena; um momento nas vidas das pessoas sem que seja necessário um enredo ou estória para a comunicação; uma forma de arte; transformação; produz detalhes e relações como um todo orgânico; processo vivo. (Spolin, 2001, p. 341 – grifos nossos).

A produção de Impro, em geral, já se distancia do olhar de improviso como “resolução e problemas”, chegando a traçar escritos que valorizam o “se colocar em problema” na improvisação. Vale destacar que a publicação da primeira edição em inglês de Improvisation for the Theater (Improvisação para o Teatro) data de 1963 e a Impro já desenvolveu novos formatos dentro de si mesma. O formato curto (short-form) é o mais conhecido entre o publico em geral por conta de sua duração “curta” e do vínculo com a comédia que gera vídeos “virais” nas plataformas de digitais. As estruturas competitivas são as mais desenvolvidas neste formato como o Teatro-Esporte, o Match Improvisation, entre outros, em que as/os improvisadoras/es partem de sugestões do publico para improvisar cenas dentro de jogos que tem metas a serem alcanças. O formato longo (long-form) já tem a tendência de desenvolver histórias e personagens improvisadas a partir de uma sugestão do publico.

A maioria do improv formato longo dura ao menos dez minutos e consiste em um número de cenas curtas editadas pelas/os performers[2] no palco, às vezes por um chefe de palco ou outra fonte de fora. As partes de um formato longo devem estar relacionadas de alguma maneira. […] Improvisação Formato curto dura geralmente menos de dez minutos e tende a não conter qualquer edição interna. (Libera, 2004, p. 121 – tradução nossa[3]).

A estrutura (também chamada de formato[4]) mais famosa é The Harold, desenvolvida por Del Close e Charna Halpern no Teatro e escola de improviso iO, em Chicago e define três ciclos de cenas “aleatórias” que encontram conexão no último ciclo. A esta estrutura se dedicam livros e cursos exclusivos em Impro. Mesmo assim, os formatos curto ou longo variam em si de espetáculo a espetáculo, oferecendo estruturas diferentes, das mais simples como definir-se como formato curto ou longo, às complexas como The Harold.
Assim, dentro do que já se produziu bibliograficamente em Impro tem-se documentações históricas, registros das escolas e personalidades famosas que passaram por elas, biografias, manuais de como improvisar, como montar e treinar seu grupo, o que se treinar, e conjunto de exercícios e jogos para tanto. Giram em torno das ferramentas para se construir as cenas improvisadas: narrativa, personagens, relações, edições de cena, etc. É a partir daí que se desenvolvem outros pontos para aprofundamento de pesquisa, questões que ainda não foram olhadas com maior atenção ou dedicação, como o caso da Direção em Impro. Como se dirigi um espetáculo de Improviso? Dirigir improvisação não é por si contraditório? Se dirige o espetáculo, o grupo ou a cena? As/os improvisadoras/es enquanto atuam também se dirigem e dirigem o espetáculo? Desse material que existe de Impro, o que se aproveita para a Direção? Qual a diferença em Impro de se dirigir e se treinar um grupo? Onde isso se confunde e se separa? Será que se separa? E a partir daí, também se derivam questionamentos tais como: Qual a diferença de se dirigir Impro e qualquer outro espetáculo teatral? Impro é um processo colaborativo? Uma criação coletiva? E a Dança, com seu histórico de improvisação e contato-improvisação: como pode contribuir em metodologias e técnicas de Direção para a Impro?
Na bibliografia existente específica de Impro, encontra-se apenas o livro Directing Improv: Show the Way by Getting Out of the Way de Asaf Romen, publicado em 2017, além do caso dos livros de Viola Spolin O Jogo Teatral no Livro do Diretor e Improvisação para o Teatro que em inglês recebe o subtítulo: A Handbook of Teaching and Directing Techniques (Um Manual de Técnicas de Ensino e Direção – tradução nossa). Como Spolin mesma aponta em seu Prefácio, o seu trabalho não visava o Teatro de Improviso, embora tenha sido muito utilizado e contribui para o desenvolvimento do mesmo. (Spolin, 2013, p.15). Há também menções sobre o tema no formato de comentários, dicas ou um ou outro capítulo de livros de Impro. Não foram encontrados artigos científicos ou trabalho de conclusão de curso acadêmico dedicados a questão.
Um dos motivos para a ausência de material talvez seja porque, assim como acontece na realidade teatral em geral, o aprender a dirigir esteja vinculado com o aprender da/o performer na feitura da própria linguagem com o percurso artístico. “Existe pouco treinamento acessível que lida com como dirigir Impro. Ao ensinar o assunto, eu descobri que grande parte das pessoas aprenderam a arte da Direção e Impro simultaneamente. Isso acrescenta uma série de níveis de dificuldade a uma tarefa já repleta de ansiedade.”[5] (Romen, 2017 – tradução nossa[6]).
Outro ponto que “confunde” o material, é a proximidade da função de diretor/a e treinador/a em Impro, ou ainda com a função de professor/a. Isso é possível de perceber no prefácio escrito por Jonathan Pitts no livro de Romen:

De fato, muitas vezes, a direção e as/os diretoras/es são usualmente incompreendidas como uma arte, função ou um papel nos elencos, espetáculos e estruturas de impro. […] Asaf Romen, um artista de impro formato longo, criou um excelente livro sobre dirigir e treinar impro. […] para dirigir ou treinar tanto um espetáculo quanto um elenco. […]. Asaf claramente define muitos dos problemas e situações únicas para se dirigir e treinar impro. […] Por muitas vezes diretoras/es estão em um papel isolado em relação ao elenco, diretoras/es e treinadoras/es não tem frequentemente uma chance de conversar e aprender umas/uns com as/os outras/os; […] Por focar em direção e treinamento, o novo maravilhoso livro de Asaf preenche um vazio no catálogo de livros publicados de impro.[7] (Pitts in Romen, 2017 – tradução e grifos nossos).

            A associação sempre conjunta de Direção com treinamento no texto de Pitts é uma resultante da conexão entre os dois trabalhos, que ao mesmo tempo, por serem citados juntos sem um suprimir o outro, também copele que exista uma diferença entre ambos. Romen dedica inclusive um breve espaço de seu livro para “diferenciar” o dirigir, treinar e ensinar, e ao mesmo tempo, já faz por si algum “garimpo” quanto a comentários sobre Direção em Impro ao disponibilizar depoimentos (e não citações de obras) de outros profissionais desta especificidade. Kevin Mullaney aparece, por exemplo, comentando que: “Como diretor, a última coisa que eu quero fazer é ensinar alguém. Isso não é o que eu quero fazer quando estou dirigindo. Eu estou lá para ajudar a dar forma ao espetáculo. Se elas/es não estão prontas/os para fazer este espetáculo, então talvez elas/es não deveriam fazer parte desse processo.”[8] (Mullaney in Romen, 2017 – tradução nossa).
Spolin vai usar no Jogo Teatral no Livro do Diretor o binômio diretor/instrutor, contribuindo, por sua grande influência na Impro, para essa “confusão” de funções (que não deixa de, no seu confundir, ser fecunda e funcional). Pode-se dizer que este livro, como este mesmo é apresentado, é uma organização dos jogos teatrais e como instrui-los pela perspetiva da/o diretor/a. A metodologia de se dirigir por meio de jogos indica o tipo de Direção que Spolin descobriu e se dedicou: “Descobri que durante o jogo eu poderia continuar a dar instruções sem interromper o que os atores estavam fazendo. Minha direção começou então a constituir de instruções para o foco do jogo.” (Spolin, 2013, p.15). Também em Improvisação para o Teatro, Spolin vai dedicar duas páginas ao trabalho da Direção em geral, e um único parágrafo à relação direta a Impro:

Para o teatro improvisacional, a sua parte na ação teatral é ver e selecionar a cena ou estória na medida em que emerge do trabalho dos atores (enquanto solucionam um problema). O diretor deve sempre ver o processo em movimento (ou colocá-los em movimento quando os atores se sentirem perdidos), a partir do qual uma cena pode se desenvolver. (Spolin, 2001, p.285).

Em Long-Form Improv de Ben Hauck, há um capítulo dedicado a Direção juntamente com ensino de Impro formato longo no qual Hauck vê diferença ao mesmo tempo que não separa as funções: “Para mim, existe uma grande justaposição entre ensinar impro formato longo e dirigir impro formato longo. Como professor, eu estou dirigindo, e como diretor, geralmente estou ensinando.” (Hauck, 2012, p.239).
Ao “garimpar” em outras obras de Impro, entre os capítulos e passagens sobre Direção podemos encontrar, afim de exemplificar como o conteúdo aparece e é abordado: um pouco mais de uma página em Long-Form Improvisação & The Art of Zen: a Manual for Advanced Performers de Jason Chin; em Comedy Improvisation: Exercices & Techniques for Young Actors de Delton t. Horn, temos um subcapítulo para “liderança”; na obra de Johnstone Impro for Storytellers pode-se aproveitar os apontamentos do capítulo sobre feedbacks e um pouco mais especificamente a estrutura Gorilla Theatre que se baseia numa competição de Direção em Impro. Em The Improviser’s Way: A Longform Workbook de Katy Schutte, existem três parágrafos sobre Direção que falam mais da diferença quanto a função de treinador/a:

Enquanto eu estava dirigindo, eu trouxe o professor de formato longo Ryan Millar e outras/os para nos treinar durante os ensaios. O espetáculo tinha a minha visão, mas haviam habilidade que nós precisávamos trabalhar. […] Minha experiência como treinadora é a de que há um grupo ou elenco que traz alguém para elevar seu jogo. O grupo já decidiu o que quer. (Schuttle, 2017, p. 59 – tradução nossa).

            Nos casos de obras como Improvise: Scene from the Inside Out de Mick Napier, em que não há uma sessão destinada a Direção, mas pelo texto, mesmo que direcionado à/ao improvisador/a em cena, é possível selecionar indicações para se dirigir Impro e diferenciar a Direção do ensino ou treinamento:

Nós queremos ver o seu poder, não seu medo. Ninguém tem tempo para seu medo. Quando eu dirijo, presumo competência, não inabilidade. Isto é tudo que um/a diretor/a quer de um/a improvisador/a neste processo. Pegar as escolhas poderosas que ele ou ela criaram, e utilizá-las no espetáculo. Se eu, como diretor, tiver que constantemente dar tudo mastigado e sugerir e mimar a/o atriz/ator em relação a suas ideias, falas, e personagens então existe noventa por centro de chance de a pessoa estar a vir, já de começo, de um imenso lugar de insegurança. Está bem aí o problema, não na ideia, na personagem ou em qualquer coisa. Quanto mais você aborda a/o diretor/a ou outras/os atrizes/atores de uma maneira carente, mais você se alienará quanto ao poder da/o diretor/a e de si própria/o. Quando eu ensino, eu espero insegurança; quando eu dirijo, eu espero o oposto. […] Quando eu ensino, eu tenho espaço para escolhas inseguras; quando eu dirijo eu não tenho. Uma vez que você está proficiente neste comportamento, você terá o direito mais que bem-vindo de discutir sua cena comigo ou outra/o atriz/ator. A melhor coisa que você pode me dizer em críticas é, “Eu farei uma outra escolha, e vamos ver se funciona.”  (Napier, 2004, p.92-93 – tradução nossa).

            Percebe-se que há um pensamento quanto a Direção em Impro, que talvez na aliança com o treino e o ensino, acaba por ser pouco explorada na bibliografia, mesmo que se veja diferença entre as funções.
Outra questão que se pode levantar para a investigação ao retornar ao prefácio de Pills no livro de Romen é a existência em Impro de “áreas” ou “tipos” de Direção: de espetáculo ou de elenco, sendo que a primeira se refere a Direção de obras isoladas de Impro enquanto a segunda define um trabalho contínuo junto a um grupo de improvisadoras/es (que em Impro também são frequentemente chamados de times ou trupes). Uma classificação de trabalho que é mencionada, mas não explorada no livro. Para entendimento do que se desenvolve na obra, podemos verificar que Romen organiza-o em 12 capítulos que: 1) abordam sobre o que é, em sua perspetiva, o trabalho da/o diretor/a de Impro; 2) demonstram o trabalho em si; 3) discutem a questão dos feedbacks e desafios (que em Impro é algo a se avaliar com particularidade, já que o espetáculo não será “repetido”, então não é possível necessariamente “melhorar” ou mudar uma intenção, marca ou movimento, pois estes já não existem mais numa próxima apresentação); 4) orientam a formação de um elenco; 5) indicam como estruturar ensaios e oficinas; 6) abordam a técnica do sidecoaching; 7) designam caminhos para a criação de estruturas de espetáculos; 8) pensam a comunicação da Direção com a parte técnica e música (é muito natural a Impro dialogar cenicamente com uma musicista ou músico em cena. A Música tem por si muitos estudos quanto a improvisação na sua área); 9) exploram o desempenhar o papel de diretor/a e improvisador/a; 10) lidam com questões que podem aparecer em grupos (o que está relacionado com o trabalho de Direção em geral, mas que Romen usa exemplos específicos de Impro – ou da intensidade que aparecem na Impro – como o “roubar” a cena de alguém, não dar espaço à/ao outra/o parceira/o de cena, etc.); 11) trabalham a perspetiva de grupos mistos (a fusão de diferentes times); 12) desenvolvem as questões próprias do trabalho com crianças. Finaliza o livro ainda com a descrição de alguns exercícios, e a partilha histórias conhecidas ou vividas por ele próprio.
             Definitivamente, esta obra literária é um “pontapé” inicial ao se olhar a Direção de Impro com maior atenção. E justamente, por ser pioneira, abre o campo para outras inquietações, como se pensar qual é a real diferença entre se dirigir Impro e outras linguagens teatrais. Romen, como dito anteriormente, transcreve alguns depoimentos que apontam questões da Impro com a Direção, mas que sem dificuldade poderiam ser transpostas para qualquer outro processo teatral. Por exemplo, quando Mick Napier aborda o se tornar diretor/a, ele estabelece uma equivalência entre quem faz improviso (improvisadora/es) ou Teatro “em geral” (atrizes/atores):

A maior cilada, na minha opinião, é a crença de que a habilidade para ser um/a improvisador/a ou atriz/ator é suficiente para se dominar o ser diretor/a. É uma coisa totalmente diferente. Eu desejaria que toda/o futura/o diretor/a fosse um/a diretor/a assistente, ou ao menos assistisse e estudasse outras/os diretoras/es, antes delas/es decidissem fazer isso.[9] (Napier in Romen, 2017 – tradução nossa).

            Na linha desta comparação, tomemos o caminho contrário e outro ponto na análise do trabalho da Direção teatral em “geral”. A partir dos escritos da diretora estadunidense Anne Bogart em seu livro A Director Prepares: Seven Essays on Art and Theatre podemos falar do papel de observador/a ao dirigir: “Observar é perturbar. ‘Observar’ não é um verbo passivo. Como diretora eu tive que aprender que a qualidade da minha observação e atenção pode determinar o resultado do processo.”[10] (Bogart, 2005 – tradução nossa). Enquanto também se pode ler por este mesmo filtro o depoimento do diretor e improvisador Michael Gellman: “Se você negar sua inteligência ou negar sua responsabilidade como um/a observador/a apaixonada, então eu acredito que você realmente dececionou seu elenco. Elas/es estão contando com você para dar feedback e que você possa apoiá-las/os.”[11] (Gellman in Romen, 2017 – tradução nossa).
            E na sequência de questionamentos, em que a Direção também se coloca nos princípios da improvisação, com a escuta ou presença plena, numa qualidade de atenção, assim como se dispõe as atrizes/atores e, no caso, improvisadoras/es, levanta-se a investigação do binário da função diretora/improvisadora de cena. Cláudio Amado, no capítulo Atenção em seu livro Os princípios da improvisação: 40 jogos para aprender e improvisar lança uma premissa que é muito difundida na Impro: “O improvisador não é apenas ator. Quando improvisa em cena, ele é também escritor, pois está criando a história e os diálogos. É também um diretor, pois está criando as marcações e os códigos cênicos. (Amado, 2016). Então, como se estabelecem os papéis? Há uma hierarquia de decisões? Um limite? Como funciona esta relação e paradoxo de se ter um/a diretor/a o mesmo tempo que a peça em si, como obra, é improvisada? Podemos pensar a Impro como processo colaborativo ou criações coletivas?
            O que se pode dizer até aqui, de acordo com o que se percebe do material vasto de Impro que se tem em outras línguas, é que a Direção de Impro é um assunto que permeia o universo da Impro, mas que não se tem um olhar dedicado às várias questões que este assunto podem suscitar, mesmo que a prática da Direção em Impro exista em intensa e constante atividade. Isso, como apontado, deve-se ao fato de que na produção artística da linguagem, a Direção foi/é aprendida no fazer e desenvolver da forma artística, no próprio aprendizado das/os improvisadoras/es. E justamente, por se ter tantas diretoras e diretores a trabalhar e tão pouco desta experiência compartilhada pontualmente quanto a Direção em si, é que se abre todo um novo espaço no âmbito acadêmico científico e também da bibliografia da área para se explorar e desenvolver mais este assunto.
            Possibilidades para trilhar este caminho se debruçam em compartilhamento de experiências por entrevistas; nos estudos de genética teatral em Impro em continuidade de grupos e/ou trabalhos isolados; na análise crítica da correspondência de experiências cênicas da Dança (que possuiu o seu histórico de Direção e criação em improvisação); pesquisas de caso; ou ainda em trabalhos de Prática como Investigação em que se possa criar um espetáculo de Impro que abra a Direção, o que é dirigir em si no próprio ato da apresentação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Amado, Cláudio. (2016) Os princípios da improvisação: 40 jogos para aprender e improvisar. Rio de Janeiro: Amazon. Kindle Edition.

Aslan, Odette. (1994) O Ator no século XX. São Paulo: Perspectiva.

Bogart, Anne. (2005) A Director Prepares: Seven Essays on Art and Theatre. Londres e Nova Iorque: Routledge e Taylor & Francis e-Library. Kindle Edition.

Chacra, Sandra. (2005) Natureza e Sentido da Improvisação Teatral. 2ª ed. São Paulo: Perspectiva.

Hauck, Bem. (2012) Long-Form Improv. Nova Iorque: Allworth Press.

Lecoq, Jacques. (2010) O Corpo Poético: Uma Pedagogia da Criação Teatral. São Paulo: SENAC.

Libera, Anne (org.). (2004) The Second City: Almanac of Improvisation. Evanston: Northwestern University Press.

Napier, Mick. (2004) Improvise: Scene From the Inside Out. Portsmouth: Heinemann.

Spolin, Viola. (2013) O Jogo teatral no Livro do Diretor. 4ª ed. São Paulo: Perspectiva.
                        (2001) Improvisação para o Teatro. 4ª ed. São Paulo: Perspectiva.

Stanislavski, Constantin. (2012) A Preparação do Ator. 21ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

Schutte, Katy. (2017) The Improviser’s Way: A Longform Workbook. Londres: Nick Hern Books.

Romen, Asaf. (2017) Directing Impro: Show the Way by Getting Out of the Way. Nova Iorque: YESand Publishing. Kindle Edition.




[1] Boal relaciona a termologia “ator” a aquelas/es que tem o Teatro como profissão e “não-ator” a qualquer pessoa que esteja a desempenhar a função de ator/atriz numa prática cênica.
[2] Na citação de Libera, originalmente em inglês, encontramos o uso da palavra performer para designar a/o artista que executa a performance teatral.
[3] Em traduções nossas do inglês para o português disponibilizadas aqui, iremos manter a opção por uma grafia que traz a visibilidade do sujeito feminino junto ao masculino no decorrer de todo o texto. Obviamente, em respeito ao texto original a ser traduzido, isso só ocorrerá quando a/o autor/a não especificar o gênero do sujeito.
[4] Preferimos aqui o uso da palavra estrutura, pois em Impro a palavra formato também é usada para designar categoria de espetáculos em Impro em relação a sua duração: formato curto ou longo. Ressalta-se ainda que estrutura aqui é ligada a ideia de esqueleto, o conjunto de acordos para uma apresentação, não confundir o uso da palavra estrutura aqui com a definição de termo em Improvisação para o Teatro de Viola Spolin em que estrutura significa: “O Onde, Quem e o Quê; o campo sobre o qual o jogo tem lugar.” (Spolin, 2001, p. 339). Esta definição de Spolin tem haver com o estruturar, traçar os elementos edificantes de uma cena improvisada dentro de um jogo teatral.
[5] “There is little accessible training that deals specifically with how to direct improv. Int the teaching I have done on the subject, I have found that too many people learn the art of directing and improv simultaneously. This adds several levels of difficulty to a task already fraught with anxiety.” (ASAF, 2017).
[6] No caso de citações com tradução nossa de e-books, optamos por transcrever o texto original nas notas de rodapé para que o trecho possa ser facilmente encontrado na obra digital, já que não se é possível determinar a página da citação deste tipo de publicação.
[7] “In fact, often times, directing and directors are often misunderstood as an art, function and role within improv’s ensembles, shows and structures. […] Asaf Ronen, a longform improv artist, has created an excellent book on improv directing and coaching. […] direct or coach either a show or an ensemble […]. Asaf has clearly defined many problems and situations unique to directing and coaching improv. […] Too often directors are in a isolated role in relationship to the ensemble, directors and coaches don’t often have a chance to talk and learn from each other; […] By focusing on directing and coaching, Asaf’s wonderful new book fills a void in the improv canon of published books.” (Pitts in Romen, 2017).
[8]As a director, the last thing I want to do is teach someone. That’s not what I am there for when I’m directing. I’m there to help them shape a show. If they’re not ready to make that show, then maybe they shouldn’t be part of that process.” (Mullaney in Romen, 2017).
[9]The biggest pitfall in my opinion is the belief that the skill for being an improviser or an actor is enough to manage being a director. It’s a whole different thing. I wish every would-be director would be an assistant director, or at least watch and study other directors, before they decided to take it on.” (Napier in Romen, 2017).
[10]To observe is to disturb. ‘To observe’ is not a passive verb. As a director I have learned that the quality of my observation and attention can determine the outcome of a process.” (Bogart, 2005).
[11] If you negate your intelligence or you negate your responsibility as the passionate observer, then I think you’ve really let your cast down. They’re counting on you to give the feedback and that can be supportive. You don’t have to be an asshole. You don’t have to be an autocrat. You don’t have to be a cretin about it. You have to be honest; you have to be fair, while at the same time encouraging. Sometimes, you give them a little sugar with the slap or whatever.” (Gellman in Romen, 2017).